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Funcionários do bandejão da USP fazem greve após casos de Covid

Servidores queixam-se que, mesmo com alta de infecções, reitoria da universidade manteve trabalho presencial

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São Paulo

O restaurante universitário do campus central da USP (Universidade de São Paulo) está fechado desde quarta-feira (12), quando os funcionários decidiram paralisar as atividades após uma alta de casos de Covid na unidade.

Dos 50 trabalhadores do restaurante, 16 receberam diagnóstico de Covid nos últimos dias. Há ainda servidores com sintomas e que não conseguiram ser testados para a doença.

Eles pediram à reitoria que o restaurante fosse novamente fechado e voltasse apenas a entregar marmita aos estudantes, como ocorreu em outros momentos da pandemia. Como o pedido não foi atendido, decidiram pela greve.

Por mais de 18 meses, a USP manteve a suspensão das atividades presenciais
Por mais de 18 meses, a USP manteve a suspensão das atividades presenciais - Adriano Vizoni/Folhapress

Segundo o Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP), funcionários de outros setores também podem aderir à paralisação, já que a reitoria manteve áreas não essenciais em trabalho presencial. Eles farão uma assembleia na quinta-feira (20) para decidir se entram em greve.

"Professores e alunos não estão vindo para a universidade, mas a reitoria insiste em manter os funcionários em trabalho presencial, colocando nossa saúde em risco. Não nos resta alternativa já que o reitor não tem responsabilidade com nossa segurança", disse Magno de Carvalho, diretor do Sintusp.

A cidade de São Paulo, assim como o restante do país, vive uma explosão de casos de Covid, provocada pela variante ômicron. Segundo a prefeitura, a média móvel da última semana estava em 5.881 casos positivos por dia, mas reconhece que há ainda subnotificação e atrasos por falta de testes disponíveis.

Os funcionários dizem ainda que tentaram se reunir com o reitor Vahan Agopyan para pedir a suspensão do trabalho presencial para as áreas não essenciais, mas não o encontraram na reitoria. A USP disse que eles não foram recebidos porque a instituição está em fase de transição de gestão.

O mandato de Agopyan termina no próximo dia 26, quando assume o novo reitor, o médico Carlos Gilberto Carlotti Júnior.

Agopyan determinou a volta de todos os trabalhadores em outubro do ano passado, quando o país vivia queda de casos de Covid. Apesar do retorno dos trabalhadores, as unidades e faculdades tinham autonomia para decidir se manteriam as aulas no formato remoto, o que foi mantido pela maioria delas.

"Até 26 de janeiro, o atual reitor continua sendo responsável pela USP. Ele não pode se omitir de tomar uma decisão que pode preservar a saúde dos funcionários. É vergonhoso que a USP, a universidade de maior prestígio da América Latina, não saiba dar o exemplo de como conduzir uma pandemia", diz Carvalho.

Questionada sobre o motivo de manter todos os trabalhadores em atividades presenciais no atual momento, a USP não respondeu. Também não comentou sobre a greve dos servidores do restaurante universitário.

Reforçou apenas que as diretrizes da reitoria recomendam isolamento social de quem estiver com sintomas ou tiver tido resultado positivo para Covid e apresentar atestado médico.

A USP afirmou ainda que sempre disponibilizou máscaras PFF2 aos servidores do restaurante.

A universidade também não respondeu por que o reitor ou outra pessoa de sua equipe não se reuniram com os servidores.

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