“Praticamente universalizamos o atendimento em creches para crianças com mais de dois anos. A nossa principal demanda está nos berçários, que atendem crianças com até 1 ano e 11 meses”, afirmou o secretário municipal de Educação, Bruno Caetano.
Entre os principais obstáculos está a dificuldade de planejar as vagas em cada uma das regiões onde nascem as crianças. O primeiro ano dos bebês é o maior problema: representa 50 mil dos 65 mil na fila.
Além de nascimentos, novas ocupações e filhos de imigrantes exemplificam a dificuldade de se prever vagas para bebês.
A prefeitura quer usar o programa para impulsionar a criação de 30 mil vagas —número que falta para atingir a meta da gestão de criar 85 mil vagas.
A maior parte da demanda, sobretudo para os bebês, está na periferia. Na lista para crianças de até um ano, por exemplo, a maior fila está na diretoria regional do Campo Limpo (11.327), seguida da Capela do Socorro (8.167), ambas no extremo sul da capital.
O resultado disso é que muitas mulheres param de trabalhar para cuidar das crianças ou são obrigadas a deixá-las em creches improvisadas.
Moradora da região do Jardim Ângela, na zona sul, Carolyne Gomes , 22, aguarda há quatro meses uma vaga para o filho de sete meses. “Meu medo é conseguir um emprego e a vaga de creche não sair”, diz ela, que é cuidadora de idosos.
O ritmo atual não lhe dá esperança e conseguir tão cedo. “Ele estava na 100ª posição, fiquei até feliz pensando que conseguiria. Mas, quando eu vejo, ele caiu para 208º”.
O Mais Creche pedirá comprovação de que a criança está em situação vulnerável.
O projeto precisa ser aprovado pela Câmara Municipal, onde o Executivo criou atrito diante de iniciativas similares dos vereadores Rinaldi Digilio (PRB) e Janaína Lima (NOVO).
Para o advogado Rubens Naves, membro do comitê de monitoramento de educação infantil do Tribunal de Justiça, a prefeitura deveria criar métodos de monitoramento mais eficazes —fazer busca ativa para descobrir a demanda, em vez de esperar os pedidos de matrícula.
Naves, que também é conselheiro da fundação Abrinq (de defesa dos direitos da criança), diz que é importante que o Mais Creche seja apenas provisório, como a prefeitura promete.
Ele cita avanços em abrangência e qualidade devido à continuidade da política de expansão de vagas por diferentes gestões. Assumir o novo modelo como definitivo seria arriscar um retrocesso, pois é mais difícil fiscalizar essas unidades particulares.
A prefeitura não informa o histórico da fila relativa apenas aos bebês de até dois anos. No geral, as vagas vêm em amplo crescimento há anos.
Desde dezembro de 2013, na gestão Fernando Haddad, até setembro as vagas saltaram de 214.460 para 338.819. O modelo que mais contribuiu para o salto, porém, foi o de escolas conveniadas, hoje sob investigação devido à descoberta de uma “máfia das creches”.
Segundo a atual gestão, o Mais Creche será emergencial e atenderá no máximo 10% das matrículas vigentes.
A maior aposta é abrir CEUs (Centros Educacionais Unificados) que terão apenas vagas para educação infantil, sem incluir o ensino fundamental.
A ideia é aproveitar melhor os espaços para atender a demanda para as crianças menores, ofertando 3.200 vagas em creche e 2.800 para ensino infantil (a partir dos 4 anos).
338 mil
Crianças matriculadas em setembro em São Paulo
70 mil
Vagas é a demanda aproximada de creche na cidade de SP
65 mil
Crianças até 2 anos na fila
214 mil
Matriculados em dezembro de 2013
11 mil
Crianças na fila de berçário 1 da diretoria de ensino do Campo Limpo, a maior da cidade
R$ 727
Valor máximo que a prefeitura repassará a unidades pela compra avulsa de vagas
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