Descrição de chapéu USP

Novo reitor toma posse e aponta como superada a crise de recursos da USP

Crédito: Marcos Santos/USP Imagens/Divulgação Vahan Agopyan. Candidato a Reitor.
Vahan Agopyan foi nomeado reitor da USP

PAULO SALDAÑA
DE SÃO PAULO

O professor Vahan Agopyan assumiu oficialmente a reitoria da USP (Universidade de São Paulo), nesta segunda-feira (29). Na cerimônia, ele deu como superada a crise de recursos da instituição, defendeu sua autonomia financeira e uma maior aproximação com a sociedade.

Agopyan deve ficar no cargo até o fim de 2021, e sucede Marco Antonio Zago, de quem foi vice-reitor nos últimos quatro anos.

A cerimônia de posse foi realizada no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. O novo reitor exaltou as realizações de Zago, sobretudo na administração da crise financeira que atinge a universidade. Na campanha ao cargo, Agopyan e o novo vice-reitor, Antonio Carlos Hernandes, já haviam ressaltado que sem as ações de austeridade promovidas por Zago a USP corria o risco de perder a autonomia financeira.

"Esse é um modelo de sucesso, e mesmo quando ocorre um descontrole como aconteceu na USP recentemente, a autonomia permitiu sua superação, sem maiores traumas, em um prazo relativamente curto", disse Agopyan em seu discurso.

O orçamento da USP, de cerca de R$ 5 bilhões anuais, é oriundo de uma parcela fixa de 5% do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) a cada ano. Unesp e Unicamp também gozam desse dispositivo, com percentuais menores.

Pelo menos desde 2014 a folha de pagamento compromete praticamente todos os recursos recebidos pelo governo paulista. No ano de 2017, o comprometimento com a folha salarial representou 96,41% dos R$ 4,6 bilhões recebidos pelo Tesouro estadual.

Apesar de alto, esse índice é o menor desde 2012, quando a situação da universidade ainda era confortável e suas poupanças, robustas. Essa poupança, que somava cerca de R$ 3 bilhões em 2013, foi para R$ 96 milhões em dezembro de 2017.

Para conter os gastos, a última gestão lançou mão de ações como planos de demissão voluntária e congelamento de contratações e obras. O HU (Hospital Universitário), por exemplo, teve de reduzir atendimentos por falta de profissionais.

Agopyan ressaltou que, apesar das dificuldades, a USP conseguiu manter parâmetros de qualidade de pesquisa e ensino. O novo reitor disse que a interação da universidade com a sociedade é imprescindível.

"Essa maior aproximação com os meios externos é importante para a rápida transferência dos conhecimentos para o público", diz. "Assumimos a responsabilidade de manter a Universidade de São Paulo como uma universidade pública focada na excelência e cada vez mais diversa, inclusiva, interdisciplinar, internacional e comprometida com sua contínua inserção social".

O novo reitor vai administrar uma universidade com 88 mil alunos, que responde por 22% da produção científica do Brasil. Mesmo com oscilações recentes em rankings internacionais de reputação de universidades, configura como a principal instituição de ensino superior e pesquisa do país.

PERFIL

Agopyan é engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da USP, mestre em Engenharia Urbana e de Construções Civis pela mesma instituição e PhD pela Universidade de Londres King's College.

Professor da universidade desde 1975, foi vice-diretor e diretor da Poli e diretor-presidente do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas). Também foi pró-reitor de Pós-Graduação da USP entre 2010 a 2014.

Hernandes foi pró-reitor de Graduação da última gestão e professor titular do Instituto de Física da USP de São Carlos, do interior do Estado.

Participaram da cerimônia de posse o governador Geraldo Alckmin (PSDB), a secretária executiva do MEC (Ministério da Educação), Maria Helena Guimarães de Castro, e o ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes.

Crédito: RETRATO DA USPPrestes a escolher novo reitor, USP ainda enfrenta crise financeira
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