Da favela do Rio a África, brasileiro exporta modelo de educação alimentar

Vencedor da Escolha do Leitor em 2017, Hamilton da Silva leva o Saladorama para Angola e Nairóbi

Patricia Pamplona Rosane Queiroz
São Paulo

Um projeto que começou com investimento próprio de R$ 220 em 2015 começa a alçar voos internacionais. Hamilton da Silva criou o Saladorama para mostrar que alimentação saudável é direito e não privilégio. Três anos depois, o delivery de saladas na favela expandiu para projetos de educação nutricional, exportado para Angola e Nairóbi.

"Temos articulado turmas em torno de temas como educação nutricional, reaproveitamento de alimentos e empreendedorismo através do potencial da alimentação", conta Hamilton, que venceu a categoria Escolha do Leitor do Prêmio Empreendedor Social 2017. 

O Prêmio Empreendedor Social está com inscrições abertas; participe

Ter sido eleito o favorito do público, segundo ele, tem contribuído para o desenvolvimento do negócio. "Foi importante, pois aumentou nossa visibilidade no país todo, e também nos fez participar de uma rede que só tem grandes negócios sociais. Isso traz credibilidade, mostra que estamos conectados com outros negócios, trouxe muito mais valor."

O Saladorama tem ainda ampliação prevista também para países sul-americanos. "No final deste mês, iremos para o Chile fazer uma palestra, conhecer o ecossistema e desenvolver o mesmo modelo que aplicamos no Brasil, iniciando pela educação nutricional." Segundo o empreendedor, a ideia é, mais para frente, entrar com o modelo de negócio social.

Mas não é apenas no além-fronteira que Hamilton vê seu negócio crescer. Neste mês, o Saladorama desembarca em Heliópolis, na zona sul de São Paulo. Sete mulheres da comunidade já estão cadastradas, trabalhando no projeto. "Selecionamos pessoas, damos cursos e capacitamos, para que todo esse conhecimento possa se refletir numa real mudança dos hábitos alimentares e da saúde na comunidade."

O negócio

O Saladorama começou com R$ 220 que Hamilton recebeu de uma rescisão de trabalho, em 2015. Com essa pequena verba e a ideia de criar um delivery de comida saudável na favela, ele apostou em algumas hortaliças e ingredientes e preparou as primeiras saladas.

A receita inaugural, batizada hoje de "Salada Bom Humor", tinha alface, tomate, chicória, frango desfiado e custava R$ 7. "A comunidade pirou com a ideia de poder comer um prato caro que via no shopping, por um preço possível", conta o empreendedor social. 

Hoje, além das saladas, o negócio possui restaurantes de comida saudável nas favelas, servindo pratos como como lasanha de berinjela, ratatouille, iguaria francesa com legumes, e berinjela recheada.

Também trabalha com produtos como a Lancheirinha, com um lanche completo para as crianças, com dois tipos de frutas, sanduíche natural (com pão feito na comunidade) e suco natural. Da paleta de ingredientes do Saladorama, 80% é de orgânicos, especialmente as hortaliças.

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.