Os assuntos que estão em alta no país, como as tragédias ambientais —desmatamento e mancha de óleo— não foram contemplados no segundo e último dia de prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). Na prova de biologia, por exemplo, houve sete perguntas sobre ecologia.
A avaliação é dos professores Antonino Fontenelle (química), Douglas Gomes (física), João Karllos (biologia) e Fabrício Maia (matemática) da Organização Social Farias Brito. Convidados pela TV Folha, os professores fizeram uma análise da prova aplicada neste domingo (11), em todo país.
Assista o comentário dos professores abaixo:
Eles explicam que o conteúdo da prova é retirado de um banco de perguntas formuladas com antecedência e não há tempo hábil para acrescentar questionamentos de fatos recentes.
Apesar de algumas mudanças pontuais, o padrão dos anos anteriores, de contextualização, interdisciplinaridade e transversalidade, foi mantido.
Os estudantes responderam 90 questões, sendo 45 de ciências da natureza (química, física e biologia) e o restante de matemática.
Para o professor Douglas Gomes, o exame manteve a estrutura e o grau de dificuldade tradicionais. "As questões se relacionaram com habilidades específicas, o que fez com que os temas tratados fossem transversais às disciplinas. Perguntas que exigem contextualização, comparando o senso comum com o científico continuaram presentes", explica. A surpresa ficou por conta do grau de complexidade das operações matemáticas para a resolução dos problemas.
Outro ponto observado pelos professores foi que, apesar de parecida com a dos anos anteriores, a prova tornou-se mais conteudista, o que exigiu dos estudantes um embasamento teórico sólido para conseguir entender o enunciado.
A explicação dos especialistas é que o Enem deixou de ter como eixo central a avaliação do ensino médio e passou a ser um exame de seleção para as universidades.
Para o professor de biologia, João Karllos, o professor que explicou a matéria e o aluno que estudou foram beneficiados neste Enem. "Simplesmente ler textos não é suficiente para que se tenha sucesso na prova. Se você quer ter sucesso na edição 2020, estude bastante biologia", diz.
Fabrício Maia, de matemática, avaliou a prova como trabalhosa. "O aluno tinha, em média, três minutos por questão. Isso é irreal, porque ninguém consegue manter a atenção por tanto tempo. Por isso, o treino é fundamental, assim como uma estratégia para priorizar questões mais fáceis. Foi uma prova balanceada e inteligente", afirma.
Se a "roupagem" do Enem, como disseram os professores, está cada vez mais perto dos vestibulares, o que fazer daqui para a frente?
O conselho é "tire dois dias de descanso e depois corra atrás do que vem por aí". Fica como reflexão o que o Enem quer cobrar do aluno. "É preciso renovação, dedicação em sala de aula e sofrimento para conseguir resolver as questões da prova. Nosso compromisso é cumprir o Enem e simultaneamente o compromisso dos vestibulares que vêm por aí", diz Fabrício Maia.
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