Descrição de chapéu Vestibular no meio do ano

Vestibulares deste ano devem abordar coronavírus

Pandemia vai além da biologia e pode ser base para perguntas de outras disciplinas e redação

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São Paulo

Apesar de não constar nos livros didáticos, o novo coronavírus já deve aparecer nas provas dos vestibulares.

O tema pode ser tratado em quase todas as disciplinas, indo além da biologia. É provável que a Covid-19 se torne pano de fundo para questões que abordem impactos socioeconômicos de pandemias e grandes crises e sirva de mote para relembrar aspectos biológicos de outros vírus. Curvas de contágio da doença podem ser usadas em perguntas de matemática.

Há ainda a chance de que produtos que ganharam destaque com a enfermidade, como o álcool em gel e o sabão, entrem nas provas de química.

"Nos últimos anos, o vestibular começou a ter questões com mais história. Tem sempre algo para mostrar como a teoria se aplica ao cotidiano. O vírus pode servir como base de contextualização", afirma Maria Catarina Bozio, coordenadora pedagógica do colégio Poliedro de São José dos Campos (a 89 km de São Paulo).

Para João Pitoscio Filho, coordenador pedagógico do Grupo Etapa, por ser um acontecimento recente, ainda há dúvidas se o tema estará nas provas do meio do ano.

"Mas pode ser que algum vestibular faça um pedido extra para a banca e consiga ter algo para já", afirma.
É mais provável que o assunto seja tratado nos processos seletivos do final do ano.

"Os vestibulares da Fuvest têm por tradição a inclusão de questões sobre atualidades e, como o problema da pandemia é um dos mais discutidos, pode ser que as bancas sejam instigadas a contemplá-lo", diz a professora Belmira Bueno, diretora-executiva da Fuvest, responsável pela admissão na Universidade de São Paulo.

O coronavírus também pode entrar de forma indireta nas redações. Segundo os coordenadores pedagógicos, é provável que as bancas desenvolvam temas que se liguem à pandemia, como a situação dos idosos no país, a mudança de hábitos na sociedade, a desigualdade social e a substituição do contato pessoal pela tecnologia.

Para conseguir fazer a relação entre o coronavírus e as disciplinas, os estudantes precisam estar bem informados.

Segundo Bueno, é importante buscar fontes seguras de notícias e desprezar o conteúdo falacioso —os professores devem ajudar os alunos a fazer essa separação.

Mas Bozio alerta que as notícias devem ser consumidas com moderação, para não deixar ansioso o estudante que já está sobrecarregado com a preparação para as provas.

"Indico estabelecer um horário ou mesmo um dia da semana para se informar, de forma a não gerar um estresse que tire o foco dos estudos."

Como a Covid-19 pode aparecer nas provas

Geografia Perguntas sobre crise econômica e mudanças climáticas, já que a quarentena reduziu a emissão de poluentes

História Outras pandemias, como a de gripe espanhola, e a Revolta da Vacina, pela descrença na ciência

Química Como o álcool e o sabão são feitos e de que forma atacam os vírus

Biologia Como um vírus age no organismo

Redação A velhice no Brasil, desigualdade e o impacto do isolamento

Veja perguntas que utilizam a pandemia como base

História e Geografia

“De 165 d.C. a 180 d.C., a Peste Antonina causou um grande prejuízo à população romana, que era estimada em 60 a 70 milhões de habitantes do Império. O médico e testemunha ocular Galeno registrou explicitamente vômitos, febre, calafrios, dor de cabeça e uma erupção cutânea característica, o que levou os estudiosos a acreditar que o surto tenha sido de varíola.

Como o vírus entrou no Império Romano permanece em disputa. Duncan-Jones atribui o Egito como uma provável porta de entrada para a praga, de acordo com os padrões comerciais com regiões estrangeiras. Uma teoria mais aceita é a de que o vírus atacou Roma através dos soldados sob o domínio de Marco Aurélio, que voltando da guerra na Mesopotâmia ou de outras batalhas no nordeste da Itália teriam trazido a Roma. Por meio do tráfego comercial frequente devido à forte dependência de Roma do Egito para sobreviver, a praga entrou em Alexandria e de lá espalhou-se pelo Mediterrâneo e pelo resto do mundo. Duncan-Jones também apoia a ideia que a praga viajou até a China, pelo comércio de seda ou por uma embaixada política.”

