Descrição de chapéu
Rossieli Soares e Marco Antonio Zago

Ciência para uma educação básica de qualidade

Projeto vai subsidiar pesquisas que busquem soluções para os desafios do ensino público em São Paulo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Rossieli Soares

Secretário da Educação do estado de São Paulo, foi ministro da Educação (2018, governo Temer)

Marco Antonio Zago

Ex-reitor da USP (2014-18), é presidente da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo)

A Secretaria de Estado da Educação de São Paulo e a Fapesp lançaram o Proeduca (Programa de Pesquisa em Educação Básica), que disponibilizará R$ 30 milhões para o financiamento de projetos de pesquisa que subsidiem a melhoria das políticas educacionais públicas de educação básica.

Em 2020, 14% dos estudantes da 1ª série do ensino médio das redes públicas do Estado de São Paulo tinham dois anos ou mais de atraso escolar, de acordo com o Inep. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) no estado de São Paulo em 2019 para o ensino médio era de 4,3 para a rede estadual, e 6,1 para a rede privada. Na prova do Saresp (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo) de 2019, a porcentagem de estudantes da 3ª série do ensino médio abaixo do nível básico em língua portuguesa era de 27,9% para brancos, 35,7% para pardos e 38,8% para pretos, em mais uma expressão da ineficiência do sistema e da exclusão na educação. A pandemia da Covid-19 escancarou e acirrou ainda mais o "apartheid" educacional brasileiro.

O secretário de Educação do estado de São Paulo, Rossieli Soares
O secretário de Educação do estado de São Paulo, Rossieli Soares - Divulgação - 24.abr.20/Governo do estado de São Paulo

Esse estado de coisas precisa mudar. A modelagem de políticas para lidar com problemas sociais, complexos e multidimensionais exige abordagens sistêmicas, inovadoras e baseadas em evidências, para as quais o aporte científico é imprescindível. A abordagem científica para a aplicação prática na política pública do conhecimento gerado pela pesquisa tem muito espaço para crescer no Brasil.

É preciso fortalecer a interação entre a pesquisa científica e área educacional em campos como a avaliação de impacto de políticas educacionais, elaboração de currículos, processos de aprendizagem discente e docente, entre outros. Um dos obstáculos a essa cooperação tem sido a postura pouco transparente de gestores públicos, temerosos dos impactos políticos do escrutínio sobre os resultados de políticas sob sua responsabilidade.

O Proeduca surge da convicção de que a educação básica de qualidade é alavanca fundamental para a cidadania plena e para o crescimento econômico, daí ser obrigatório priorizar investimentos em pesquisa na educação básica pública. Além de uma cooperação mais ágil com grupos e institutos de pesquisa, outro resultado relevante dessa parceria será a formação dos quadros das redes públicas de ensino, pela possibilidade de docentes integrarem equipes de pesquisa.

No século 21, com a aceleração permanente dos processos sociais, o grande desafio é transformar a escola pública para que ela efetivamente forme crianças, jovens e adultos para uma inserção digna e produtiva na sociedade e no mercado de trabalho. Com o Proeduca, a Secretaria de Educação de São Paulo e a Fapesp esperam contribuir para essa "virada de chave" de que a educação básica brasileira tanto precisa. Esperamos constituir uma política pública de Estado capaz de fomentar a produção de conhecimento científico que subsidie estratégias inovadoras e eficazes para enfrentar a agenda da aprendizagem escolar de qualidade para todas as pessoas.

A população paulista aprendeu, durante a pandemia, que a ciência oferece soluções seguras para os problemas da sociedade. Nós queremos estender cada vez mais essa experiência positiva para outras áreas de nossa vida neste momento de retomada, a começar pela educação.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.