Em quase um ano de governo de Jair Bolsonaro, muito se falou mas pouco se avançou em termos de educação no país. A Folha fez uma lista de como ficaram as principais áreas sob gestão do MEC, o Ministério da Educação, sob o ministro Abraham Weintraub, que tomou posse em abril após a queda de Ricardo Vélez Rodrígues. Contou, também, quem entrou e quem saiu do ministério.
A maioria de medidas anunciadas só terá ações efetivas a partir de 2020.
Alfabetização
Prioridade da gestão, a implementação da nova política nacional é uma incógnita. Três ações foram tomadas: decreto que prioriza método fônico, lançamento de caderno com as premissas da política e projeto para pais lerem para os filhos.
Educação infantil
Não foi apresentado projeto para creche e pré-escola.
Ensino técnico
O projeto Novos Caminhos, promete criar 1,5 milhão de vagas no ensino técnico profissionalizante até 2023, mas depende de ação estados, municípios e escolas privadas .
Escola Cívico-Militar
Plano visa converter 54 unidades para o modelo cívico-militares em 2020, com atuação de oficiais. Sem adesão de vários estados, mais da metade do orçamento, de R$ 54 milhões, vai para pagar militares.
Tempo integral
Projeto Educação em Prática, anunciado em novembro, prevê usar espaços ociosos em faculdades privadas para ampliar a carga horária de estudantes de escolas públicas. A ideia é do setor privado, que receberá bônus na avaliação de faculdades.
Enem
Transcorreu bem. O governo promoveu varredura ideológica no banco de questões, mas não divulgou o que descartou. Em 2020, começará o projeto-piloto do Enem digital.
Ensino superior
Criticadas pelo ministro, universidades federais sofreram bloqueio de recursos até outubro. A aposta é o Future-se, que prevê fomentar o financiamento privado e a atuação de organizações sociais, mas o plano não chegou ao Congresso.
Pesquisa
Governo cortou 7.590 bolsas da Capes, ou 8% do total.
Efeito dominó
Com mudança esperada na Capes, MEC e todos os órgãos ligados à pasta terão ainda mais alterações de comando.
Primeira baixa - Veio já em dez.2018, antes da posse, quando o titular na transição, Antônio Testa, foi desligado após briga com Ricardo Vélez Rodríguez.
Queda de braço - Em 12.mar, Vélez demite o secretário executivo Luiz Antônio Tozi, principal articulador, após perder um de seus assessores, Ricardo Wagner Roquetti.
Inep descabeçado - Marcus Vinicius Rodrigues, diretor, é demitido em 26.mar após cancelamento da avaliação de alfabetização, retomada posteriormente.
Cai Vélez - Bolsonaro nomeia Abraham Weintraub em 8.abr. O novo ministro troca quase todos os secretários.
Delegado encrencado - Weintraub anuncia o delegado da PF Elmer Vicenzi como presidente do Inep em 15.abr; em 16.mai, ele é demitido após conflito envolvendo sigilo de dados.
Rumo no Inep Alexandre Lopes assume em 20.ago; dia 22, o órgão anuncia o quarto titular a ocupar a Diretoria de Avaliação da Educação Básica, responsável pelo Enem, nesta gestão: Carlos Roberto Pinto de Souza.
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - Troca em 19.ago: sai Carlos Aberto Decotelli e entra Rodrigo Sergio Dias, indicação de Rodrigo Maia.
Ensino superior - O titular da subpasta, Ataide Alves, é demitido em 16.out.
Alfabetização - Em novembro caem Renan Sargiani, referência técnica no MEC; e a coordenadora-geral de Avaliação Pedagógica, Josiane Toledo Ferreira Silva.
Assessora exonerada - Braço direito de Weintraub, a jornalista Priscila Costa e Silva cai em 12.dez.
Capes vazia - Presidente do órgão de pesquisa, Anderson Ribeiro Correia, é nomeado reitor do ITA.
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