Manter os filhos em escolas particulares é um desafio para os pais que tiveram perda na renda por causa da pandemia de Covid-19.
A negociação com as escolas, seja por descontos, parcelamentos ou outras propostas criativas é uma saída para as famílias e também pode beneficiar as próprias instituições, que estão perdendo alunos.
Veja abaixo os depoimentos de duas mães que passaram por essa situação.
‘Paguei metade do preço por dois meses e parcelei a dívida em cinco vezes’
Eu e meu marido somos dentistas, e nossa clínica ficou 40 dias fechada, o que teve um impacto grande no nosso orçamento. Em abril, pedi um desconto no colégio do meu filho. Como ele já tem bolsa de 20%, a escola propôs que pagássemos, por dois meses, 50% da mensalidade, e depois ajustaríamos a outra metade.
Em maio e junho, pagamos R$ 1.100, o que foi um alívio.
Em nova negociação, acertamos que a dívida seria quitada em cinco vezes. Mas, como além desse valor teria a própria mensalidade, e a retomada da clínica ainda está lenta, pedimos um novo acordo.
A direção explicou por que não poderia dar mais descontos —a escola é nova e tem poucos alunos—, mas permitiu estender a dívida para 2021. Gostei da maneira como eles conduziram as coisas, da transparência e da abertura para negociação.
Marlene Souza Santos, 57, dentista, mãe do Rafael, 16, do 2º ano do ensino médio do colégio Novo Pátio, zona norte de SP
‘Negociei bolsa de 100% em troca de curso de mindfulness’
Sou psicóloga e, antes de ser demitida na pandemia, trabalhava em um centro de extensão da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), onde atendia pacientes e fazia intervenções de mindfulness (técnica de meditação). Como meu salário já havia sido reduzido, tinha conseguido um desconto de 12,5% na mensalidade do colégio da minha filha, que custa R$ 2.700.
Depois da demissão, voltei a procurar a escola, porque não queria ficar com as parcelas atrasadas. Propus ministrar cursos para os funcionários em troca das mensalidades. A direção aceitou, e consegui uma bolsa de 100% até o fim do ano.
Fiquei feliz não só por ter conseguido a permuta, mas por poder retribuir à escola.
Maria Lúcia Favarato, 55, psicóloga, mãe da Helena, 17, aluna do 3º ano do ensino médio do colégio Santa Maria, na zona sul de SP
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