Em crise financeira, Unesp suspende vestibular de meio de ano

Universidade tem 13º salários atrasados e tenta restruturação; seleção será feita apenas na prova de fim de ano

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São Paulo

A Unesp (Universidade Estadual Paulista) anunciou a suspensão do vestibular do meio do ano, nesta terça-feira (12). A medida já extingue a prova que seria aplicada em meados de 2019 —a avaliação será conjunta com o vestibular de verão, tanto para início das aulas em fevereiro quanto em agosto.

Campus Rio Claro da Unesp, no interior de SP campus Rio Claro - Daniel Lins /Fotoarena/Folhapress

O número de vagas representava só 5% da quantidade ofertada no vestibular do fim do ano. Mas demandava, segundo a universidade, a mesma logística. No processo seletivo, eram selecionados 360 calouros de nove cursos de graduação de engenharia, para os campi de Bauru, Ilha Solteira, Registro, São João da Boa Vista e Sorocaba.

A decisão de reorganizar o vestibular faz parte do plano de estruturação administrativo e acadêmico feito pela Unesp no segundo semestre do ano passado para tentar driblar a forte crise financeira enfrentada pela instituição pelo menos desde 2014 —a exemplo de outras duas universidades estaduais (USP e Unicamp).

Quase a totalidade dos repasses recebidos pelo estado têm sido comprometidos com a folha de pagamento de ativos e aposentados. Reservas financeiras têm garantido a sobrevivência das instituições neste período, mas elas já estão no fim. 

Na Unesp, 97% dos R$ 2,16 bilhões recebidos foram pagos com salários, em 2017. A projeção para o ano passado era de que esse percentual ficasse em 93%. O déficit nas contas da universidade era de R$ 300 milhões e, pelo segundo ano consecutivo, os servidores ficaram sem ver o 13º salário em dezembro —em Botucatu, houve greve em janeiro. 

No dia 22 de janeiro, o Conselho Universitário (instância máxima da instituição) aprovou uma indicação de parcelamento do 13º, que deve pago 50% em fevereiro e a outra metade maio. 

A proposta de reestruturação, que visa aumentar a eficiência e reduzir os custos, ainda prevê eliminação de órgãos administrativos, departamentos acadêmicos, ou mesmo a oferta de cursos, que sejam considerados redundantes.

A reitoria também propôs aproveitar como opção de ingresso os resultados da avaliação oficial da rede estadual de São Paulo, o Saresp. A Unesp conta com sistema de cotas e, desde 2017, mais de 50% de ingressantes vieram de escolas públicas. Entretanto, o percentual total de egressos de escolas públicas matriculados nos cursos, em junho de 2018, corresponde a 43%. 

A Unesp tem 53 mil alunos, divididos por 34 unidades. São 3.631 professores e 6.449 servidores. O caráter descentralizado de unidades em várias cidades também é apontado como um dos maiores desafios de gestão da universidade. 

Sobre a mudança no vestibular de meio do ano, a pró-reitora de graduação, professora Gladis Massini-Cagliari, diz que faz parte de um movimento maior. "De rediscussão do nosso vestibular, por meio do qual estamos concebendo formas alternativas de ingresso na Unesp, como um melhor aproveitamento da nota do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e a busca de talentos entre participantes de olimpíadas estudantis e entre bolsistas de iniciação científica no ensino médio”, afirmou.

“Acreditamos que a medida também está de acordo com os anseios da sociedade, uma vez que o ensino médio e a grande maioria dos cursinhos pré-vestibulares finalizam suas atividades no final de cada ano”, disse Massini-Cagliari.   ​

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