Professora que mentiu sobre Harvard pede desculpas, mas não explica motivação

Joana D'Arc Félix demonstra surpresa sobre falta de registro de patentes em seu nome

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Franca (SP)

A professora Joana D’Arc Félix, 55, recebeu a reportagem na Escola Agrícola de Franca para esclarecer suspeitas levantadas contra ela. Félix pede desculpas por ter dito que tinha pós-doutorado em Harvard e afirma que das 15 patentes que costuma citar apenas sete têm registro —mas demonstra surpresa ao ouvir que, segundo o Inpi, não há registro de patentes em seu nome. O mesmo ocorre em relação à dívida com a Fapesp, que ela diz querer esclarecer com a fundação.

Doutora em química pela Unicamp, Félix nega ainda incoerência sobre a sua idade e diz não querer vitimismo para superar o escrutínio a que está submetida. A professora afirma reiteradas vezes que a polêmica em torno de sua figura não vai apagar o trabalho que faz com jovens na escola.

A pesquisadora Joana D'Arc Félix de Sousa dá entrevista após palestra
A pesquisadora Joana D'Arc Félix de Sousa dá entrevista após palestra - Gabriel Cabral/Folhapress

De onde surgiu a história da Universidade Harvard?

Em 1995 eu fui participar de um congresso em Boston [mostra documento]. E eu aproveitei essa oportunidade para conversar com um orientador de Harvard sobre uma possível ida para fazer um pós-doc lá com ele. Conversamos, mas infelizmente... eu sou arrimo de família. Estava numa situação em que optei por cuidar da minha mãe [com câncer], que estava ali com as crianças [quatro sobrinhos órfãos, afirma].

Mas foram só conversas, não avançou?

Só conversas.

Por que a senhora aumentou a história?

Olha, errei e peço desculpas. Errei e peço desculpas. Mas te falo também que eu acertei bastante. Esse trabalho que a gente faz com a educação foi um acerto muito grande. Peço desculpas, errei. 

E o que foi o auxílio da Fapesp?

Eu fiquei surpresa em relação àquela cobrança. O auxílio foi para compra de equipamentos. Eu até falei para o advogado ver o que aconteceu nessa prestação de contas da segunda fase [do benefício]. A da primeira foi aprovada.

A prestação da segunda fase a senhora fez também?

Fiz. Agora que soube que essa cobrança é relacionada a ela.

Das 15 patentes que a senhora diz ter, quantas efetivamente já foram reconhecidas?

Essas sete [que constam no Lattes].

Estou sendo chato com isso por que a gente checou o registro dos números que constam no currículo.

[Sobe o tom de voz e acelera a fala] Como está em andamento eu ainda não coloquei as patentes [as outras oito] no Lattes.

Mas a gente fez essa checagem no Inpi das que estão no currículo e algumas constam como indeferidas. 

[Aparentando confusão] Eu vou dar uma olhada então.

A senhora sofreu muito preconceito na sua trajetória?

Sim, principalmente quando era criança. Pela pobreza, de andar com sapato furado, roupa remendada. Tinha essa humilhação, as pessoas riam da gente. A gente tinha um apelido aqui em Franca, ‘os negrinhos fedidos do curtume’. Isso principalmente quando a gente saía para entregar as roupas que minha mãe lavava no final de semana. Quando acontecia isso meu pai sempre falava “levanta a cabeça e estuda”. Então aprendi a lutar contra o preconceito sem me utilizar do vitimismo. Não vai ser agora que vou me apoderar disso.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.