Descrição de chapéu Coronavírus datafolha

4 em cada 5 pais em SP e RJ dizem que aproveitamento escolar dos filhos piorou na pandemia

Pesquisa Datafolha mostra que maioria quer retomada das aulas presenciais em 2021

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São Paulo

Para 81% dos pais de São Paulo e 83% do Rio de Janeiro, o rendimento escolar dos filhos piorou neste ano com a pandemia do novo coronavírus, segundo pesquisa Datafolha. A maioria também defende a volta das aulas presenciais no próximo ano letivo.

A pesquisa foi feita nos dias 24 e 25 de novembro com 1512 eleitores da capital paulista e 1.148, da capital fluminense. O índice de confiança da pesquisa é de 95%, e a margem derro para este seguimento da pesquisa, pais com filhos em idade escolar, é de 5 pontos percentuais em São Paulo e de 6 pontos percentuais no Rio (7 no caso de pais de estudantes da rede pública neste último caso).

Na capital paulista, 30% dos eleitores dizem ter filhos em idades escolar; na fluminense, são 24% –em ambos os casos, a parcela que tem filhos matriculados na rede pública é majoritária (24% em São Paulo, ou 4 em 5 dos pais de estudantes, e 20% no Rio, ou 5 em 7). A margem de erro da pesquisa como um todo é de 3 pontos percentuais.

Em São Paulo, 57% dos pais defendem que as escolas “voltem a ter aulas presenciais como era antes da pandemia” e 28% querem alternância entre atividades presenciais e pela internet. Apenas 14% disseram querer apenas atividades remotas.

No Rio de Janeiro, 54% querem a volta presencial, 30% defende a alternância de modalidades e 14%, apenas com aulas pela internet.

Nas duas cidades, as pessoas com menor renda familiar são as que mais desejam a volta das aulas presenciais. Em São Paulo, 62% dos que têm renda de até 2 salários mínimo defenderam essa opção para o próximo ano. Nas famílias com renda superior a 10 salários mínimos, esse formato é defendido por apenas 35% dos entrevistados.

Para a maioria dos pais, o desempenho escolar dos filhos piorou neste ano com a suspensão das aulas presenciais pela falta de estrutura das escolas para o ensino pela internet (34% no Rio e 24% em São Paulo), pela dificuldade de acompanhar os filhos nas atividades (19% no Rio e 27% em São Paulo) e falta de acesso à internet (19% nas duas cidades).

Entre as famílias com renda de até 2 salários mínimos, a dificuldade de acesso à internet foi o principal motivo apontado em São Paulo, por 30% dos entrevistados. Já entre os que têm renda superior a 10 salários mínimos, nenhum apontou esse motivo, sendo 28% indicou a falta de preparo dos professores e 28% a falta de interesse dos filhos como razão da piora no desempenho.

No Rio, as pessoas que estão desempregadas são as que mais defendem a volta das aulas presenciais - 71%. Em São Paulo, a opção é mais defendida por aposentados (73%) e assalariados sem registro (71%). Nas duas cidades, os funcionários públicos são o grupo que mais defendem a continuidade das atividades remotas no próximo ano –45% no Rio e 25% na capital paulista.

A advogada Karla Godoy, 42, avalia que o filho Tomé, de 6 anos, se desenvolveu menos do que o esperado para o último ano da educação infantil. Ainda sem ter confiança de que as escolas da rede municipal, onde o menino estuda, tenham estrutura e preparação adequada para a volta às aulas presenciais, ela diz esperar que o número de casos da doença diminua para que a retomada seja possível.

“Ele vai para o 1º ano, é uma mudança significativa na vida escolar e não gostaria que ele fizesse essa transição a distância. Queria muito que ele pudesse voltar a frequentar as aulas como antes”, disse a mãe.

Antes da suspensão das aulas, Tomé estava iniciando na escola o processo de alfabetização. A mãe avalia que, ainda que tenha avançado no aprendizado, ele teria aprendido mais com as aulas regulares.

“Eu pedi ajuda à professora para continuar incentivando e o ajudando nesse processo, mas é diferente. Eu não tenho formação ou treino pra isso. Acredito que, se estivesse na escola, teria sido mais fácil e ele teria avançado mais.”

Mãe de dois meninos que estudam na rede particular de São Paulo, Luciana Araújo, 46, também avalia que os filhos aprenderam menos que o esperado durante a pandemia e defende que as aulas sejam presenciais no próximo ano para que possam recuperar os prejuízos.

“A escola, os professores e os meninos se esforçaram muito neste ano, mas não houve a mesma evolução de outros anos. Não teria como ser diferente, crianças dessa idade aprendem com os amigos, com a convivência”, disse. Os filhos de Araújo têm 8 e 4 anos.

O prefeito Bruno Covas (PSDB) autorizou no início de outubro a reabertura das escolas apenas para atividades presenciais e com aulas regulares somente para o ensino médio. Candidato à reeleição, Covas ainda não disse em que formato pretende iniciar o próximo ano letivo.

No entanto, o prefeito disse que as escolas municipais estão preparadas para a volta às aulas.

Segundo a pesquisa Datafolha, 59% dos pais da capital paulistana, que têm filhos matriculados na rede pública, querem aulas presenciais em 2021. Entre os que têm filhos na rede particular, 46% querem as atividades letivas nesse formato.

Para 82% dos pais com filhos em escolas públicas, o rendimento escolar piorou durante a pandemia. Entre os que têm filhos em escola particular, a avaliação de piora é apontada por 73%.

No Rio, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), que também tenta a reeleição, só permitiu o retorno das aulas presenciais na rede municipal em 17 de novembro e apenas para os estudantes do 9º ano do ensino fundamental e último ano da EJA (Educação de Jovens e Adultos).

Na capital carioca, 60% dos pais, com filhos na rede pública, querem aulas presenciais no próximo ano. Entre os que têm filhos na rede particular, 41% defende esse modelo em 2021.

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