Descrição de chapéu Escolha a Escola

Construtivista ou montessoriana? Decifre a escola para além dos rótulos

É mais importante entender o conceito de aprendizado do que saber a linha pedagógica do colégio

Iara Biderman
São Paulo

Como em todos os modismos, os da educação se alimentam de revivals. Hoje, se uma parte dos pais quer saber se a escola tem conteúdo online, outra parte se preocupa com espaços que permitem contato com a natureza e não estão totalmente dominados pela tecnologia.

Tendências pedagógicas opostas andam juntas não só como contrapontos, mas porque partem de pressupostos comuns, desenvolvidos por metodologias anteriores que também já foram moda.

A base é o sentimento positivo da infância disseminado no Ocidente pelas ideias iluministas do século 18, a percepção da necessidade de defender a criança, principalmente a partir da Revolução Industrial, e a consolidação de sociedades democráticas, segundo Gisela Wajskop, pesquisadora da Universidade de Toronto e diretora da Escola do Bairro, em São Paulo.

Afinal, são conceitos do final do século 19 e início do século 20 --como o do aprendizado pela experiência, do pensador americano John Dewey (1859-1952), e o da autonomia da criança, da educadora italiana Maria Montessori (1870-1952)-- que viabilizam o ensino híbrido e a sala invertida contemporâneos, em que o aluno aprende o conteúdo básico por conta própria.

No século 21, os cubos coloridos montessorianos podem ser substituídos por tablets, mas permanece a ideia da autoeducação. 

"As tendências são cíclicas, feitas de mudanças e permanências. É assim na história e também na educação", diz Franciele Barozzi, coordenadora pedagógica da rede municipal de ensino e professora do Instituto Singularidades.

As diferentes metodologias seguidas à risca fazem sentido no contexto histórico em que surgiram.

Adaptadas a outros tempos e lugares, continuam sendo ferramentas importantes da pedagogia, mas, para Wajskop, não dizem muita coisa quando se tornam rótulos.

Mais importante do que saber se uma escola é montessoriana, construtivista ou waldorf, para as especialistas, é entender qual é o conceito de aprendizado: se ele se dá por meio de repetição, memorização e reprodução ou pela interrelação de crianças, adultos e cultura local.

As escolas, em geral, usam uma ou outra estratégia de todas essas metodologias surgidas a partir do iluminismo.

Para escolher a melhor para seus filhos, os pais não precisam entender em profundidade cada linha pedagógica.

Algo que pode ajudar, segundo Gisela Wajskop, é conhecer os direitos da aprendizagem, que estão nas bases curriculares, e cruzar isso com as impressões e informações dadas pela escola. Por exemplo, se a criança tem direito a brincar, qual a estrutura oferecida para isso?

Também é importante saber como os professores são formados e observar como os funcionários da escola se relacionam entre si e com as crianças. Desde o surgimento das pedagogias inovadoras, interação nunca saiu de moda.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.