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Coronavírus

Vaivém das regras do governo deixa escolas sem saber o que fazer

Em ano eleitoral, cálculo de Doria envolveu mais política que saúde e educação.

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São Paulo

Pode ou não dar aula a partir de 8 de setembro, quando a reabertura opcional das escolas será permitida? Não se sabe. Foi geral entre colégios a confusão causada pelo anúncio, nesta sexta (7), do governador João Doria de que as aulas serão retomadas em 7 de outubro, mas a reabertura será permitida para recuperação e atividades de acolhimento em 8 de setembro.

A falta de entendimento pode ser medida por um comunicado divulgado pela Abepar, a associação de escolas particulares. Mencionada na entrevista pelo secretário de educação, Rossieli Soares, como uma parceira do plano de retomada na educação, a entidade anunciou que iria começar gradualmente, a partir de 8 de setembro, a realizar “atividades presenciais como aulas, reforços, recuperação, acolhimentos, plantões de dúvida, laboratórios etc”.

Questionado pela Folha, Arthur Fonseca Filho, diretor da Abepar, afirmou que a associação iria aguardar o decreto do governo, mas que a compreensão é de que “não se deve excluir a expressão aula”.

“Não existe escola que funcione sem aula”, afirmou. Dentre gestores de educação, a dúvida era como receber os alunos sem que se pudesse considerar a presença deles como horas letivas. Seria complexo abrir uma estrutura presencial, digamos, não oficial.

A secretaria de Educação foi então questionada pela reportagem sobre essa dúvida e sobre o comunicado da Abepar. Cerca de uma hora após o telefonema, a Abepar divulgou uma outra nota, “atualizada”, em que tirou a palavra “aula” e manteve “reforços, recuperação, acolhimentos, plantões de dúvida, laboratório etc.”.

Soares disse que um decreto e posteriormente uma regulamentação irão esclarecer que atividades poderão ser realizadas. Haverá reuniões sobre o tema nos próximos dias com conselhos e colégios.

“Não adianta as escolas dizerem o que poderão fazer sem a regulamentação. A intenção dessa fase é se concentrar em alunos em recuperação.” Mas admitiu que as atividades realizadas a partir de setembro poderão ser computadas como horas letivas, ainda que não se chame de aula.

Existe em escolas particulares e em integrantes do próprio governo uma análise de que, nos próximos dias, se o estado seguir avançando no controle à pandemia, poderá se criar um cenário para que essa fase opcional de setembro contemple uma volta como a que já era prevista no plano anterior, com 35% dos alunos em revezamento e um sistema híbrido (ensino presencial e a distância). Ainda há muito embate pela frente e uma briga quase surreal para se entender o que é aula.

O que é certo nesse anúncio de João Doria é que ele precisava reforçar a ideia de adiamento, ainda que contemplasse brechas para uma reabertura em setembro. Em ano eleitoral, pressionado pelos professores, contrários à volta às aulas, e por pesquisas com pais, mais de 70% deles temerosos da reabertura, o governador fez um cálculo que envolveu muito mais política do que saúde e educação.

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