Estiagem também afeta ambiente e a geração de energia
Além de prejudicar o turismo em vários municípios, o rebaixamento dos níveis das represas das usinas hidrelétricas dos rios Grande e Pardo provocou problemas também ao ambiente e para a geração de energia na região.
A expectativa de ambientalistas e representantes de entidades de proteção ouvidos pela Folha é que o nível dos rios só seja recuperado daqui a cerca de quatro anos.
Do início deste ano ano até esta sexta-feira (18), o nível do reservatório de Caconde (a 288 km de São Paulo) caiu cerca de 13 metros.
Em Delfinópolis, em Minas Gerais, caiu nove metros.
Para Paulo Finotti, vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pardo, a estimativa é que o nível dos rios só seja recuperado em quatro anos, caso a região registre períodos de abundância de chuvas.
Silva Junior/Folhapress | ||
O baixo nível da represa de Caconde reduziu a geração de energia na usina local em 75% |
"A seca castigou muito esse ano. As chuvas que caíram até agora não conseguiram repor as perdas dos últimos meses, porque o solo ficou muito seco e está absorvendo toda a água", afirma.
Maria Inácia Macedo Freitas, coordenadora do Comitê da Bacia Hidrográfica do Baixo Pardo e Grande, informou à Folha que os danos ambientais sofridos devem demorar ainda mais para serem recuperados.
Ela estima um prazo de até dez anos para a recuperação.
Segundo Maria Inácia, a redução do nível das águas acabou favorecendo a pesca predatória durante todo o ano. A atividade se intensificou nos últimos meses.
"Já estamos no período da piracema [época de reprodução dos peixes, quando a pesca é proibida para algumas espécies] e alguns pescadores estão se aproveitando para capturar com redes", diz a coordenadora do comitê.
A estimativa é que cerca de cinco canoas por dia pratiquem pesca irregular no rio Grande. Em média, cada embarcação pesca 200 quilos de peixes, de espécies nativas como o corumbatá, o dourado e o pintado.
De acordo com Maria Inácia, a pesca predatória deve prejudicar a reprodução dos peixes e diminuir a população dessas espécies nos próximos anos na região.
energia
O baixo nível do reservatório de Caconde também fez com que a geração de energia na usina hidrelétrica local caísse 75%, segundo Antonio Carlos Garcia, gerente de operações da AES Tietê, que administra a usina.
Para evitar maiores prejuízos à represa, a vazão de água liberada para o restante do rio foi diminuída, o que provocou a redução de geração de energia em outras duas usinas que ficam à jusante [abaixo] de Caconde.
Com capacidade para produzir juntas 140 MWh, as duas usinas estão gerando apenas 26 MWh.
A concessionária tem usinas em operação em mais três rios (Tietê, Mogi-Guaçu e Jaguari-Mirim), mas a de Caconde foi a que sofreu maior impacto com a estiagem registrada neste ano.
"A gente depende das condições hidrológicas, mas a expectativa é que o nível da represa de Caconde seja recuperado até março e a gente consiga normalizar a operação", disse Garcia.
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