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Vestibular da Unesp tem questões sobre fake news e desmatamento na Amazônia

Abstenção no primeiro dia foi de 7,4%, menor que na edição de 2021

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São Paulo

A primeira fase do vestibular da Unesp teve início neste domingo (14) para os candidatos que buscam uma vaga em cursos de biológicas. A prova incluiu questões sobre acesso de mulheres a metódos contraceptivos, fake news e discussão a respeito do desmatamento na Amazônia e sua relação com a crise hídrica.

Ao todo, a prova foi aplicada em 31 cidades paulistas e em quatro de outros estados. De acordo com a Fundação Vunesp, eram esperados 38.660 vestibulandos e 35.794 compareceram, ou seja, a abstenção foi de 7,4% —o número é menor do que no primeiro dia do vestibular de 2021, quando os ausentes chegaram a 15,3%.

Vestibulando durante a prova da Unesp no início de 2021
Vestibulando durante a prova da Unesp no início de 2021 - Priscila Bernardes/Divulgação Vunesp

Para ingressar na Unesp, uma das universidades mais prestigiadas do país, os candidatos tiveram que responder a 90 questões durante cinco horas. Medicina é o curso mais concorrido —ao todo, quase 24 mil jovens buscam uma das 90 vagas disponíveis, ou seja, a relação candidato por vaga é de 261,4.

Maria Gabriela Santos, 20, é uma das candidatas ao curso de medicina. Assim como outros vestibulandos, ela postou no Twitter que a prova estava difícil. "Que delícia todo mundo reclamando da Unesp, bom saber que não fui a única", escreveu ela.

À Folha, Santos avaliou que a prova estava mais complicada do que em outros anos que ela havia prestado, como em 2017 e 2018. "Achei português e inglês muito difícil, mesmo as questões de interpretação", disse.

Na segunda-feira (15), é a vez dos candidatos para cursos de humanas e exatas —o mais concorrido deste segundo dia é direito, com 39,4 candidatos por vaga. Aqueles que ainda precisam aguardar mais um dia para fazer a prova relataram ansiedade após comentários de que a prova estava difícil.

Professores de cursinhos pré-vestibulares concordam que a prova foi bem elaborada e exigia o conhecimento específico do candidato em todas as questões. Além disso, destacaram que se tratou de um vestibular objetivo e sem textos tão longos. Em geral, especialistas avaliaram que as questões apresentaram um nível de dificuldade médio.

Daniel Perry, diretor do Curso Anglo, classificou a primeira prova como tradicional, conteudista e menos ousada. "Diferentemente de anos anteriores, onde a interdisciplinaridade era uma característica marcante, nesse ano, a Unesp não recorreu a essa estratégia", analisou ele.

Perry destacou outros temas presentes na prova, além do acesso a métodos contraceptivos, desmatamento na Amazônia e fake news, como história da África, redemocratização brasileira, pandemia, agricultura brasileira, transgênicos e a Palestina. "Foi uma prova que dialoga com a atualidade, mas que fugiu de polêmicas", disse.

Diferente das queixas dos candidatos nas redes sociais, o diretor do curso pré-vestibular afirmou que a prova permeou assuntos clássicos do Ensino Médio sem apresentar grande dificuldade. "Possivelmente, a Vunesp considerou os dois anos de aulas sob a pandemia em que os alunos tiveram, certamente, perdas pedagógicas."

Vera Lúcia Antunes, coordenadora pedagógica do Objetivo, analisou que as questões foram bem elaboradas. "Isso faz com quem o aluno preparado fique muito satisfeito porque é isto que a Unesp pretende: selecionar bem os alunos que estejam bem preparados para cursos", disse.

Apesar de Perry ter sentido falta de questões interdisciplinares, o professor de história do Objetivo, Ricardo di Carlo, destacou uma questão da sua área. A partir de um texto em inglês, a pergunta fazia uma relação com a história da arte e as relações que a arte produziu no mundo contemporâneo. "Esperamos esta tradição da Unesp com a interdisciplinariedade e essa era uma questão muito interessante", analisa ele.

Para di Carlo, a prova de história foi bem pensada e analítica. "A prova procurou analisar temas recorrentes que premiam um aluno bem preparado", resumiu ele, que destacou alguns dos assuntos abordados, como antiguidade clássica, islamismo, expansão marítima, cultura africana, processo de redemocratização no Brasil e uma crítica à escravidão desenvolvida durante o primeiro reinado.

Guilherme Francisco, professor de biologia do curso Objetivo, a prova da sua disciplina teve um nível médio de dificuldade. Segundo ele, as questões exigiam do aluno boa leitura e bom conhecimento de assuntos diversos da biologia. "A prova exigiu uma leitura muito atenta às alternativas, com muitas questões que poderiam induzir o aluno ao erro", disse.

Serginho Henrique, professor de português do curso Objetivo, também classificou que o teste de língua portuguesa teve um nível médio. "Exigia bom preparo do aluno com textos claros. O aluno preparado conseguiria realizar com facilidade", disse ele que destacou que as questões envolviam desde uma crônica do jornalista Olavo Bilac a um texto de divulgação científica sobre neurociência.

A divisão da primeira fase em dois dias foi aplicada, pela primeira vez, no vestibular de 2021 e mantida para o de 2022. A mudança foi uma forma encontrada pela universidade para evitar aglomeração de candidatos em meio à pandemia da Covid-19.​

A segunda fase está marcada para o dia 19 de dezembro. A prova também sofreu alteração em decorrência da pandemia. Antes, eram aplicadas questões dissertativas. Agora, para reduzir o tempo que o aluno fica dentro da sala de aula, a prova consiste em 60 questões múltipla escolha e uma redação.

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