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Mortes: Ativista política, mudou de nome durante a ditadura militar

Regina Zanetti trocou de cidade e visual para enganar a repressão

Kelly Mantovani
São Paulo
Regina Célia Zanetti (1949-2018) - Sara Maia/O Povo
Eram anos de chumbo no Brasil quando Célia Zanetti saiu de Casa Branca (SP) para cursar letras na capital paulista. De espírito guerrilheiro, a ativista peitou a ditadura militar nos anos 1970.

Militante do PC do B, atuou em movimentos estudantis e tinha bandeiras feministas. Com a forte repressão, trancou a faculdade, mudou de ares e se tornou cearense de coração. "Foi de letras para educação física", brinca o marido, Jorge, se referindo às corridas para despistar o governo.

Sagaz, mudou de nome para sobreviver e sempre estava com o visual diferente --a filha, Juliana, foi registrada somente aos seis anos, após a Lei da Anistia. Ainda na mesma época, com amigos, criou o grupo Crítica Radical, oficializado nos anos 2000 e ainda na ativa.

Anos depois, foi para o PT e, em pouco tempo, decidiu seguir como militante independente em Fortaleza. Cidadã global, participou de movimentos mundo afora. Entre eles, o Occupy Wall Street, que ocorreu em 2011 nos Estados Unidos e, por aqui, das manifestações de junho de 2013.

Célia era dura, mas, não perdia a ternura, lembra a amiga Rosa Fonsêca. Costumava filosofar enquanto fumava ou bebia cerveja entre os amigos. Também gostava de passear com o neto pequeno. "Ela era muito legal, bonita, sensível, uma companheira fantástica", diz o marido.

Muito ligada às artes, recentemente planejava trabalhar com direção teatral.

Recebeu o diagnóstico de leucemia e morreu menos de uma semana depois, no dia 27, aos 68. Deixa o marido, a filha, um neto e quatro irmãos.


coluna.obituario@grupofolha.com.br

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