Descrição de chapéu enem

Presidente do Inep nega interferência do Planalto na elaboração do Enem

Dupas Ribeiro minimizou denúncias e disse que não houve motivação ideológica na troca de questões

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Brasília

O presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), Danilo Dupas Ribeiro, negou nesta quarta-feira (17) que haja interferência do Palácio do Planalto na elaboração das provas do Enem.

A afirmação ocorre após o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmar que o exame atende aos princípios ideológicos de seu governo e de o programa Fantástico, da TV Globo, divulgar reportagem na qual ex-servidores do Inep detalharam interferência do Ministério da Educação em algumas das questões da prova.

Danilo Dupas Ribeiro, presidente do Inep, foi acusado pelos servidores de promover desmonte do órgão
Danilo Dupas Ribeiro, presidente do Inep, foi acusado pelos servidores de promover desmonte do órgão - Divulgação/Inep

"Não houve interferência alguma do Palácio do Planalto, não houve. A cara do nosso governo, no caso, é a gestão do senhor ministro Milton Ribeiro, a seriedade e a transparência. Não houve interferência do Palácio do Planalto em decidir ou escolher qualquer item da prova ou tema de redação. Não houve qualquer tipo de interferência nisso", disse durante audiência em comissão do Senado.

Pessoas que trabalhavam no órgão relataram ter sofrido pressão para alterar ao menos 20 questões de uma primeira versão da prova deste ano. Os itens, segundo a denúncia, tratavam de temas da história recente e contexto sociopolítico ou socioeconômico.

Dupas minimizou as denúncias e disse ser normal a troca de itens para nivelar o teste.

"As provas foram montadas pela equipe técnica seguindo a metodologia que vem sendo adotada, a teoria de resposta ao item (TRI). A prova possui um conjunto de questões de diversos níveis de dificuldade, que são calibradas para garantir um certo nível de prova. É comum, portanto, que durante a montagem da prova tenha itens que são colocados e itens que são retirados, justamente para garantir o nivelamento das provas", afirmou.

O presidente do Inep também voltou a relacionar o pedido de exoneração de 37 servidores à interrupção no pagamento de gratificações para preparação e aplicação de exames.

"Não nos parece natural que essa ação coordenada de pedidos de exoneração aconteça depois de adoção de medidas que buscam dar maior transparência e padronização de pagamentos aos servidores que em 2012 representavam R$ 700 mil e chegaram a alcançar R$ 8 milhões", completou Dupas Ribeiro.

A crise no Inep começou em 8 de novembro, quando servidores entregaram seus cargos no instituto, citando "fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima do Inep". Eles se mantêm como servidores de carreira, no entanto.

Parte destes funcionários estava diretamente envolvida na organização das provas, que serão aplicadas nos dias 21 e 28 de novembro. O principal departamento atingido é a Diretoria de Gestão e Planejamento —responsável, entre outras coisas, por questões logísticas dos exames.

Denúncia feita pela Assinep (Associação de Servidores do Inep), acusa Dupas Ribeiro de promover um desmonte no órgão, com decisões sem critérios técnicos, e também de assédio moral.

As baixas representam mais de um quarto dos 120 cargos comissionados do instituto. O Inep tem, no total, 492 servidores em exercício, segundo o Portal da Transparência do governo federal.

Apesar da debandada, Dupas diz que "o Enem será realizado normalmente" nos próximos domingos e que não há qualquer risco em relação às aplicações das provas.


O que Jair Bolsonaro já falou sobre as edições do Enem

Enem 2021: Diante de denúncias de interferência na prova

"Olha o padrão do Enem no Brasil. Pelo amor de Deus. Aquilo mede algum conhecimento? Ou é ativismo político e na questão comportamental?"

"Agora, começam a ter a cara do governo as questões da prova do Enem. Ninguém precisa estar preocupado com aquelas questões absurdas do passado, temas de redação que não tinham nada a ver com nada"

Enem 2020: Questão abordava diferenças salariais entre homens e mulheres

"O banco de questões do Enem não é do meu governo ainda, é de governos anteriores. Tem questões ali ridículas ainda, ridículas, tratando de assuntos... Comparando mulher jogando futebol e homem, por que a Marta ganha menos que o Neymar. Não tem que ter comparação. O futebol feminino ainda não é uma realidade no Brasil. O que o Neymar ganha por ano todos os times de futebol junto no Brasil não faturam por ano. Como que vai pagar para a Marta o mesmo salário? Isso chama-se iniciativa privada. Ela que faz o salário, ela que mostra para onde o mercado deve ir"

Enem 2019: Ausência de questões sobre ditadura

"Certas questões que a imprensa sentiu falta. Não quero falar aqui para não polemizar. Quero dizer à imprensa que o que não houve foi desinformação. Quando tratava desse assunto, era só mentira. Então, não houve desinformação nas questões de múltipla escolha"

Enem 2018: Questão abordava o conceito de dialeto que mencionava comunidade LGBTQIA+

"Uma questão de prova que entra na dialética, na linguagem secreta de travesti, não tem nada a ver, não mede conhecimento nenhum. A não ser obrigar para que no futuro a garotada se interesse mais por esse assunto. Temos que fazer com que o Enem cobre conhecimentos úteis"

"No ano que vem, pode ter certeza, não vai ter questão dessa forma. Nós vamos tomar conhecimento da prova antes"

Enem 2015: Prova citava filósofa Simone Beauvoir e o tema na redação falava da violência contra mulheres

"Mais ou tão grave quanto a corrupção é a doutrinação imposta pelo PT junto a nossa juventude. O João não nasceu homem e a Maria não nasceu mulher. O sonho petista em querer nos transformar em idiotas materializa-se em várias questões do Enem (Exame Nacional do Ensino MARXISTA)"

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