Descrição de chapéu Governo Bolsonaro Enem

Weintraub diz que notícia da Folha sobre vacância em diretoria que cuida do Enem induz terror

Área do Inep responsável por aplicação de avaliações teve a direção vaga por 140 dias neste ano

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Brasília

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, criticou neste sábado (10) reportagem da Folha mostrando que a diretoria de Avaliação da Educação Básica do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) passou quase cinco meses sem chefe neste ano, dizendo que ela “induz ao terror”. 

Horas depois, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) foi mais ameno ao comentar o tema. “Às vezes é bom uma coisa sem comandante do que com um péssimo comandante”, disse o presidente ao ser indagado pela Folha, quando chegava ao Alvorada, sobre eventuais prejuízos da vacância. 

“Não tô dizendo que é melhor assim, de vez em quando... pergunta pro Weintraub que ele te responde.”

Em publicação no Twitter, o ministro da Educação não apontou equívocos na reportagem publicada neste sábado, mas chamou a Folha de ‘jornaleco da família Frias’. 

“Nova capa do jornaleco da família Frias induzindo terror aos jovens que farão o Enem. Pedirão desculpas após Enem realizado?”, diz o texto, embora a reportagem não trate de supostos riscos ao Enem.

O ministro também evocou um episódio de 2009, quando a prova do Enem foi roubada dentro da gráfica Plural, parceria do Grupo Folha com a Quad Graphics, embora a Justiça não tenha responsabilizado a Plural pelo ocorrido.

“Os Frias já tiveram uma ‘cabulosa’ gráfica envolvida na impressão de exames nos governos do PT. Mais uma coincidência envolvendo essa família de patriotas”, afirmou.

Weintraub evocou o adjetivo usado por integrante da facção criminosa PCC para se referir a um suposto diálogo entre a organização e o PT quando este governava o país, conforme grampo da Polícia Federal divulgado na sexta (9).

Após o episódio do roubo do Enem, a gráfica RR Donnelley assumiu o exame e o imprimiu até março de 2018, quando anunciou falência.

No mês seguinte, o Tribunal de Contas da União (TCU) proibiu o governo de renovar o contrato continuamente, mas autorizou excepcionalmente a convocação da segunda colocada na licitação de 2016, a gráfica Valid, se “demonstrada a ausência de tempo para processar novo certame”.

O Inep abriu mão da nova licitação e contratou a Valid sem enviar justificativa ao tribunal. Menos de um mês depois, em junho, o governo apresentou recurso para derrubar a decisão do TCU.

A concorrência de 2016, contudo, é alvo de processo instaurado pelo TCU após a gráfica Plural enviar denúncias à corte e à Polícia Federal sobre suposta atuação conjunta da Valid e da RR Donelly —profissionais responsáveis pela interlocução com o Inep na RR Donelly foram para a Valid.

Além disso, as duas eram as únicas empresas que cumpriam a exigência de comprovação de planta gráfica reserva na licitação do Enem. A cláusula levou à desclassificação da Plural, e o TCU concordou que a exigência do Inep restringiu a concorrência. 

Hoje, a mesma Valid detém dois contratos para imprimir todas as provas do Inep, no valor total de R$ 294,7 milhões.

Agora, com a Diretoria de Avaliação da Educação Básica sem titular, não há definição da empresa que vai fazer a aplicação do Saeb, avaliação federal da educação básica agendada para outubro e novembro. 

A reportagem da Folha que Weintraub criticou mostra que o cargo, considerado um dos mais importantes do instituto, ficou mais tempo vago do que ocupado neste ano.

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