'Agora podemos enterrá-los', diz parente de vítima do voo 447

Familiares das vítimas do voo 447 da Air France, que ia do Rio para Paris e caiu em 2009 na costa brasileira, disseram que receberam como "um alento" a notícia de que destroços do avião e corpos foram encontrados no oceano no domingo (3).

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"Já havíamos perdido a esperança de encontrar os corpos. Agora poderemos finalmente enterrá-los", disse Nelson Marinho, presidente da Associação de Famílias das Vítimas do Voo AF 447, que reúne mais de cem famílias de 12 nacionalidades.

	Divulgação/BEA
	Parte do motor do Airbus A330 que fazia o voo 447 da Air France que caiu em 2009 com 228 pessoas

O BEA (Birô de Investigações e Análises), do governo francês, divulgou nesta segunda-feira as primeiras imagens dos destroços encontrados. De acordo com o órgão, foram localizados partes do motor, fuselagem, asas e do trem de pouso do Airbus A330-203. O acidente causou a morte dos 228 ocupantes do avião.

Com relação à recuperação dos corpos, o governo francês preferiu não dar detalhes. "É um problema espinhoso. Há um aspecto traumatizante", afirmou Robert Soulas, vice-presidente da "Entraide et Solidarité AF447", a associação francesa dos familiares das vítimas.

"Não sabemos em que estado [os corpos] estão", disse Soulas, não descartando a possibilidade de que alguns familiares se oponham a que eles sejam recuperados.

O BEA disse que vai nomear, dentro de alguns dias, um representante das famílias francesas e estrangeiras para administrar os aspectos práticos do possível resgate.

LOCALIZAÇÃO

Os restos do Airbus A330 estão "um pouco ao norte da última posição conhecida do avião, num fundo bastante plano, a 3.900 metros de profundidade, numa zona concentrada num retângulo de 600 por 200 metros", precisou Jean Paul Troadec, diretor do BEA responsável pela investigação do acidente. Ele afirmou que a localização dos destroços também permitirá precisar a trajetória final da aeronave.

A ministra francesa dos Transportes, Nathalie Kosciusko-Morizet, disse que foi descoberta "uma parte importante do avião" e confirmou a presença de corpos dentro de parte da fuselagem. Até o hoje, apenas 3% da estrutura do Airbus e 50 corpos foram resgatados.

Kosciusko-Morizet afirmou que com o novo achado se espera "localizar rapidamente as caixas-pretas" do Airbus, um dos principais objetivos da missão e fundamentais para esclarecer as causas da tragédia.

"Se não foram destruídas no choque, existem a possibilidade de que funcionem", disse Troadec.

BUSCAS

O BEA lançou no dia 22 de março a quarta fase de buscas para encontrar os destroços do voo 447, e iniciou os trabalhos de campo alguns dias depois. A terceira fase das buscas terminou em maio de 2010, sem sucesso.

	Divulgação/WHOI
	Submarino robô Remus, que é usado na quarta operação de buscas pelos destroços do voo AF 447

Desta vez, são usados três submarinos robôs do modelo Remus --dois da fundação americana Waitt e um do instituto alemão Geomar. Com quatro metros de comprimento e pesando 800 kg, ele são capazes de chegar a 4.000 metros e têm sensores que podem detectar qualquer material da aeronave.

A equipe do BEA é auxiliada por pesquisadores americanos do Woods Hole Oceanographic Institution --a maior instituição oceanográfica privada do mundo. A bordo do navio Alucia, que partiu do porto de Suape (PE), eles monitoram os submarinos e analisam os dados.

As buscas cobrem uma área de 10 mil km². De acordo com o birô francês, a operação custará 12,5 milhões de dólares (R$ 20,2 milhões), pagos pela Airbus e Air France.

A fase de mapeamento de toda a área de buscas está prevista para terminar em julho, mas, conforme os destroços forem encontrados, será iniciada a fase cinco, financiada pelo governo francês, para resgatar as peças localizadas.

O resgate destes primeiros materiais encontrados devem começar em um mês, segundo informações dos pesquisadores.