O que vale é ajudar, diz espanhol sobre projeto que paga por trabalho social pelo mundo

Grupo recebe 2.500 euros para atuar com ONGs em atividades socioculturais em 20 países

Wesley Faraó Klimpel
São Paulo

Construir hortas com refugiados na Holanda, trabalhar com reflorestamento em Portugal ou atuar na preservação de tartarugas-marinhas na Malásia. Essas foram algumas das tarefas que o espanhol Hugo Piñón, 31, fez como embaixador do World Life Experience.

O projeto português leva 11 pessoas para viajarem pelo mundo enquanto trabalham, por uma curta temporada, em ONGs dos mais diferentes tipos: apoio a dependentes de drogas ou a refugiados, fortalecimento do turismo local, proteção animal. 

Além de um salário de 2.500 euros (cerca de R$ 11.170), a empresa cobre gastos como estadia, alimentação e transporte de um país a outro.

Piñón trabalhava no Google, na Polônia, quando foi avisado pelo pai sobre a abertura das inscrições para a primeira turma de embaixadores. “Todo mundo achou que era um golpe. Até hoje me perguntam se a vaga é de verdade”, conta o espanhol.

Antes de cair na estrada, em 8 de janeiro, a trupe que tinha originalmente 12 pessoas --dois brasileiros já saíram, entre eles Mahmoud Baydoun, que escolheu ir para o Big Brother Brasil 18--, passou alguns dias em Sintra, perto de Lisboa. O objetivo era integrar os participantes de Brasil, Argentina, Venezuela, Portugal, Espanha, Cabo Verde, Ucrânia e Rússia.

“Foi muito importante esse tempo, num local mais afastado, porque teve uma formação focada no trabalho de equipe e na gestão de possíveis conflitos, pois passaríamos 24 horas por dia juntos.”

O grupo já atuou em 13 países da Europa e da Ásia. Após as férias em julho, que também estão inclusas no pacote, eles vão trabalhar em sete países da América, o Brasil entre eles.

Os coordenadores do World Life Experience escolhem os projetos onde os embaixadores atuarão, assim como gerenciam toda a logística envolvida. “Nós podemos indicar iniciativas também. Eu achei, por exemplo, que precisávamos trabalhar com animais, e sugeri um projeto com tartarugas-marinhas na Malásia”, diz o espanhol.

A iniciativa que mais agradou Piñón foi logo no início da viagem, na segunda parada, em Granada, na Espanha. Lá, eles conviveram dia e noite com pessoas de baixa renda, com problemas com álcool, vítimas de violência doméstica e imigrantes. “Não fazíamos nada por eles, e sim com eles. Também comíamos juntos, jogávamos bola. Foi um choque, uma experiência única.”

“Falam sobre o salário e sobre percorrer o mundo, mas o mais importante, para mim, é ajudar todas essas pessoas. Viajar é algo que quase todo mundo pode, quem tem tempo e dinheiro faz, mas esse auxílio que estamos dando não depende só de tempo e dinheiro”, diz.

INSCRIÇÕES ABERTAS

As inscrições para a segunda turma de embaixadores do World Life Experience, que viajará por 20 países entre 15 de janeiro e 27 de novembro de 2019, estão abertas até 5 de agosto. 

O grupo ficará 15 dias em cada cidade, dividindo o tempo entre trabalho com a ONG escolhida, atividades culturais e três dias de descanso.

Para se candidatar, é necessário passar por uma série de etapas eliminatórias, como teste de inglês, avaliação psicológica e entrevista por Skype. Também é preciso pagar uma taxa de 9 euros (R$ 40), dos quais 2,50 euros (R$ 11) serão destinados às ONGs parceiras.

Os pré-requisitos para fazer parte do grupo é ter entre 21 e 39 anos, inglês intermediário, ser solidário, responsável, comunicativo, pró-ativo e tolerante. 

Como um dos primeiros testes é o de personalidade, Piñón explica que o mais importante é ser você mesmo. “Não adianta pensar no perfil que eles estão buscando, se não você vai ficar fingindo ser alguém que não é. Precisa também ter um pouco de originalidade e criatividade.”

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