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Universidades falam em 'momento mais dramático' e não têm como pagar nem combustível

UFRJ vê risco a contrato de limpeza e segurança, e na UFMG faltam recursos para água e luz após novos cortes do governo Bolsonaro

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Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre e Curitiba

A crise orçamentária das universidades federais pelo país após bloqueio pela gestão Jair Bolsonaro (PL) tem deixado reitorias sem recursos para serviços essenciais. Falta de verba até para combustível de ambulâncias.

Na UFRJ, no Rio de Janeiro, o corte chega a mais de R$ 15 milhões do orçamento. Além dos R$ 9,4 milhões já bloqueados, o governo federal avançou em despesas que já haviam sido empenhadas, deixando as contas no negativo.

Estudantes levantam cartazes e faixas
Protesto na UFRJ, no centro do Rio de Janeiro, contra corte de verbas que prejudica manutenção da universidade, nesta quarta (7) - Eduardo Anizelli/Folhapress

A UFRJ diz não ter verba para realizar qualquer pagamento, segundo a reitora Denise Pires de Carvalho, em nota. "Há cerca de 10 mil bolsas interrompidas da graduação neste momento. Sem falar nos residentes. São quase 800 profissionais da saúde que não receberão suas bolsas, seus salários, assim como os cerca de 900 trabalhadores dos hospitais. Nossos alunos da Capes também não vão receber."

Os cortes também afetam custos de seis restaurantes universitários, contratos de transporte e combustível para ambulâncias, ônibus, segurança e 2.000 contratos de trabalhadores de limpeza e vigilância. Um ato contra os bloqueios acontece nesta quarta-feira (7) em uma das unidades da UFRJ, no centro.

Em Minas Gerais, o corte na UFMG foi de R$ 16 milhões com impacto previsto já para dezembro. A reitora Sandra Regina Goulart Almeida classifica a situação como "o momento financeiro mais dramático da nossa história".

A reitora diz que com o novo corte não haverá recursos, por exemplo, para o pagamento de água, luz, telefone, trabalhadores terceirizados e bolsas.

Na UFU, em Uberlândia, o corte de recursos chegou a deixar a instituição com apenas R$ 71 na conta bancária, antes de anunciar nova supressão de verbas.

Em 28 de novembro o governo bloqueou R$ 2,7 milhões, deixando a escola com R$ 71 para gastos. O valor foi restabelecido em 1º de dezembro. Mas, no mesmo dia, foi anunciado novo corte, desta vez de R$ 3,7 milhões.

Segundo o reitor Valder Steffen, o dinheiro seria usado neste mês para pagamento de bolsistas e serviços terceirizados de limpeza e segurança.

No Sergipe, pelo menos 3.000 alunos de graduação e pós-graduação da UFS podem ficar sem bolsas e auxílios, após bloqueio de R$ 2 milhões. A perda no orçamento do ano já é de quase R$ 10 milhões. A situação afetará também os alunos que precisam do restaurante universitário.

Em Alagoas, o reitor da Ufal, Josealdo Tonholo, declarou que o corte de R$ 9,5 milhões coloca em risco a operação da universidade em 2023. Atividades de campo, por exemplo, estão automaticamente suspensas pela impossibilidade de pagar motoristas e combustível. No campus Arapiraca, falta de recursos para consertar um transformador de luz deixou a universidade às escuras.

No Rio Grande do Sul, com o último corte, reitores de nove instituições emitiram nota conjunta alertando para os prejuízos "gravíssimos e afetam diretamente a autonomia das instituições, representando prejuízo do direito à educação dos estudantes".

Os cortes nas federais gaúchas somam mais de R$ 45 milhões em repasses não realizados. "Dá uma impressão de que nunca conseguimos realizar nada novo, só sobreviver. E, agora, talvez nem isso. É impossível organizar o caos orçamentário", disse a reitora da UFSCP, Lucia Pellanda.

Na segunda-feira (5), a Unipampa enviou um comunicado aos seus estudantes, docentes e pesquisadores dizendo que encerrou novembro com o saldo de R$ 6,1 milhões em despesas sem recursos para pagar e que "bolsas de todos os tipos", inclusive as de assistência estudantil, estão "sem previsão de pagamento". Do saldo negativo da universidade, R$ 1 milhão é referente a bolsas.

No campus da Jaguarão da Unimpampa, na fronteira com o Uruguai, há estudantes acampados em barracas em protesto pelo pagamento das bolsas.

Em Santa Catarina, na UFSC, houve corte de R$ 12 milhões nos gastos de custeio, como pagamento de bolsas e pesquisas de extensão, fornecedores do restaurante universitário, de segurança e limpeza, energia elétrica e água.

Os cortes atingem R$ 2,9 milhões em bolsas de graduação e a mesma quantia para o restaurante universitário. Também foram cortados R$ 4.800 milhões para bolsistas de doutorado e mestrado, atingindo 2.500 alunos de pós-graduação, como médicos residentes.

No Paraná, a UFPR sofreu novo corte de R$ 10,4 milhões. A instituição diz que não há nenhuma condição financeira de saldar contas básicas de luz, água e serviços essenciais, como conservação, limpeza e segurança, além de não haver dinheiro para pagamentos de bolsas e auxílios estudantis.

Na instituição, houve corte também nas bolsas para médicos residentes e 77 bolsistas indígenas e quilombolas em situação de vulnerabilidade socioeconômica, beneficiários do PNAES (Programa Nacional de Assistência Estudantil).

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