Para ampliar impacto de tecnologias sociais é preciso parceria, dizem especialistas

Participantes reforçam a necessidade de mais debates e ressaltam a diversidade do evento Diálogos Transformadores

Participantes do 'Diálogos Transformadores' debateram 'Tecnologias Sociais: Soluções que Mudam Realidades', nesta quarta (23), em São Paulo
Participantes do 'Diálogos Transformadores' debateram 'Tecnologias Sociais: Soluções que Mudam Realidades', nesta quarta (23), em São Paulo - Rafael Roncato/Folhapress
Kelly Mantovani
São Paulo

Especialistas das esferas pública e privada e empreendedores sociais presentes na nona edição do “Diálogos Transformadores  - Tecnologias Sociais: Soluções que mudam realidades”, nesta quarta-feira (23), avaliam que é preciso um trabalho conjunto para que os projetos de tecnologia social cheguem a um maior número de comunidades no país. 

Protagonista do debate, Antonio Barbosa, sociólogo e coordenador da ASA (Articulação do Semiárido Brasileiro) saiu otimista do evento realizado pela Folha e pela Ashoka. “Essa perspectiva de olhar para intersecção desses temas é importante. É um debate que apresenta um conjunto de desafios e soluções", diz. "Existem luzes que precisam ser ampliadas, construídas e dialogadas. Faltam mais oportunidades como essa. O Brasil precisa se ouvir e se conhecer mais, e isso ajuda a construirmos alternativas para construirmos um país melhor”, disse.

Para Rogério Biruel, diretor da Fundação Banco do Brasil e um dos protagonistas do debate, o evento mostrou um caminho de possibilidades de parcerias entre setores público e privado. “Temos um longo caminho a percorrer. Políticas de tecnologias sociais são uma boa oportunidade de trazermos o governo mais próximo desse assunto assim como setor privado”, afirmou. 

Haroldo Machado Filho, assessor sênior do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) e também protagonista, saiu renovado com o evento, que segundo ele, trouxe diversas perspectivas em trabalhos de impacto social.

“O debate trouxe pluralidade, atores que trabalham no campo, efetivamente com busca de soluções que vão do âmbito social, ambiental ao econômico. Anima muito ver esse pessoal trazendo casos concretos de como a gente pode ter elementos transformadores em nossa sociedade”

Já segundo Cláudia Vidigal, idealizadora do Instituto Fazendo História e empreendedora das redes Folha e Ashoka, o ponto alto do encontro foi a diversidade. “A grandiosidade do evento está pautada na diversidade de temas, idades, locais, regionais. Acabamos ficando muito na nossa bolhas temáticas e, quando temos debates como esse, olhando para outras perspectivas, enriquecemos nosso trabalho, além da possibilidade de fazermos pontes”, ressaltou.

Sonia da Costa, diretora de Políticas e Programas de Inclusão Social do Ministério da Ciência e Tecnologia e debatedora afirma que a principal missão é fazer uma construção coletiva de conhecimentos e parcerias para ampliar os trabalhos nas comunidades.

“A iniciativa da Folha em relação a essa temática é extremamente relevante, pois construir um país é construir de forma participativa, com soluções e saberes. Hoje, ao falarmos em política pública de reciclagem, a gente precisa de quantitativo suficiente não só na organização, mas sim fazer com que a tecnologia e o conhecimento cheguem e facilitem os trabalhos dessas comunidades específicas.”

Hamilton da Silva, vencedor do Prêmio Empreendedor Social 2017 na categoria Escolha do Leitor com o Saladorama, negócio social que leva comida saudável às favelas, pondera que é preciso ampliar vozes no debate, de forma a trazer mais representantes das comunidades. “Eu gostei bastante dessa oportunidade, pois dialogamos pouco. Porém, senti falta de algum beneficiário", aponta. "Precisamos criar algum método de descodificar para a galera da ponta, das periferias, que são a maioria”, disse.

Roberto Rocha, representante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis e um dos debatedores espera que o tema seja priorizado em políticas públicas "No futuro, espero que esse debate possa se transformar em política pública para aprimorar as tecnologias sociais. Um evento como esse mostrar que é possível a camada mais pobre da sociedade se revelar o quanto é empreendedora".  

Júlia Carvalho, fundadora da ONG Fast Food Política, que ajuda jovens brasileiros a desmistificar a política por meio de jogos, ressalta que as políticas públicas são a chave para ampliar projetos e negócios sociais.“Podemos discutir como a tecnologia social pode ser disseminada por meio da matriz da política pública. Estamos pensando como a Fast Food pode estar dentro das escolas e espaços e governos. Queremos fazer chegar mais longe nossa tecnologia que potencializa nossa democracia.” 

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