Descrição de chapéu machismo universidade

Unesp de Bauru abre sindicância para investigar professor acusado de assédio

Docente foi alvo de protesto com cartazes que reproduziram supostas mensagens enviadas a alunas

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São Paulo

A Unesp de Bauru, no interior de São Paulo, instalou nesta segunda-feira (4) uma sindicância administrativa para investigar as acusações de assédio sexual contra o professor Marcelo Bulhões, alvo de protesto no campus com cartazes que reproduziram mensagens que teriam sido enviadas a estudantes.

A decisão de abrir a sindicância foi tomada em reunião de representantes dos órgãos colegiados. A comissão terá 60 dias para investigar as acusações e, dependendo do resultado, poderá haver instauração de processo disciplinar e punição.

Segundo nota publicada pela Faac (Faculdade de Arquitetura, Artes, Comunicação e Design), a medida administrativa faz parte do protocolo institucional de atendimento às vítimas de violência sexual, construído pela Ouvidoria da Unesp.

Os cartazes foram colocados em frente ao prédio da Faac, onde trabalha o professor, que dá aulas de literatura e língua portuguesa no curso de comunicação social. Nenhum coletivo ou grupo de estudantes reivindicou a autoria do protesto.

Cartaz expôs mensagens que professor teria enviado a alunas - Reprodução

O professor nega as acusações e diz ser vítima de calúnia. Algumas das mensagens que aparecem nos cartazes são de 2018, e o restante não tem identificação da data.

De acordo com a Faac, todas as medidas possíveis para apurar os fatos foram tomadas desde sexta-feira (1º), quando houve a manifestação com os cartazes no campus.

A direção da faculdade manifestou repúdio a "qualquer tipo de violência à dignidade da pessoa humana, sobretudo contra grupos vulneráveis, como mulheres".

Bulhões já havia sido acusado de assédio sexual em 2017. Na ocasião, a universidade instaurou uma sindicância administrativa, que foi finalizada em 2018, com a decisão de arquivamento dos autos.

À época, a comissão que avaliou as denúncias, feitas por 12 alunas e ex-alunas do professor, fez uma recomendação de que o docente "venha captar as mudanças sociais e comportamentais da sociedade, para a devida adequação no ambiente de trabalho, abandonando eventuais atitudes ambíguas de tratamento pessoal com os alunos".

Depois de um período de afastamento para a apuração das denúncias, Bulhões voltou a dar aulas na Faac.

VEJA A NOTA DE MARCELO BULHÕES NA ÍNTEGRA:

"Foi com estarrecimento que fiquei sabendo que cartazes foram afixados no campus com teor acusatório a mim. Estou ainda chocado. De modo semelhante, foi com enorme e desagradável surpresa que em 2019, em postagem no Facebook, recebi uma acusação de assédio.

Naquela altura, ao tomar conhecimento que um coletivo da Unesp havia feito acusações com esse teor, solicitei uma reunião com o grupo de alunas. Elas recusaram o diálogo. Solicitei essa reunião por, naquela altura, estar totalmente perplexo diante das acusações.

Uma comissão de sindicância foi, então, constituída pela FAAC – Unesp. Após um processo de investigação, o arquivamento do processo se fez precisamente por afiançar que nenhuma ação do teor de assédio foi por mim cometida. No curso do processo, aliás, recebi depoimentos de incondicional apoio e elogio ao meu profissionalismo, escrito por dezenas de alunas que foram minhas orientandas (mestrado, doutorado e iniciação científica). Portanto, só posso afirmar que estou absolutamente estarrecido diante de uma situação que julgo absurda.

Os cartazes, aliás, foram anonimamente forjados e afixados no campus. Sou docente da Unesp desde 1994, ou seja, trata-se de 28 anos de trabalho em sala de aula, tendo atuado ao lado de milhares de alunos, sem que qualquer mínimo indício concreto do que se pode ser classificado como assédio possa ser apontado. Atingem-me do modo mais vil.

Entendo que legítimas e importantes demandas da atualidade –luta contra o racismo, movimento feminista– têm produzido uma mobilização de empatia diante de causas importantes. Nesse caso, todavia, estou sendo vítima de calúnia, cuja propagação em tempos digitais é implacável".

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