Negócio social realiza 54% dos exames feitos com médicos no SUS em SP

Em parceria com a Prefeitura de São Paulo, o Cies atende 75% da demanda dos pacientes

Patricia Pamplona Thaiza Pauluze
São Paulo

Dos 3,98 milhões de exames que exigem a presença de um médico especialista realizados ao longo de 2017 pelo SUS na cidade São Paulo, mais da metade (54%) foi feita em unidades móveis desenvolvidas pelo negócio social Cies (Centro de Integração Educação e Saúde).

A iniciativa resolve uma das principais lacunas no atendimento de saúde, que é a realização de diagnósticos por profissionais específicos, como ultrassonografia, endoscopia e eletrocardiograma. As carretas, como são chamadas as unidades, oferecem ainda consultas preventivas a pacientes do SUS.

“As carretas do Doutor Saúde são necessárias toda vez que há um desequilíbrio entre oferta e demanda. A estrutura é provisória, pode ir a diferentes regiões da cidade e ajustar as filas”, afirmou Wilson Pollara, secretário municipal da Saúde, durante a visita guiada realizada em uma das unidades, na zona sul da capital, no início de março.

A visita, que integrou a programação do evento “Inovação Social: Desafios e Novos Modelos” (confira abaixo vídeo sobre o debate), realizado pela Folha e pela Fundação Schwab, levou cerca de 60 pessoas de diferentes regiões do Brasil para conhecer a unidade e acompanhar um bate-papo sobre PPPs (Parcerias Público-Privadas).

A parceria que garante o atendimento foi firmada ainda na gestão de Fernando Haddad (PT). Em 2017, o contrato chegou a R$ 74 milhões, com os programas Hora Certa e Doutor Saúde, da gestão de João Doria (PSDB).

“Esses procedimentos já resolvem 75% da demanda, pois apenas em 25% dos casos há necessidade de encaminhamento para hospital de referência”, afirmou no evento Roberto Kikawa, fundador do negócio social e vencedor do Prêmio Empreendedor Social 2010. “Em breve, o Cies poderá resolver 100% da demanda que recebe, com a inauguração do novo Hospital de Especialidades.”

SUSTENTABILIDADE

Esse tipo de parceria com poder público é uma saída para o financiamento de negócios sociais e organizações do terceiro setor.

“Precisamos enxergar o governo como parceiro e ajudar o público a criar novas soluções”, afirmou Merula Steagall, presidente da Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia), que participou do bate-papo, ao lado de integrantes da Rede Folha.

Com o barco-hospital que roda as comunidades da unidade de conservação do Tapajós, a ONG Saúde e Alegria, que também buscou parceria com o governo amazonense e o Ministério da Saúde, atua em várias frentes como saúde básica e semi-intensiva, educação e defesa territorial.

“Reduzimos o tempo de espera para atendimento. Agora, um paciente demora 1h40 para ser atendido, ter o resultado e ir para a farmácia. No sistema comum, levava semanas”, disse Eugênio Scannavino, criador do projeto. “Não temos que substituir o estado, mas sim colaborar para melhorar o estado.”

O Vivenda acaba de firmar sua primeira parceria, com a prefeitura de Campinas. Especialista em obras de baixo custo em periferias, o negócio social irá reformar 700 residências este ano na cidade.

“Fizemos um projeto piloto em 20 casas. Agora vamos oferecer subsídio e microcrédito para essas famílias melhorarem sua qualidade de vida”, disse Fernando Assad, fundador do negócio.

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