Crise leva a parcerias para implantação de tecnologias sociais

Novos acordos e captação de recursos estão entre desafios de escalar as soluções

Kelly Mantovani
São Paulo

Por meio das tecnologias sociais, soluções simples e inovadoras podem transformar vidas. Diante do cenário de crise econômica no país, além da missão de cumprir uma agenda global de desenvolvimento sustentável, um dos maiores desafios é a captação de mais parcerias e recursos.

Essas e outras questões serão debatidas nesta quarta-feira (23) na nona edição do “Diálogos Transformadores: Soluções que Mudam Realidades”. Promovido pela Folha em parceria com a Ashoka, o evento será realizado no auditório da Folha, em São Paulo, com transmissão ao vivo da TV Folha.

Nesse contexto, a Fundação Banco do Brasil, que apresenta o tema, atua no desenvolvimento sustentável do país desde 1985, com projetos de desenvolvimento comunitário nas mais diferentes áreas. Nos últimos dez anos, foram investidos R$ 2,8 bilhões em projetos sociais e quase 3,7 milhões de pessoas tiveram suas vidas transformadas.

Há três anos como diretor da FBB, Rogério Biruel, protagonista do 'Diálogos', aponta os desafios para estabelecer e escalar os projetos.“É preciso dar mais visibilidade aos programas, para atrair novos investidores”, diz.

Essas iniciativas integram o Banco de Tecnologias Sociais da organização, que a cada dois anos, por meio do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social, ajuda a difundir e certificar tecnologias sociais. A entidade conta hoje com mais de 986 iniciativas.

Também como parte do trio protagonista, Haroldo Machado Filho, assessor sênior do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), afirma que é preciso descomplicar o termo tecnologia” na maioria das vezes associado a algo de difícil entendimento pela população.

“Qual a maior tecnologia social do mundo? O soro caseiro. Uma solução simples, caseira, que todo mundo pode aplicar, e que tem o impacto de salvar milhares de vidas", diz.

No debate para trazer a perspectiva da Agenda 2030 e os 17 ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU), Haroldo destaca que o Brasil é imenso e diverso e o desafio para cumprir com os objetivos é a sustentabilidade financeira, de forma a estabelecer mais parcerias.

"Na crise, as pessoas estão mais parceiras, juntando esforços e ideias. A crise possibilitou a troca de conhecimentos, escambos de sabedoria."

Sonia da Costa, diretora de Políticas Públicas e Programas de Inclusão Social do Ministério da Ciência e Tecnologia e debatedora do evento, traz uma visão do papel do governo na promoção políticas públicas de inclusão social para as populações em situação de extrema pobreza e vulnerabilidade social e os desafios.

“Mudando o governo, muitas vezes os projetos param, então precisamos discutir uma forma mais consistente de garantir que eles continuem", diz.

O 'Diálogos Transformadores' reunirá ainda Antonio Barbosa, coordenador da ASA (Articulação do Semiárido) que agrega um conjunto de iniciativas de impacto social de 3.000 organizações em dez estados, e Roberto Rocha, representante do Movimento dos Catadores, que integra o Coletivo Reciclagem, uma tecnologia social fomentada pela iniciativa privada.

O evento terá também as histórias inspiradoras de Cláudia Vidigal, fundadora do Instituto Fazendo História, Hamilton da Silva, que lidera o Saladorama, e Júlia Carvalho, criadora da ONG Fast Food Política.

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