Para que a indústria volte a crescer no Brasil, antes de implementar tecnologias sofisticadas e custosas, é preciso investir no básico: automação, diminuição de desperdícios e metas bem definidas de planejamento e execução.
A avaliação é do gerente de tecnologia e inovação da CNI (Confederação Nacional da Indústria) Marcelo Prim. "Ainda estamos no começo dessa curva de melhoria."
Sem isso, argumenta Prim, nem os investimentos em pesquisa e desenvolvimento já existentes serão bem aproveitados pela indústria.
As instituições de ensino superior perceberam essa demanda e oferecem cursos de pós-graduação tanto para futuros gestores quanto para profissionais já com experiência na administração do chão de fábrica.
A ideia é reforçar os conhecimentos adquiridos na graduação com disciplinas como gestão de qualidade, sistemas de produção enxuta e técnicas de melhoria.
Fábio Azevedo, 33, é tecnólogo na área de produção industrial e aprendeu na pós-graduação a identificar quais práticas devem ser revistas na planta onde trabalha, que fabrica vedações industriais.
"Tinha conceitos muito fixos, sobretudo na hora de avaliar custos. Aprendi a ver a coisa de forma mais ampla e consigo estipular melhor metas de prevenção de riscos e perdas, por exemplo", diz.
O profissional é aluno do curso de especialização em administração industrial da Fundação Vanzolini.
Enxugar a estrutura de custos com eficiência é um dos desafios de cursos do tipo, segundo Ari Ricardo de Almeida, coordenador da pós em administração da produção e operações da Universidade Metodista de São Paulo.
"No Brasil, temos custos elevados de operação, da área tributária ao transporte e distribuição", diz. "Por isso, ensinamos a ganhar competitividade para compensar parte desses valores."
Para identificar problemas e oportunidades, a dica é saber mobilizar rápido o chão de fábrica usando bem competências como liderança e assertividade, segundo Prim.
Além disso, o gestor de fábrica precisará se relacionar com técnicos de diferentes formações, o que testará sua capacidade de liderança.
Falar outros idiomas também ajuda, já que o ambiente é cada vez mais globalizado e pode envolver a compra e venda de produtos para mercados externos.
"Vale, ao terminar a graduação, aprender uma língua e se estabilizar numa área antes de se matricular. É preciso ter atuação prévia para acompanhar bem o curso", explica Maria Sartori, gerente de recrutamento da consultoria Robert Half.
Isso porque, para gerir uma fábrica, é preciso já ter experiência consolidada em um ramo de atuação.
A engenheira química Camila Fernandes, 29, usou a pós em automação industrial da FEI, concluída no final de 2017, para encontrar uma posição fora de sua área.
Hoje, ela é consultora no setor de alimentos e bebidas e propõe soluções para automatizar as plantas, diminuindo as perdas e o tempo de trabalho das equipes.
"Já tinha experiência e queria uma formação mais flexível. Aprendi muita coisa voltada a problemas práticos, o que ajudou a conseguir meu emprego."
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.