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Colégios particulares de São Paulo se dividem sobre manter atividades presenciais

Unidades estão autorizadas a receber alunos, mas temem surtos no avanço da pandemia

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São Paulo

Autorizadas a continuar abertas durante a fase mais crítica da pandemia, escolas particulares de São Paulo se dividem sobre manter as atividades presenciais a partir da segunda-feira (15).

Na iminência de um colapso do sistema de saúde, o estado entrará em fase emergencial com restrições mais duras para combater o avanço da doença. O governo permitiu que as escolas particulares, classificadas como essenciais, continuem recebendo até 35% dos alunos, com a orientação de priorizar os mais vulneráveis.

Mesmo com a autorização, muitos colégios ainda não definiram se continuam com aulas presenciais nas próximas duas semanas por receio de infecções entre alunos e professores durante o momento mais crítico da pandemia.

No fim da tarde desta quinta (11), diretores das 24 escolas que compõem a Abepar (Associação Brasileira de Escolas Particulares) se reuniram para discutir as possibilidades de atendimento e entenderam não ser possível adotar o mesmo formato entre todas elas.

Algumas também decidiram não tomar a decisão nesta quinta, já que ainda não houve manifestação da Prefeitura de São Paulo sobre seguir as regras anunciadas pelo governo estadual para o setor educacional.

Municípios podem adotar medidas mais restritivas se considerarem necessário, o que já foi feito pelo prefeito Bruno Covas (PSDB) no ano passado.

O colégio Dante Alighieri, na zona oeste da capital, ainda não decidiu se manterá a opção de atividades presenciais para os cerca de 4.600 alunos.

“Estamos com uma batata quente na mão, não é uma decisão fácil, especialmente nesse momento da pandemia. Também temos que tomar cuidado com a mensagem que passamos para a sociedade ao decidir suspender ou manter as aulas presenciais”, disse a diretora Valdenice Minatel.

Outras unidades já optaram pela suspensão das aulas presenciais. É o caso dos colégios Equipe, Anglo e Santi. A direção das três escolas comunicou aos pais que avaliam ser mais prudente proteger a vida e a saúde da comunidade e depois reforçar o aprendizado presencial.

"Aqui na Santi reiteramos o nosso compromisso e [nossa] responsabilidade, não só em contribuir para a redução da circulação de pessoas em nossa cidade, mas também preservar a saúde de toda a comunidade que inclui nossos profissionais, alunos e familiares", diz carta do colégio enviada aos pais.

Em alguns colégios, a decisão ocorreu depois de verificarem a queda de alunos nas atividades presenciais já nesta semana.

O colégio Santa Maria, na zona sul, teve redução de famílias que optaram por continuar mandando os filhos para a escola já nesta semana. Por isso, decidiu manter aulas presenciais apenas para as crianças da educação infantil e do 1º e 2º ano do ensino fundamental.

Para a diretora Diane Cundiff, a decisão segue a recomendação do governo estadual de atender os mais vulneráveis, já que, segundo ela, as crianças pequenas tiveram prejuízos no desenvolvimento com a interrupção das aulas presenciais.

“Estamos trabalhando com as habilidades básicas que eles têm de adquirir nesta fase. Tivemos alunos que chegaram na escola este ano com dificuldade motora depois de um ano dentro de casa", disse.

“Não têm como os alunos menores aprenderem olhando o tempo todo para uma tela. Eles não distinguem a realidade e a ficção nesta faixa etária.”

O colégio reforçou aos pais o pedido para redobrar os cuidados fora da escola a fim de evitar contaminar os professores e outros funcionários.

Manter atividades presenciais apenas para a educação infantil também foi a opção do colégio Avenues, na zona sul. Para a direção, o ensino remoto é mais desafiador nessa idade já que as crianças são menos independentes. Para o restante das turmas, as aulas voltarão a ser apenas a distância.

“Não há dúvidas de que haverá um misto de reações dentro da nossa comunidade, e alguns não estarão de acordo. Manter o ensino presencial é nossa prioridade. No entanto, sabemos que duas semanas adicionais de ensino remoto não terão efeitos negativos sobre nossos alunos a longo prazo, e além disso, ficar em casa pode salvar vidas em São Paulo”, diz carta enviada aos pais.

Já o colégio Luminova decidiu não alterar o formato que vinha seguindo desde o início do ano letivo e continuará com atividades presenciais para até 35% dos alunos. No entanto, recomendou que as famílias “avaliem o risco a elas e a necessidade de levar o filho presencialmente”.

O diretor Nathan Schmucler disse que a escola não irá usar nenhum critério para definir quais são os estudantes mais vulneráveis e que devem ser priorizados para o atendimento presencial. “A escola é fundamental para todos os alunos, especialmente para os alunos mais novos.”

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