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Alunos de colégios paulistanos contam do que mais gostam no novo ensino médio

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Campinas

O novo ensino médio, que começou a valer neste ano, dá ao aluno poder de escolha para se aprofundar em seus temas preferidos e aprender de forma interdisciplinar, com aulas que vão de programação a química forense.

Entre as novidades, as que mais agradam os estudantes são a autonomia para escolher disciplinas e cursos, a sensação de liberdade e o aprendizado por meio da prática.

Confira, abaixo, os depoimentos de quatro alunos:

Foto da aluna Melissa Yumi
Melissa Yumi é aluna do Colégio Pio XII, localizado no bairro do Morumbi, zona sul da capital paulista - Jardiel Carvalho/Folhapress

‘Tenho a sensação de que podemos decidir o futuro’

Melissa Yumi Neves, 16, aluna do 1º ano do ensino médio no Colégio Franciscano Pio XII, em São Paulo

Tenho um irmão mais velho, que estudou na mesma escola que eu. Quando ele estava no ensino médio, eu não via muita diferença das aulas do ensino fundamental. Mas isso mudou.

Hoje, tenho, por exemplo, núcleos de estudos em cada área do conhecimento. No de ciências humanas, discutimos nas disciplinas de geografia, história e filosofia o tema direito à cidade.

Outra novidade são os itinerários formativos [conjunto de disciplinas e práticas interdisciplinares escolhidas pelos próprios alunos]. No semestre passado, fiz um de nutrição e outro de programação de jogos. Neste, estou fazendo disciplinas de perícia criminal e CSI da leitura.

No CSI da leitura, escolhemos contos antigos em que um personagem cometeu um crime, trazemos a história para nossa realidade e fazemos uma espécie de tribunal. Estou aprendendo coisas que nunca pensei que iria saber!

A gente consegue combinar conteúdo dos itinerários com o que vem dos núcleos. Na aula de perícia, falamos sobre a Constituição e leis. Depois, usamos esse conhecimento em um debate do núcleo de ciências humanas.

Assim, a gente enxerga a realidade de um jeito mais humano, menos teórico. Estamos estudando os problemas do mundo, como as desigualdades, com um olhar mais próximo.

O que mais gosto é de poder escolher os itinerários. Dá uma sensação de autonomia, de que podemos decidir nosso futuro. E a gente se conhece melhor: às vezes descobre que não gosta de uma coisa que achou que gostava. Ou aprende algo de que começa a gostar.

‘O que mais gosto no novo ensino médio é poder variar as aulas’

Felipe Omura Rocha, 15, aluno do 1º ano do ensino médio no Colégio Humboldt, em São Paulo

Não esperava que o ensino médio fosse mudar, mas gostei da transformação: agora, temos mais poder para escolher.

As matérias eletivas trazem diferentes formas de ensino. Curso uma de brinquedos, em que fazemos pipa por meio da geometria. Outra, de química, é voltada à prática. Com isso, tenho uma noção do que posso fazer no futuro e testo as coisas antes do vestibular.

O que mais gosto é poder variar as aulas. Agora tenho mais vontade de estudar.

Foto de Luis Henrique Cavalcante de Barros, aluno do colégio Poliedro localizado no bairro Vila Mariana
Luis Henrique Cavalcante de Barros, aluno do colégio Poliedro localizado no bairro Vila Mariana - Jardiel Carvalho/Folhapress

‘Quanto mais você aprende, mais se interessa por uma matéria’

Luis Henrique Barros, 15, aluno do 1ª ano do ensino médio no Colégio Poliedro, em São Paulo

Entrei no Poliedro neste ano. Antes, pensava que todas as semanas seriam maçantes, com muito conteúdo. Mas a grade de segunda-feira, por exemplo, eu mesmo escolhi.

Faço o aprofundamento teórico de química, biologia, física e geografia, e o prático de humanidades. Nele, o professor escolhe o formato da aula e o tema.

Recentemente assistimos ao filme "O Auto da Compadecida" (2000), debatemos sobre o cangaço e depois simulamos um tribunal. Eu, que era representante da Defensoria Pública, tive que estudar muito sobre o assunto para apresentar minha fala em favor do réu.

Já nos aprofundamentos, estudo a matéria de uma maneira mais completa. Acho isso legal porque, quando você gosta de uma disciplina de verdade, quanto mais aprende, mais fica interessado —o que dá resultado nas provas.

No início do ano, tivemos aulas de projeto de vida [disciplina ou orientação que incentiva autonomia, consciência e responsabilidade].

Foi importante, não exatamente para refletir sobre o que quero ser no futuro, depois da faculdade. Mas para entender como gerir melhor a minha vida atualmente, o que certamente vai me trazer bons frutos no futuro.

Raquel Tubelis Lopes Vicentin, aluna do colégio Poliedro
Raquel Tubelis Lopes Vicentin, aluna do colégio Poliedro, localizado no bairro Vila Mariana, zona sul da capital paulista - Jardiel Carvalho/Folhapress

‘Agora temos mais liberdade; antes, o aluno era um agente passivo’

Raquel Vicentin, 16, aluna do 2º ano do ensino médio do Colégio Poliedro, em São Paulo

O ensino médio é um desafio grande, que dá medo. Mas eu ansiava por essa mudança.

Quando eu cheguei ao Poliedro, em 2021, a gente ainda não tinha a liberdade de escolher aulas separadas. Havia um combo formado por disciplinas e cursos à parte, como biotecnologia.

Agora, temos mais liberdade em toda a grade. Escolhemos os aprofundamentos que queremos fazer e o laboratório, de ciências ou jornalismo.

Quero cursar medicina, mas optei pelo de jornalismo. Tenho dificuldade de me comunicar como quero.
A cada trimestre, desenvolvemos um projeto. Neste, estamos criando um curta-metragem sobre influências da culinária russa no Brasil.

Também escolhi os aprofundamentos de biologia, geografia, física e química, que são as matérias mais cobradas no vestibular.

O ensino médio velho foi uma experiência como a de todos os outros anos, em que o aluno é um agente passivo.

O novo ensino médio mudou como a gente vê a escola. Pelo menos um dia na semana, podemos construir nossa grade e, para isso, precisamos refletir sobre o que queremos. Isso nos fez mais ativos em nossas escolhas.

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