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15/01/2011 - 18h24

Chuvas isolam produtores e falta hortaliça e verdura no Rio; preços disparam

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PEDRO SOARES
ELVIRA LOBATO
DO RIO

As chuvas na região serrana do Rio ilharam produtores rurais, isolaram estradas e destruíram plantações principalmente de verduras e hortaliças. Como consequência, os produtos já começam a sumir dos supermercados da capital fluminense e, quando encontradas, os preços mais do que dobraram em relação à semana passada.

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Veja cobertura sobre chuvas na região serrana do Rio

Nova Friburgo e Teresópolis, mais agrícolas, são responsáveis "por quase 100% do abastecimento de hortaliças" na região metropolitana do Rio, diz o presidente da Associação de Supermercados do Rio de Janeiro, Aylton Fornari. Teresópolis calcula que 80% das plantações foram destruídas.

"Compramos diretamente dos produtores e eles estão isolados. Até existe produto, em alguns casos, mas não há como escoá-los. O resultado é que os preços explodiram", diz.

Ele espera que a situação só se normalize daqui a 20 ou 30 dias.

Até lá, o consumidor fluminense vai conviver com preços altos. No Ceasa (central de abastecimento), que abastece o pequeno varejo, hotéis e restaurantes, a caixa com 18 pés de alface passou de R$ 5 antes da catástrofe para R$ 30. "Assim, ninguém compra", afirma João Maurício Tomazzi, diretor do Ceasa.

A central costuma receber 1.000 toneladas de produtos diariamente. Ontem, foram entregues apenas 500 toneladas por causa da tragédia na região serrana.

Do ponto de vista do suprimento e do impacto dos preços, a situação mais grave é registrada na própria região. Faltam itens básicos, parte do comércio está fechada e a escassez de produtos fez os preços dispararem principalmente em Nova Friburgo. Na cidade, um galão de água chega a custar R$ 40. Um litro de leite sai por R$ 6. As velas são vendidas por unidade, a R$ 1 cada.

A Fecomércio-RJ estima uma perda diária de R$ 8 milhões, se todo o comércio local for afetado. Mas há relatos de relativa normalidade em Petrópolis, onde menos áreas foram atingidas pelas chuvas, e de um impacto menor em Teresópolis.

Sofre mais, porém, a rede hoteleira, paralisada por conta da catástrofe. O setor contabiliza perdas US$ 30 milhões (R$ 50 milhões) com a queda da ocupação dos hotéis e das reservas na temporada de verão (janeiro a março).

Editoria de Arte/Folhapress

SUSTO

O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), sentiu hoje na pele o efeito das chuvas na região serrana. Com visita programada a Nova Friburgo para as 11h, ele não conseguiu pousar na cidade de helicóptero e teve que descer em Cachoeiras de Macacu, a 40 km.

No meio do caminho, na rodovia estadual RJ-116, caiu uma chuva forte e houve um deslizamento abaixo do nível do asfalto, que começou a se desfazer. "É assustador. De repente a água vem e a estrada que estava semibloqueada começa a ruir", disse Cabral.

Foi decretado luto oficial de sete dias no Estado e de três dias no Brasil.

Ontem, Cabral afirmou hoje que haverá o momento de se fazer "autocrítica" e "avaliação" sobre a tragédia na região serrana, mas ainda não é hora.

Silvia Izquierd/AP
Ruas de Teresópolis, arrasadas por enchentes e deslizamentos de terra; veja galeria de imagens
Ruas de Teresópolis, arrasadas por enchentes e deslizamentos de terra; veja galeria de imagens

RISCO

Reportagem publicada na edição deste sábado da Folha mostra que um estudo encomendado pelo próprio Estado do Rio de Janeiro já alertava, desde novembro de 2008, sobre o risco de uma tragédia na região serrana fluminense.

A situação mais grave, segundo o relatório, era exatamente em Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, os municípios mais devastados pelas chuvas e que registram o maior número de mortes. Essas cidades tiveram, historicamente, o maior número de deslizamentos de terra.

O estudo apontou a necessidade do mapeamento de áreas de risco e sugeriu medidas como a recuperação da vegetação, principalmente em Nova Friburgo, que tem maior extensão de florestas.

O secretário do Ambiente do Rio, Carlos Minc, disse que o mapeamento de áreas de risco foi feito, faltando "apenas" a retirada dos moradores, e que os parques florestais da região também foram ampliados.

O coordenador de Defesa Civil de Petrópolis afirmou que o aviso passado pelos institutos de meteorologia não foi suficiente para disparar o sistema de alerta da cidade.

Segundo o coronel Carlos Francisco De Paula, a previsão repassada pelo Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), com possibilidade de ocorrência de chuvas moderadas a fortes, não dava a dimensão da chuva que acabou devastando boa parte das cidades serranas.

 

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