Descrição de chapéu Enem

Folha lança online 'Desconectados', documentário sobre educação na pandemia

Lançamento ocorre nesta quinta (29) após série de pré-estreias em cinemas de SP, Brasília, Salvador, Rio e BH

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Em uma mesa, quatro crianças estudam e uma jovem, que olha para a câmera, os auxilia. De pé, uma mulher segura uma bebê enquanto também as crianças

Cena de 'Desconectados', documentário da Folha que chega ao YouTube Pedro Ladeira/Folhapress

Brasília

Os desafios e esforços de estudantes, famílias e educadores durante a pandemia de Covid-19 estão no documentário "Desconectados", que a Folha lança online nesta quinta-feira (29). O longa-metragem já está disponível no canal do YouTube do jornal.

"Desconectados" foi selecionado para o 8º Festival Internacional de Cinema de Brasília. Conhecido como BIFF (Brasília International Film Festival), o evento promoveu quatro projeções em diferentes locais da capital federal; a última ocorreu na manhã desta quinta no Cine Brasília, com a presença de cerca de 400 alunos de escolas retratadas.

Assista ao filme aqui:

O lançamento online, com acesso amplo e gratuito, ocorre após uma série de pré-estreias nos cinemas. O documentário foi visto por centenas de pessoas em sessões abertas, desde agosto. A primeira ocupou o Espaço Itaú de Cinema na rua Augusta em São Paulo, e o filme seguiu por Brasília, Salvador, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, itinerário que incluiu exibições seguidas de debates.

A pré-estreia na capital baiana ainda compôs a programação das celebrações dos 50 anos do programa de pós-graduação em educação da UFBA (Universidade Federal da Bahia). No último dia 20, estudantes, professores e amantes do cinema lotaram o Cine Metha Glauber Rocha, espaço histórico na Praça Castro Alves, centro de Salvador.

A produção da Folha tem parceria com o Instituto República. Fundada em 2016, a entidade atua na pauta da melhoria da gestão de pessoas do serviço público brasileiro.

O longa-metragem é dirigido pelos jornalistas da Folha Pedro Ladeira e Paulo Saldaña e pela cineasta Ana Graziela Aguiar. O roteiro e a montagem são assinados por Nicollas Witzel, e a produção executiva é da editora da TV Folha, Beatriz Peres.

O Brasil foi um dos países com maior tempo de escolas fechadas durante a pandemia. O segundo semestre de 2021 marcou o retorno presencial na maior parte do país após o fechamento das unidades, iniciado em março de 2020.

Os 38 milhões de alunos de escolas públicas enfrentaram uma média de 287 dias sem escola —o equivalente a cerca de um ano letivo e meio sem aulas. Pesquisas já mostraram prejuízos para a educação, mas impactos no futuro do país ainda se prenunciam. Lidar com esses efeitos será um dos maiores desafios na área da educação dos eleitos nestas eleições.

"O filme se dedica sobretudo à rotina das famílias e educadores, os maiores impactados em todo o país nesse período inédito da história. Lançar 'Desconectados' no canal da Folha no YouTube cumpre uma missão de levar esse registro e discussão o mais longe possível e ao maior número de pessoas", diz Beatriz Peres, produtora-executiva.

O documentário retrata o percurso entre o fechamento e o retorno à escola, investigando a realidade imposta pela pandemia de desconexão com amigos, com o aprendizado e com o próprio ambiente escolar. Na tela, as adversidades enfrentadas por crianças e adolescentes, a persistência e esperança de pais e educadores, a ansiedade com o Enem, o drama do abandono e as consequências emocionais do período.

"Desconectados" foi gravado em Brasília. Acompanha estudantes, professores e diretoras das escolas públicas Queima Lençol e Sonhém de Cima, na zona rural de Sobradinho, do Centro Educacional São Francisco (Chicão), em São Sebastião, e do Centro de Ensino Médio Elefante Branco, no plano piloto. Os educadores Gina Viera Ponte e João Marcelo Borges também colaboram com a narrativa.

