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Alunos de escola pública agora podem competir só entre si no vestibular da USP

Processo seletivo extingue bônus para cotistas e passa a adotar nota do Enem em todos os cursos

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São Paulo

O processo para entrar na USP (Universidade de São Paulo), que começa no próximo dia 25, será diferente neste ano. Mudanças importantes na forma de ingresso e na segunda fase foram adotadas pela Fuvest, fundação que elabora o vestibular.

Cada carreira agora terá três notas de corte. Isso vai acontecer porque os vestibulandos concorrerão em três modalidades: ampla concorrência (60% das vagas totais), oriundos de escola pública (40% das vagas totais) e para egressos da escola pública que sejam pretos, pardos ou indígenas (37,5% sobre os 40% de escola pública).

 Candidatos entram na Uninove, na zona oeste, para fazer prova da Fuvest
Candidatos entram na Uninove, na zona oeste, para fazer prova da Fuvest - Moacyr Lopes Junior/Folhapress

Com essas mudanças, o bônus de até 25% da nota que alunos de escolas públicas e pretos, pardos e indígenas recebiam na prova foi extinto.

“Isso torna o jogo mais claro. O bônus levava a distorções na nota, porque havia alunos que já iam muito bem e recebiam o bônus por atender a algum dos pré-requisitos”, diz Daniel Perry, coordenador do Anglo Vestibulares.

Vera Antunes, coordenadora do Objetivo, também defende a nova configuração.

“Antes era uma injustiça. Havia alunos que iam muito bem, mas tinha gente que passava na frente deles com os bônus”, afirma Vera. “Agora as pessoas concorrem contra quem está no mesmo universo que elas.” 

Vinicius de Carvalho Haidar, coordenador do Poliedro, considera a mudança positiva, mas faz uma ressalva.

“É bom porque aumenta o acesso para as pessoas de escola pública e as minorias, mas pode ter um lado negativo, que é dificultar ainda mais a ampla concorrência”, diz. As vagas reservadas para essa modalidade caíram de 63% para 60% neste ano.

É importante frisar que a prova é a mesma nas três modalidades: 90 questões em formato de teste, com cinco alternativas. Os vestibulandos terão cinco horas para responder às perguntas.

A proporção de vagas reservadas a alunos da escola pública e minorias aumentará nos próximos anos: no vestibular para 2020, deve ser 45%; no exame para 2021, 50%.

Isso faz parte de um compromisso assumido entre as universidades estaduais paulistas (USP, Unesp e Unicamp) com o governo.

2ª fase terá um dia a menos de prova e só matérias específicas

Outra mudança substancial na Fuvest deste ano acontece na segunda fase. Os vestibulandos terão dois dias de prova, e não mais três, como era até o ano passado.

A avaliação do primeiro dia permanece igual, com português e redação. Já no segundo dia, o exame poderá cobrar até quatro matérias específicas da carreira escolhida —e não mais duas ou três.

A prova dissertativa que contemplava todas as matérias do ensino médio, e até o ano passado era aplicada no segundo dia, foi extinta neste vestibular. 

“Fizemos um estudo com todos os cursos da USP e verificamos que, com ou sem a prova do antigo segundo dia, a nota praticamente não se alterava”, diz Edmund Chada Baracat, pró-reitor de graduação da universidade.

O estresse e o desgaste pelos quais os alunos passavam são outro motivo para a mudança no processo seletivo.

“Eles enfrentam uma maratona. Tem Enem, vestibulares de outras universidades e Fuvest. Além de tudo, é um dia útil. Uma parte dos candidatos, principalmente os que vêm das ações afirmativas, trabalha”, diz Renato Freire, diretor-executivo da Fuvest.

Ainda sobre a segunda fase, há outra alteração importante: agora vão passar para a segunda etapa do exame quatro alunos por vaga.

“A diferença é que antes chamávamos até três concorrentes por vaga para a segunda fase. No ano passado a média foi de 2,4. Neste ano, não é até quatro, é quatro mesmo. Com isso, devemos chamar cerca de 37 mil candidatos para a segunda etapa”, diz Freire.

Ao todo, a USP disponibiliza neste vestibular 11.147 vagas em 106 carreiras (8.365 pela Fuvest e 2.782 pelo Sisu). 


O QUE MUDA NA PROVA DESTE ANO

VAGAS

Como era
Vestibulandos concorriam todos entre si, mas oriundos da escola pública e pretos, pardos e indígenas tinham vagas reservadas e ganhavam bônus de até 25% na nota

Como ficou
Bônus foi extinto e candidatos não competem mais todos entre si, mas dentro de três grupos:
Ampla concorrência (60% das vagas)
Egressos da escola pública (40% das vagas)
Pretos, pardos e indígenas vindos de escolas públicas (37,5% dos 40% acima)

SEGUNDA FASE

Como era
Três dias de prova dissertativa, sendo:
No primeiro, português e redação 
No segundo, todas as matérias do ensino médio
No terceiro, as específicas da carreira (até três)
Até três vestibulandos eram convocados por vaga (no ano passado, número foi de 2,4) 

Como ficou
Antigo segundo dia foi extinto. Prova agora cobra, em dois dias:
No primeiro, português e redação
No segundo, matérias específicas da carreira (que agora podem ser até quatro)
Quatro candidatos convocados por vaga

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