Eriny Hanna. The Route to Crisis: Cities, Trade, and Epidemics of the Roman Empire, 2015 (tradução livre)

  1. Cite duas características do Império Romano que teriam contribuído para a disseminação da Peste Antonina no século 2 d.C..

  2. Como a globalização pode contribuir para a maior incidência de epidemias? Por que a Covid-19 é considerada uma pandemia?

Biologia

O esquema a seguir mostra, de forma simplificada, o ciclo de vida do Sars-Cov-2 em uma célula humana

Desenho de ciclo da vida de vírus
Faculty of Farmaceutical Medicine/Editado pelo Grupo Etapa

De acordo com o esquema, podemos concluir que:

a) O vírus, representado em 1, utiliza a glicoproteína de membrana (M) para se ligar ao receptor celular do hospedeiro, ACE2

b) O vírus libera o seu DNA na célula hospedeira em 2

c) Há um processo de transcrição, realizada em 3, para a produção de novas proteínas virais

d) O processo de replicação, que ocorre em 4, permitirá a produção de novas moléculas de RNA viral

e) A liberação de um novo vírus, em 5 e 6, ocorre a partir de uma organela celular não membranosa

Física

Na ação de combate ao novo coronavírus, os agentes da Vigilância Sanitária utilizam termômetros como o da imagem abaixo

Esse termômetro possibilita medir a temperatura de uma pessoa à distância, sem a necessidade de contato com o corpo do passageiro, o que ocorreria, por exemplo, se um termômetro de mercúrio fosse utilizado.

Isso é possível porque os termômetros dos agentes de saúde medem a temperatura através da captação da radiação:

  1. infravermelha emitida pelo corpo do passageiro, constituída por ondas de calor que necessitam um meio material para sua propagação

  2. ultravioleta emitida pelo corpo do passageiro, constituída por ondas de calor que necessitam um meio material para sua propagação

  3. infravermelha emitida pelo corpo do passageiro, constituída por ondas de calor que podem propagar-se no vácuo

  4. ultravioleta emitida pelo corpo do passageiro, constituída por ondas de calor que podem propagar-se no vácuo

Redação

Proposta 1 Segundo o professor Wellington Borges Costa, coordenador de Redação do Grupo Etapa, um tema de redação que se relaciona com a pandemia do coronavírus poderia ser "O negacionismo científico em tempos de pandemia da Covid-19".

Proposta 2 O colégio Poliedro sugere um tema para o vestibular da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), que cobra gêneros textuais diferentes da tradicional dissertação.

Você é um(a) aluno(a) de medicina, responsável pelas publicações semanais na página online do centro acadêmico.

Após tomar conhecimento da notícia sobre um homem que tenta deslegitimar a eficiência do álcool em gel para a prevenção do coronavírus, o centro acadêmico, preocupado com os impactos que as fake news geram na saúde pública, pede que publique, na página da instituição, uma nota de repúdio à publicação de notícias falsas que afetam a área da saúde.

Nesta publicação, você deverá: a) contextualizar o fato que levou o centro acadêmico a escrever a nota, b) defender a importância da informação na área da saúde e c) expor os problemas que as notícias falsas podem gerar tanto para o indivíduo quanto para o coletivo.

Nota de repúdio é um texto no qual o autor, normalmente uma instituição, manifesta o seu repúdio em face a algo que gera descontentamento ou discordância. A nota é escrita ou assinada em nome da instituição.

Respostas das questões de múltipla-escolha

Biologia Alternativa D. O vírus, representado em 1, utiliza a glicoproteína da espícula (S) para se ligar ao receptor celular do hospedeiro, ACE2. O vírus libera o seu RNA na célula hospedeira em 2. Há um processo de tradução, realizada em 3, para a produção de novas proteínas virais. A liberação de um novo vírus, em 5 e 6, ocorre a partir de uma organela celular membranosa, o complexo golgiense.

Física Alternativa C. A radiação infravermelha é uma das faixas do espectro eletromagnético, conjunto de todas as frequências possíveis para as ondas eletromagnéticas.

Essa radiação, embora não possa ser vista pelos seres humanos, pode ser percebida na forma de calor. Sensores especiais, como os de alguns termômetros, podem captar essa radiação e, a partir da taxa de incidência, determinar a temperatura do corpo que a emite.

Por ser uma radiação eletromagnética, essas ondas não necessitam de um meio material para transmissão e podem se propagar no vácuo.

Fonte: Poliedro Educação, Daniel Berto (coordenador de biologia do Grupo Etapa) e Wellington Borges Costa (coordenador de redação do Grupo Etapa)

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