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Motoristas de van escolar de SP passam a ajudar equipes de saúde no combate ao coronavírus

Em recesso das aulas, condutores estão transportando profissionais e insumos de saúde

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São Paulo

Acostumada a buscar crianças em casa e levá-las para a escola, a motorista Viviane Alves, de 39 anos, percorreu caminhos diferentes de São Paulo nesta primeira semana de suspensão de aulas na cidade: foi a centros de distribuição de vacinas e unidades básicas de saúde para ajudar no combate à epidemia do novo coronavírus.

Com a interrupção do calendário letivo, motoristas do transporte escolar se voluntariaram para levar equipes de saúde e insumos médicos para os hospitais da cidade. A Secretaria Municipal de Educação (SME) decidiu também antecipar o recesso escolar desses profissionais, ou seja, o valor que recebem mensalmente continua a ser pago sem alteração até o próximo dia 9 de abril.

Com os carros livres nesse período, a Prefeitura de São Paulo convidou os motoristas a colaborar na área da saúde. Segundo a pasta da educação, dos cerca de 2.000 condutores cadastrados no programa municipal Transporte Escolar Gratuito (TEG), 221 estão trabalhando de forma voluntária, distribuídos pelos 96 distritos da cidade.

Os motoristas Reinaldo Araújo e Edmilson Andrade em frente à uma van escolar
Motoristas Reinaldo Araújo e Edmilson Andrade se voluntariaram para transportar equipes de saúde em São Paulo - Ronny Santos/Folhapress

“Assim que disseram sobre a possibilidade de ajudarmos as equipes, eu tive certeza que queria participar, já que não sou do grupo de risco. É um momento muito difícil para o país e, quem puder, tem que fazer esse esforço”, disse Viviane, que há um ano trabalha no TEG, na região do M’Boi Mirim, na zona sul da capital.

Desde segunda-feira, 23, quando teve início a campanha de vacinação contra a gripe (influeza e H1N1), ela inicia o dia levando funcionários da saúde para buscar doses da vacina para distribuição na UBS Jardim Triper.

“Sempre respeitei muito o trabalho da saúde, mas descobri que eles fazem muito mais do que a gente imagina. Também levo alguns profissionais até a casa de pessoas mais carentes ou muito doentes para a vacinação e atendimento domiciliar”.

Há 18 anos trabalhando como motorista de van escolar, Antônio Carlos da Silva, 53, disse nunca ter imaginado que iria gostar de transportar outras pessoas além dos alunos.

“As crianças são sempre muito alegres, amorosas, nos chamam de tio. Eu achava que só gostava de trabalhar com elas, mas estou vendo a importância do trabalho dos enfermeiros e técnicos e me sinto feliz em ajudar”.

Ainda que voluntário, o trabalho dos motoristas começa antes da abertura das UBSs, às 7h, e só termina depois do fechamento, às 17h. “Fazemos como ajuda, mas é um trabalho muito sério, de muita responsabilidade e compromisso com a cidade”, contou o motorista Edmilson Andrade.

Ele disse que pediu à prefeitura para avaliar conceder ajuda de custo aos condutores, que têm custeado sozinhos o valor do combustível, alimentação, desgaste e higienização dos veículos.

“Apesar de toda a proteção que as equipes têm nos dado, com máscara, luva e álcool em gel, estamos nos colocando em risco para ajudar a cidade. Seria importante esse olhar mais sensível ao que estamos fazendo”.

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