No noroeste do Rio Grande Sul, quase onde o Brasil faz fronteira com a Argentina, existe uma figueira praticamente centenária cuja sombra alivia o calor comum no verão da região.
Em Santo Antônio das Missões, cidade de 11.111 habitantes, onde a imensa árvore é um patrimônio histórico, a professora Izalda Maria Barros Boccacio traçou uma trajetória dedicada ao ensino. Izalda lecionou, mas também foi diretora de escola e secretária de Educação do município.
Formada em pedagogia e habilitada para o ensino de ciências, ela dedicou-se ao voluntariado. Foi presidente da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais).
Filiada ao partido Progressistas, elegeu-se vice-prefeita em 2012 e foi reeleita para o mesmo cargo em 2016, substituindo o prefeito Puranci Barcelos (PP) sempre quando necessário.
Porém, foi aos 73 anos que alcançou o posto mais importante da cidade. Em novembro deste ano, ela foi eleita a primeira mulher prefeita. Izalda, entretanto, não poderá assumir o cargo.
Ela morreu em 3 de novembro em decorrência da Covid-19. Ela estava internada desde a semana anterior no Hospital Ivan Goulart, em São Borja, onde seu marido, Lauro Boccaccio, também está internado.
"Ela foi generosa e atendia todos de forma semelhante, sem distinção. Era muito atuante na comunidade e sempre trabalhou voltada ao social", diz o filho Lauro Barros Boccacio à Folha.
Por causa das complicações causadas pelo coronavírus, precisou ser transferida para um hospital em Santa Maria, onde faleceu.
Izalda foi eleita com 3.458 votos (53,47% dos válidos). A prefeitura decretou luto oficial por três dias.
“Não existem palavras para descrever tamanha tristeza que assola a todos neste momento. Uma perda irreparável”, dizia a nota oficial da prefeitura.
Ela deixa dois filhos e três netos.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.