Estudantes protestam contra o novo ensino médio e pedem revogação do modelo

Principal queixa dos alunos diz respeito à redução da carga horária de disciplinas tradicionais

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São Paulo

Contrários ao novo ensino médio, estudantes de São Paulo fazem um ato na manhã desta quarta-feira (15) na avenida Paulista, na região central de São Paulo, para cobrar do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a revogação do modelo atual.

Os estudantes se concentraram a partir das 8h em frente ao Masp. Por volta das 10h, os manifestantes seguiram para a avenida Brigadeiro Luís Antônio com direção à Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), onde o ato foi encerrado. Protestos pela revogação do novo ensino médio também foram marcados para esta quarta em pelo menos outras 55 cidades do país.

No fim do protesto, um jovem, que se identificou como fotógrafo, foi detido pela Polícia Militar por supostamente estar com uma pedra em um dos bolsos.

Manifestantes se reúnem na avenida Paulista, em São Paulo, para pedir a revogação do novo ensino médio, nesta quarta (15) - Bruno Santos/Folhapress

A implementação do novo formato para o ensino médio se tornou obrigatória no ano passado e registrou uma série de problemas. Os estudantes reclamam, principalmente, de terem perdido tempo de aula de disciplinas tradicionais.

Desde o início deste ano, estudantes, professores e especialistas da área cobram o governo Lula para que o modelo seja revogado. O protesto desta quarta-feira é a primeira rusga de entidades estudantis com a gestão petista.

Apesar de ter acolhido as principais demandas dos estudantes, como o reajuste de bolsas de pesquisa e o aumento de repasse para a merenda escolar, o governo Lula tem resistido à pressão pela revogação do novo ensino médio.

O ministro da Educação, Camilo Santana, admite apenas que é necessário fazer "ajustes" no modelo atual.

"Não vamos sossegar até o governo federal entender que não vamos aceitar esse modelo excludente e precário de educação. Não tem ajuste que salve esse modelo, ele precisa ser revogado já", disse Luca Gidra, presidente da Umes (União Municipal dos Estudantes Secundaristas).

Estudantes se concentraram em frente ao Masp - Bruno Santos/Folhapress

Desde 2017, quando a reforma do ensino médio foi aprovada pelo governo do ex-presidente Michel Temer, os estudantes têm se posicionado de forma contrária às mudanças. Naquele ano, alunos foram às ruas e ocuparam centenas de escolas em todo o país para impedir a aprovação da lei.

O modelo prevê que o ensino médio seja organizado em duas partes. Assim, 60% da carga horária dos três anos é comum a todos os estudantes, com as disciplinas regulares. Os outros 40% são destinados às disciplinas optativas dentro de grandes áreas do conhecimento, os chamados itinerários formativos.

Os alunos dizem que a redução das aulas de disciplinas regulares precarizou ainda mais o ensino.

"Eu estou no 3º ano do ensino médio, deveria estar me preparando para fazer vestibular no fim do ano. Mas só tenho duas aulas de português por semana. E só duas de matemática. Não dá tempo de aprender nada", afirma João Pedro Costa, 17, aluno de uma escola estadual de Osasco (Grande SP).

No lugar das disciplinas regulares, João Pedro conta que tem aulas, por exemplo, de "gírias das redes sociais" e "criação de personagens".

"São aulas que não ensinam nada, não acrescentam nada. Só tomam o tempo do que eu deveria e queria estar aprendendo."

Principal queixa dos estudantes é que novo ensino médio reduziu carga horária de disciplinas tradicionais - Bruno Santos/Folhapress
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