Rede estadual de SP avança no Ideb 2019 e mantém posição em ranking do ensino médio

Promessa de João Doria é colocar estado de novo no topo da lista em 2021

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São Paulo e Brasília

A rede estadual de educação de São Paulo avançou na qualidade do ensino médio entre 2017 e 2019 e manteve a quinta posição no ranking no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), principal instrumento de avaliação da área.

O resultado parece atrasar a promessa de campanha do governador João Doria (PSDB) de fazer o estado retomar a liderança em 2021.

Parte dos resultados do Ideb foI divulgada nesta terça-feira (15) pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido). O indicador, principal termômetro da educação brasileira, é calculado a cada dois pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão do MEC (Ministério da Educação).

São levados em conta no Ideb o desempenho de estudantes em avaliação de matemática e língua portuguesa, chamada Saeb, e as taxas de aprovação escolar. A avaliação federal é feita ao fim de três etapas: anos iniciais (5º ano) e finais (9º ano) do ensino fundamental e ainda o ano final do ensino médio.

Até 2015 na liderança do indicador de qualidade nas três etapas da educação básica do país, São Paulo ficou em quinto lugar na avaliação do ensino médio entre as redes estaduais —atrás de Goiás, Espírito Santo, Pernambuco e Paraná. Com esse resultado, o estado se mantem na mesma posição de 2017.

Naquele ano, São Paulo e Rondônia tiveram o mesmo Ideb de 3,8, mas o segundo apresentou notas maiores no despenho dos estudantes - esse resultado é considerado critério de desempate.

A nota de São Paulo passou de 3,8, em 2017, para 4,3, no ano passado —índice que era a meta a ser alcançada quatro anos antes. Para 2019, o previsto era alcançar 4,9.

O avanço de 0,5 ponto no Ideb de São Paulo para essa etapa foi importante, já que, na avaliação anterior, a nota havia caído de 3,9 para 3,8. No entanto, o Paraná, que ocupou o lugar da rede estadual paulista, deu um salto de 0,7 ponto —o maior entre todos os estados.

"Conseguimos alterar a trajetória do estado, com o maior crescimento da história para o ensino médio paulista. É preciso levar em conta também o tamanho da rede de São Paulo em comparação aos outros estados. Somos a maior rede, por isso, o desafio é muito maior", disse Rossieli Soares, secretário estadual de Educação.

São Paulo conseguiu avançar nos três indicadores do ensino médio que compõem o Ideb. Houve melhora no desempenho dos estudantes nas duas disciplinas avaliadas. A média de matemática passou de 263,13 para 273,45. Em língua portuguesa, foi de 265,94 para 279,12.

Nesse nível de desempenho, os estudantes da rede paulista ainda têm dificuldade com cálculos de probabilidade em problemas simples e em localizar informação implícita em reportagens e artigos.

A responsabilidade pelo ensino médio é prioritariamente dos governos estaduais. Em São Paulo, das mais de 1,5 milhão de matrículas nessa etapa, 83% estão na rede estadual. A rede privada, que também não consegue alcançar a meta, tem 16,13% dos alunos. As escolas municipais e federais concentram apenas 0,8% dos estudantes.

A principal aposta do governo Doria até o momento para melhorar a qualidade do ensino médio paulista foi uma mudança curricular, já determinada em lei nacional em 2017. O novo currículo permitirá aos estudantes a partir do próximo ano escolher as matérias com as quais mais se identificam —serão 12 opções de curso.

Segundo Soares, outra ação da pasta será na ampliação do número de escolas em tempo integral para os próximos anos. "Em geral no Brasil, as escolas de tempo integral têm tido resultados melhores, mesmo aquelas em lugares de vulnerabilidade socioeconômica maior. Estamos trabalhando para avançar no tempo integral em São Paulo", disse.

Especialistas e os próprios dados do Ideb indicam que as falhas na qualidade do ensino médio pesam mais pelas deficiências acumuladas nos anos finais do ensino fundamental (do 6º ao 9º ano), onde a rede estadual também não consegue atingir as metas desde 2015.

Nessa etapa, a rede paulista lidera o ranking ao lado de Goiás, ainda que não tenha conseguido alcançar a meta de 5,5. Para os anos finais do ensino fundamental a nota de São Paulo passou de 4,8 para 5,2. As escolas estaduais são responsáveis por quase 60% das matrículas nessas séries.

A única etapa em que a rede paulista se mantém acima da meta é nos anos iniciais do ensino fundamental (do 1º ao 5º ano). A nota passou de 6,5 para 6,6 —0,3 ponto além da meta estabelecida para 2019. Nessas séries, no entanto, o estado é responsável por apenas 25% das matrículas.

Soares disse que a pandemia e a suspensão de aulas presenciais na rede estadual podem colocar em risco o avanço registrado no último Ideb. Segundo ele, a secretaria calcula que a perda de aprendizado dos estudantes pode ser de 30% nas avaliações.

"Nosso desafio daqui para frente será ainda maior, porque precisamos trabalhar para recuperar a aprendizagem dos alunos durante o período de pandemia e avançar para alcançar as metas estabelecidas para 2021", afirmou.

Erramos: o texto foi alterado

Versão anterior da reportagem errou em afirmar que a rede estadual de São Paulo perdeu posição no ranking. Se acordo com os critérios de desempate, SP já ocupava o quinto lugar em 2017, no qual permaneceu no ano passado. O texto foi corrigido.

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