Na volta às aulas, alunos trocam relato 'minhas férias' por 'minha vacina'

Em todo o estado, atividades presenciais são obrigatórias para todos os alunos da educação básica

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São Paulo

Já acostumadas a levar máscaras e álcool em gel para a escola, as crianças iniciaram nesta segunda (31) o ano letivo com aulas presenciais. Dessa vez, a grande novidade entre eles era contar que já tinha sido vacinado.

A Folha acompanhou o primeiro dia de aulas no colégio Santa Maria, na capital da zona sul. Nos corredores, as crianças diziam animadas que já tinham recebido a primeira dose da vacina contra a Covid e apontavam para o braço, mostrando onde tinha sido aplicada a injeção.

"Eu fiquei muito feliz de tomar a vacina antes de começar as aulas. Agora eu estou mais protegido que antes, quando só podia usar a máscara", conta Caetano Augusto Marx, de 10 anos. Ele estava feliz de reencontrar a escola cheia e todos os colegas de sala.

No colégio Santa Maria, na zona sul da capital, as carteiras são separadas por divisórias de acrílico
No colégio Santa Maria, na zona sul da capital, as carteiras são separadas por divisórias de acrílico - Danilo Verpa/Folhapress

As escolas particulares não são obrigadas a exigir a apresentação do comprovante de vacina, mas os relatos dos alunos dão a dimensão de que a adesão pode já ter sido alta.

"Nós não exigimos a comprovação e também não fizemos uma enquete para saber. Talvez a gente faça esse levantamento mais para a frente, mas já conseguimos sentir que a adesão foi alta pela animação das crianças. Elas fazem questão de contar que foram vacinadas", diz Vanini Mesquita, coordenadora pedagógica do colégio.

A direção está em tratativa com a Prefeitura de São Paulo para montar um posto volante de vacinação dentro da unidade. A ideia é incentivar pais que ainda não vacinaram seus filhos.

"Queremos incentivar e conscientizar aqueles pais que possam estar em dúvida sobre a imunização. Mas não acredito que esse será um problema grande na nossa escola. Os pais são muito preocupados com a saúde e bem-estar das crianças, não iriam deixar de vacinar", diz Mesquita.

No sábado (29), a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo publicou no Diário Oficial uma resolução determinando que estudantes da rede estadual de ensino apresentem comprovante de vacinação contra a Covid.

Se a documentação não for apresentada em até 60 dias, a escola deve notificar o Conselho Tutelar, Ministério Público e autoridades sanitárias.

Os alunos que não tiverem sido imunizados não podem ser impedidos de frequentar a escola. A resolução do governo paulista segue o que outros estados, como Bahia, Ceará, Pará, Paraíba e Piauí, já haviam definido para aumentar a cobertura vacinal entre as crianças.

A regra não é obrigatória para escolas particulares, mas elas podem seguir a resolução estadual. A Folha já havia mostrado que diretores de colégios da capital queriam exigir a documentação, mas não se sentiam seguros por falta de uma regra estadual.

A cobertura vacinal de adolescentes de 12 a 17 anos já atingiu 89,3% no estado de São Paulo, com as duas doses. No caso das crianças entre 5 e 11 anos, que começaram a ser vacinadas em janeiro, 12% estão imunizadas com a primeira dose. ​

Outra novidade encontrada pelos alunos do colégio Santa Maria foi a ausência de câmeras, tripés e microfones nas salas, que antes eram usados para transmitir as aulas para quem continuava em casa. Neste ano, a direção da unidade desativou a estrutura que mantinha para o ensino a distância.

Segundo Mesquita, a desativação foi feita depois de constatarem que nenhum dos 2.033 iria continuar com o ensino remoto. Desde novembro do ano passado, o governador João Doria (PSDB) determinou que as aulas presenciais voltariam a ser obrigatórias para todos os estudantes, com exceção dos que tiverem atestado médico para continuar acompanhando o conteúdo de casa.

Mesmo que só tenham de oferecer atividades remotas para alunos com indicação médica, as escolas também precisam preparar planos de atendimento para o caso de alunos terem de se afastar por suspeita de Covid.

"Nós ainda estamos pensando como vamos fazer para os casos de afastamento por suspeita de Covid ou se tivermos que suspender a turma toda depois de registrar algum caso de infecção. Isso ocorreu no ano passado, em poucas situações, mas aconteceu", diz Mesquita.

Em outras escolas particulares da capital, a estrutura para a transmissão das aulas foi mantida. Na rede estadual, o plano é que os alunos possam acompanhar as atividades do Centro de Mídias, caso tenham que ficar isolados por suspeita de ter sido infectados por Covid.

O início do ano letivo em São Paulo acontece em meio a uma explosão de casos de Covid, provocada pela variante ômicron. Ainda assim, tanto o governo estadual quanto a prefeitura decidiram manter o cronograma de volta às aulas.

Nas escolas estaduais, as aulas começam nesta quarta (2). Nas municipais, na segunda-feira (7). As autoridades defendem que a volta é segura, ainda mais depois da vacinação das crianças ter sido iniciada.

"Eu senti muita falta da escola, dos meus amigos. Espero que agora com a vacina a gente não precise nunca mais voltar pro ensino online", disse Ana Dib, de 10 anos.

Ela ainda contou que teve a vacina aplicada pelo próprio pai, que é médico. "Doeu, mas passou rapidinho. É melhor a picadinha do que pegar Covid."

Erramos: o texto foi alterado

O sobrenome do aluno Caetano Augusto é Marx, não Marques, como foi publicado em versão anterior deste texto.
 

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