MEC amplia prazo do Sisu em 2 dias e diz que notas erradas foram corrigidas

Cerca de 6.000 casos de avaliações incorretas foram causados por problema em gráfica, diz pasta

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Brasília

Diante dos erros em notas do Enem 2019, o governo Bolsonaro vai estender em dois dias o prazo do Sisu (Sistema de Seleção Unificada). A abertura das inscrições foi mantida para esta terça-feira (21) e segue, agora, até domingo (26).

O governo também informou que as notas com erros já foram corrigidas e podem ser acessadas pelos participantes.

No cronograma anterior, as inscrições do Sisu seriam encerradas na sexta (24). O sistema concentra as vagas de instituições públicas de ensino superior oferecidas a participantes do Enem.

O ministro da Educação Abraham Weintraub durante entrevista coletiva em Brasília sobre o Enem
O ministro da Educação Abraham Weintraub durante entrevista coletiva em Brasília sobre o Enem - André Coelho - 17.jan.20/Folhapress
 

"Para quem tiver qualquer problema, a gente está estendendo [o prazo] em mais dois dias", disse o ministro da Educação, Abraham Weintraub, em vídeo publicado nas redes sociais na tarde desta segunda-feira (20).

Foram 5.974 casos de notas erradas, o que representa 0,15% dos inscritos, segundo o Inep. Weintraub afirmou que a maioria dos casos foi registrada em quatro cidades: Viçosa, Ituiutaba, Iturama (todas em MG) e Alagoinhas (BA).

"Teve mais alguns casos esparsos, mas mais de 95% estão nessas quatro cidades", disse, também no vídeo, o presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), Alexandre Lopes.

Lopes afirmou que o Inep analisou os dados de todos os 3,8 milhões de participantes para conferir possíveis erros. 

A maioria dos erros ocorreu nas provas do segundo dia, mas houve casos também no primeiro dia. Não houve alterações em notas da redação, apesar de queixas de participantes também sobre essa parte. 

Weintraub divulgou no sábado (18) que participantes receberam notas erradas. Na véspera, o ministro havia comemorado o sucesso na realização do Enem 2019, que ele classificou como o melhor de todos os tempos.

Ele ainda criticou a Folha ao afirmar que reportagens publicadas pelo jornal levantavam dúvidas sobre a boa realização do exame.

A permanência de Weintraub no MEC em 2020 foi colocada em dúvida por vários aliados do governo. Bolsonaro, entretanto, confirmou sua permanência até agora.

O Inep recebeu 75 mil mensagens com reclamações de erros até as 10h desta segunda. O órgão anunciou na noite de domingo (19) que só iria fazer a conferência de casos recebidos até esse horário, contrariando informação anterior do próprio governo.

"Desculpe pelo susto, não se deixe levar por pessoas alarmistas", disse Weintraub. 

O governo identificou os erros a partir de relatos de participantes. Segundo o Inep, foram constatados erros na identificação dos candidatos e da respectiva cor de sua prova. 

A falha ocorreu na gráfica Valid, que imprime a prova desde o ano passado: os arquivos com essas informações teriam chegado ao Inep com divergências, segundo o instituto. O candidato fez a prova de uma cor, mas a nota foi corrigida como se fosse de outra.

O problema teria ocorrido por causa de falhas pontuais nas máquinas de impressão. Os equipamentos teriam engasgado, provando pequenas interrupções no trabalho. O problema foi que os protocolos de verificação não identificaram essas inconsistências.

A gráfica que imprimia o Enem desde 2009, a RR Donnelley, faliu em março do ano passado. O governo preferiu contratar a segunda colocada na última licitação ao invés de fazer novo certame. 

A gráfica Valid foi então contratada para o serviço, por R$ 151,7 milhões, mesmo sem ter experiência em serviços parecidos com o Enem. Funcionários do Inep relataram ao longo do ano riscos de problemas, que sempre foram minimizados pelo governo. 

Como a inexperiência da empresa, o processo para impressão foi todo muito corrido, de acordo com técnicos ouvidos pela Folha. A gráfica não tinha infraestrutura adequada para armazenar e manusear os malotes que seriam despachados, por exemplo.

Além da falha inicial ocorrida na gráfica, também foram encontradas notas erradas provocadas por outras falhas, como na aplicação.

Problemas referentes ao uso de um cartão de resposta reserva, no momento da aplicação da prova, por exemplo, foram identificados durante a força-tarefa realizada pelo governo. A quantidade de estudantes afetados por esses problemas de aplicação é pequena, de cerca de 20 casos —eles também tiveram notas alteradas.

Apesar do número reduzido, esses erros teriam sido identificados antes da divulgação caso o processo de realização do exame tivesse sido menos atribulado, de acordo com técnicos do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) ouvidos pela reportagem.

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