A professora da UFBA Rubenilda Sodré dos Santos participou de debate em Salvador, ao lado dos docentes Rodrigo Pereira e Nelson Pretto. Segundo ela, o filme alcança "um tom provocador" sobre várias facetas dos desafios educacionais intensificados na pandemia, como as desigualdades de renda, de raça e regionais, assim como consegue espelhar o protagonismo das mulheres.

"Temos estudos e estatísticas sobre esses impactos, mas o filme tem muita importância porque, com sensibilidade, dá corpo e dá voz a esses sujeitos e a esses números", diz ela, que também ressalta o potencial do filme como ferramenta do trabalho entre professores. "É um registro fiel de uma realidade muito complexa que vivemos, mas há também espaço para refletir o futuro e esperança, obviamente sem se desvincular da realidade."

Para a professora da UnB (Universidade de Brasília) Catarina de Almeida Santos, a produção consegue expor o que foi a educação na pandemia e a dura realidade vivida por alunos e educadores.

"O filme desnuda as condições intensificadas com a pandemia sem deixar de abordar o compromisso que os sujeitos implicados têm com a questão da educação. Além disso, não deixa de trazer a beleza do que é lutar pelos direitos", diz ela, que assistiu à pré-estreia em Brasília.

A procuradora Élida Graziane Pinto, do Ministério Público de Contas do Estado de São Paulo, esteve presente em sessão ocorrida em São Paulo, na programação do Clube do Professor. Ela avalia que, ao retratar o drama de diferentes famílias, o trabalho estimula o espectador a enxergar o outro lado da moeda dessa relação.

"Diante da colossal perda pedagógica para os estudantes 'desconectados' durante a pandemia, temos de responsabilizar os gestores omissos", diz ela. "Quem causou o dano precisa ser chamado a prestar contas diante da sociedade, nas eleições deste domingo, e também na compensação dos recursos que deixaram de ser aplicados durante a pandemia."

Os resultados da última avaliação federal, de 2021, mostraram que houve queda de aprendizado em todos os anos testados da educação básica. O quadro mais preocupante é dos alunos em fase de alfabetização.

Para a diretora-executiva do Instituto República, Helena Wajnman Lima, há um longo caminho a ser percorrido nessa retomada, mas a recuperação não pode ser entendida como um desafio intransponível.

"Se a gente partir do pressuposto de que essa é uma geração perdida, aí que vira aquela profecia autorrealizável. Acho que definitivamente não é esse o caso", disse Helena, no debate do qual fez parte no último dia 17, após exibição em São Paulo.

Foto interna de cinema lotado, pouco antes da exibição. No palco, três pessoas falam com o público
Pré-estreia de 'Desconectados', no Espaço Itaú de Cinema, em SP, em 22 de agosto. Com os diretores Pedro Ladeira, Paulo Saldaña e Ana Graziela Aguiar. - Mathilde Missioneiro/Folhapress

Este é o segundo longa-metragem produzido pela Folha. Em 2014, o jornal lançou "Junho - O Mês que Abalou o Brasil", dirigido por João Wainer, sobre as manifestações que tomaram o país no ano anterior.

"O novo filme é mais um exemplo da relevância do jornalismo praticado pela Folha, que estava atenta aos impactos da pandemia nos estudantes e professores, acompanhou as histórias de perto e agora promove uma discussão sobre os efeitos no presente e no futuro da educação no país," disse o diretor de Redação da Folha, Sérgio Dávila.


DESCONECTADOS

Direção Pedro Ladeira, Paulo Saldaña e Ana Graziela Aguiar
Montagem e roteiro Nicollas Witzel
Produção executiva Beatriz Peres
Direção de fotografia Pedro Ladeira
Som direto Isadora Machado
Trilha sonora original Ricardo Saldaña e Vinicius Salldaña
Sound design e mixagem Fernando Ianni e Rodrigo "Funai" Costa
Colorização Brunno Schiavon/Estúdio Arco

Foto colorida de drone de uma longa estrada, onde se uma mulher e duas crianças caminando. No alto, está escrito Desconectados, o nome do filme
Cartaz de Desconectados, documentário da Folha sobre educação na pandemia - Divulgação
  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.