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Alunos de escolas particulares aprendem a conviver com interrupção das aulas presenciais

Com casos suspeitos e confirmados, colégios têm afastado turmas inteiras para evitar contágio

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São Paulo

Ainda que as escolas particulares de São Paulo tenham voltado a receber todos os alunos sem rodízio, as famílias continuam convivendo com períodos de retorno ao ensino a distância em casa.

Com o surgimento de casos suspeitos e confirmados nas salas de aulas, as escolas têm tido de afastar turmas inteiras de alunos para evitar a contaminação. O afastamento é indicado por especialistas e deve fazer parte do “novo normal” da organização escolar enquanto a pandemia não estiver totalmente controlada.

Pela primeira vez desde o início da pandemia, as escolas estão autorizadas a atender todos os alunos, se garantirem o distanciamento mínimo de 1 metro entre eles.

Em duas semanas de aula nesse novo formato, os colégios viram que os afastamentos de turmas podem ser frequentes e que as famílias precisam estar preparadas para ficar com as crianças em casa em alguns períodos.

“Imagino que até as crianças serem vacinadas, precisaremos estar preparados para essas interrupções para garantir a segurança de todos. Infelizmente, percebemos que os afastamentos vão ter que ocorrer”, diz Ligia Mori, diretora do Gracinha, escola no Itaim Bibi, na zona oeste da capital.

Quando as turmas são suspensas, as aulas daquele grupo migram para as atividades remotas, como já tinha acontecido em quase todo o ano passado.

​Nas duas primeiras semanas de aula, o Gracinha teve quatro casos suspeitos entre alunos e teve de afastar as turmas. As situações exigiram medidas de segurança diferentes e os pais questionaram a escola.

Em um dos casos, apenas a turma do estudante com suspeita foi afastada. Mas, em outros dois, todas as salas do 8º ano do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio tiveram de voltar para casa.

O afastamento de todas as turmas teve que ser feito porque os alunos haviam furado as bolhas da sala de aula para uma atividade pedagógica ou pela circulação dos mesmos professores em salas diferentes.

“Cada situação necessita de uma medida, nem sempre as soluções vão ser as mesmas. As famílias questionam, algumas dizem que estamos sendo rígidos demais com os protocolos e outras, que precisamos ser mais cautelosos”, conta Mori. A escola contratou uma assessoria médica para ajudar a avaliar quais procedimentos precisam ser adotados em cada caso.

A necessidade de afastamento das turmas também têm sido um desafio para a organização das escolas. Assim que recebe o comunicado de algum caso confirmado ou suspeito, a direção tem poucas horas para definir qual será a medida.

“Soubemos de uma criança com confirmação de covid no domingo à noite. Ela tinha frequentado a escola na semana anterior e precisamos afastar toda a turma até que todos estivessem testados. Tivemos apenas algumas horas para avisar que todo o grupo estava suspenso na segunda”, conta Irma Hiray, diretora do Centro Educacional Pioneiro, na zona sul de São Paulo.

Ela diz entender a dificuldade das famílias em rapidamente se organizar para ficar com as crianças nessas situações. Por isso, defende que as empresas devem manter a flexibilidade do home office ou horários alternativos para não prejudicar os pais.

“É uma situação difícil para os pais, porque eles podem ter o planejamento familiar quebrado a qualquer momento com essas interrupções. Mas elas são necessárias para mantermos todos seguros.”

No colégio Humboldt, também na zona sul, apenas uma turma precisou ser afastada nas últimas duas semanas. Os alunos puderam retornar depois que o estudante, com suspeita do vírus, teve o resultado negativo no teste.

“Algumas famílias podem achar que estamos sendo rigorosos ou restritos demais por adotar esse protocolo em casos suspeitos, mas entendemos ser necessário. É a recomendação que recebemos da nossa assessoria médica”, diz Fábio Martinez, diretor do colégio.

Além da suspensão de toda a turma em casos suspeitos, as escolas também têm afastado irmãos que estudam em outras séries. A medida levantou questionamento entre alguns pais.

“Às vezes os pais questionam o motivo de afastar os outros filhos que não tiveram contato com o aluno suspeito. É muito importante explicar e manter a comunicação bem estreita para não restar dúvidas. Não afastamos os alunos porque queremos”, diz Hiray.

Os colégios também têm reforçado aos pais a importância de manter os filhos em casa se tiverem sintomas da doença, ainda que possam ser confundidos com os de gripe e outras doenças respiratórias.

“É muito importante que os pais respeitem essa regra e não enviem as crianças com sintoma para a escola até que um teste identifique se elas estão ou não contaminadas”, diz Elaine Ruiz, diretora da escola Santi, na Vila Mariana.

Quando os alunos apresentam sintomas, como espirros, febre, coriza, as escolas têm ligado para que os pais venham buscá-los e procurem realizar um teste antes de retornar às aulas presenciais.

“Para que a escola seja segura, precisamos da colaboração de todos. Não adianta termos um bom protocolo, sem a parceria e comprometimento das famílias. A segurança depende de todos.”

Erramos: o texto foi alterado

O nome correto da diretora do Centro Educacional Pioneiro é Irma Hiray, não Hirai, como foi publicado inicialmente. O texto foi corrigido.

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