Descrição de chapéu Coronavírus

Feriado de Carnaval é mantido em escolas particulares de SP e preocupa prefeitura

Gestão Covas teme que aumento de circulação no período leve a crescimento de infecções nos colégios

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São Paulo

O feriado de Carnaval foi mantido na maioria das escolas particulares da capital paulista, o que preocupa as autoridades por causa de um possível aumento de infecções após o período.

A Folha consultou 14 escolas, e 12 deles decidiram manter o feriado na próxima semana. Em apenas duas as aulas foram mantidas, seguindo o calendário das redes municipal e estadual de ensino de São Paulo.

As escolas particulares têm autonomia para definir os dias de aula, mas a decisão de manter o feriado vai na contramão da recomendação do Centro de Contingência do Coronavírus.

O governador João Doria e o prefeito Bruno Covas (ambos do PSDB) decidiram por suspender o ponto facultativo na segunda (15) e terça (16), como forma de evitar viagens, festas e aglomerações que possam agravar a situação da pandemia.

Nesta semana, pela primeira vez desde novembro, o estado apresentou tendência de estabilidade no número de novas mortes por Covid-19. Entretanto, especialistas alertam que a taxa de óbitos ainda é alta.

Atualmente, o estado tem dez regiões na fase amarela, o que permite às escolas receberem até 70% dos alunos. No entanto, a capital ainda restringe o atendimento a 35% das matrículas e só deve rever o limite ao final de fevereiro, depois de observar o impacto do retorno das aulas presenciais e do feriado de Carnaval.

“As pessoas precisam se comportar no Carnaval. Nós pagamos um preço muito alto pelo mau comportamento no Réveillon, que acabou resultando na regressão para as fases laranja e vermelha. As escolas particulares mantiveram o feriado e esse indício é preocupante”, disse Fernando Padula, secretário municipal de Educação, em entrevista à Folha.

“Se as famílias voltarem a aglomerar, vamos ter um problema como o do fim do ano passado. Uma situação que não tem nada a ver com o retorno das escolas, mas podem ser elas a pagar o preço.”

A gestão Covas decidiu fazer a reavaliação sobre o funcionamento das escolas no fim de fevereiro para analisar o impacto do retorno das aulas presenciais no número de infecções na cidade. A maioria das escolas particulares iniciu o ano letivo em 1º de fevereiro, e as unidades municipais começam nesta segunda (15).

No entanto, há o receio de que o feriado possa interferir na análise, mesmo que as escolas não sejam responsáveis pelas contaminações.

A maioria dos colégios afirmou que decidiu manter o feriado para evitar novos transtornos às famílias, que já teriam se programado para os dias de folga. Ainda assim, alguns deles demonstram preocupação.

“Esperamos que os dias de descanso sejam usufruídos com todo o cuidado necessário nesse momento de agravamento da pandemia, com a compreensão de que os comportamentos individuais impactam no coletivo”, diz carta do colégio Santa Cruz aos pais.

No Bandeirantes, o feriado também foi mantido para não atrapalhar o planejamento das famílias. “Montamos o calendário no fim do ano e as famílias se organizaram em cima disso, se organizaram para sair no Carnaval. Achamos melhor manter”, disse Mauro Aguiar, diretor da escola.

Mesmo com a confiança no protocolo adotado pelo colégio, Aguiar também disse que é importante manter os cuidados dos alunos durante o feriado para evitar o impacto posterior em sala de aula.

Benjamin Ribeiro, diretor do Sieeesp (sindicato das escolas particulares), diz que tem orientado os diretores a dar aulas durante o feriado para evitar uma explosão de casos.

“As infecções vão acontecer fora da escola, mas quem vai pagar o preço somos nós. Depois vão dizer que a culpa é da volta das aulas presenciais.”

Para a infectopediatra Luciana Becker, integrante da Comissão Médica da Educação, montada pela gestão Doria para acompanhar o retorno das aulas presenciais no estado, as escolas têm autonomia para definir sobre o feriado, mas avalia que os dias de folgam podem aumentar o risco de contaminação.

"Toda exposição feita pelas famílias em outros ambientes coloca em risco a segurança das escolas. Ainda que as crianças transmitam menos e tenham menos sintomas, os casos suspeitos podem gerar um transtorno para as escolas."

Becker lembra que, por mais rigorosos que sejam os protocolos seguidos pelas escolas, eles dependem da colaboração das famílias para funcionar. "A escola reflete o que acontece na comunidade."

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