Notas de corte de cursos ligados à saúde no Sisu têm tendência de alta

Pontuação mínima de graduações como psicologia, nutrição e enfermagem subiu de 2014 a 2019; a de engenharia caiu

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São Paulo

Caso a tendência dos últimos cinco anos se mantenha, os alunos que se inscreverem a partir desta terça-feira (21) no Sisu em cursos ligados à saúde deverão encontrar uma dificuldade maior do que os participantes do Enem que se candidataram para as mesmas graduações há alguns anos.

Áreas como psicologia, nutrição, enfermagem e fisioterapia tiveram o maior aumento na nota de corte entre 2014 e 2019 no Sistema de Seleção Unificada, pelo qual os estudantes vão disputar a chance de ingressar em 237 mil vagas em instituições de ensino superior públicas do país.

Cursos de engenharias, por outro lado, tiveram uma leve queda na pontuação mínima exigida.

O levantamento considera o processo seletivo do primeiro semestre dos dois anos comparados, levando-se em conta os 15 cursos presenciais que têm hoje o maior número de matriculas.

As notas de corte ano a ano foram compiladas pela plataforma Quero Bolsa a partir de dados fornecidos pelo MEC (Ministério da Educação). O site viabiliza bolsas e financiamentos e disponibiliza informações sobre o ensino superior, como simuladores de nota para o Prouni e o Fies.

De maneira geral, as notas dos maiores cursos no Sisu permanecem no mesmo patamar, mas algumas apresentaram variações entre 2014 e 2019 que superam os 20 pontos.

A maior variação ocorreu na nota média para ingresso em psicologia, que passou de 707,05 pontos para 732,7, uma diferença de 25,65 pontos, seguida de nutrição (24,16), enfermagem (22,35) e fisioterapia (20,46).

No final da lista, três dos quatro cursos em que a nota mais caiu são de engenharia: civil (-23,49 pontos), mecânica (-13,64) e produção (-12,02).

Por outro lado, os três cursos ainda exigem notas altas dos candidatos, superiores a 700. Para efeito de comparação, a nota de corte média de medicina, que costuma ser a mais alta, foi de 797,31 pontos no processo seletivo para o primeiro semestre do ano passado, enquanto a de pedagogia, que tende a estar entre as mais baixas, foi de 612,51.

O aumento da dificuldade para ingressar em cursos de saúde ocorre em um momento de aumento na procura por eles.

Entre 2016 e 2018, período em que o ensino superior presencial no país ficou de forma geral estagnado, os cursos de psicologia, por exemplo, registraram alta de 14% no número de candidatos, considerando-se tanto as instituições públicas como as particulares. Em enfermagem, o total de interessados teve um incremento de 24%.

Por outro lado, as engenharias, embora ainda atraiam muitos alunos, tiveram queda na procura —da ordem de 20% dos candidatos no caso da produção.

Para analistas do setor, a situação está diretamente ligada à empregabilidade das áreas, que acaba por influir também nas notas de corte.

"A saúde tem um mercado sempre aquecido e é apontada como profissão do futuro por causa do envelhecimento da população", diz Oscar Hipólito, professor titular da USP também com experiência no setor privado. "Os alunos percebem muito rápido qual área tem mais potencial de gerar empregos."

Pelo mesmo motivo, afirma, a procura por engenharia caiu, já que, com a crise econômica, o investimento em infraestrutura despencou, e o setor enfrentou muitas demissões.

Diretor do Cursinho da Poli, o professor Giba Alvarez concorda. "Engenharia saiu da moda porque já não tem tanto emprego como antes", afirma.

Já cursos de saúde como enfermagem e fisioterapia, em sua avaliação, têm a nota de corte elevada porque vão no embalo da medicina, que mantém o prestígio. Alvarez diz observar que muitos alunos que constatam não ter nota para virar médico acabam optando por outros cursos da área de saúde.

Para aumentar as chances de ingresso do aluno, o Quero Bolsa fez um simulador de notas do Sisu com base na pontuação dos processos seletivos anteriores.

A plataforma orienta o candidato a colocar como primeira opção no Sisu um curso mais desejado que tenha histórico de nota de corte um pouco maior que a sua e como segunda opção algum com nota de corte igual ou inferior; e ao longo do período de inscrição cuidar para que sempre tenha uma opção mais desejável como a primeira, próxima de sua nota, e uma viável como a segunda.

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