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Coragem é competência-chave da inovação

Falar de coragem é também falar de medo, e não queremos falar de emoções ou de vulnerabilidades

Participantes da edição do Festival Social Good Brasil 2017, em Florianópolis
Participantes da edição do Festival Social Good Brasil 2017, em Florianópolis - Divulgação
Carol Andrade

A coragem é fundamental para inovar. Clayton Christensen, que cunhou o conceito de "disruptive innovation" (inovação disruptiva, em tradução livre), participou de uma pesquisa de oito anos avaliando perfis de 500 inovadores e 5 mil executivos de grandes empresas.

O desfecho foi um livro chamado "The Innovator's DNA", em que ele define cinco competências-chave do inovador. Tom e David Kelley, fundadores da Ideo e D.school, também descrevem uma série de novos comportamentos relacionados a ousadia, partir para ação e paixão no livro "Confiança Criativa". 

Com ambas referências eu criei as oito competências do inovador com foco a proporcionar autoconhecimento para empreendedores e pessoas que querem inovar nas suas organizações.

De tudo, o que mais se repete, o que mais toca profundamente é a coragem. A coragem de tentar algo novo e errar, de ser você em toda a sua autenticidade em busca de um desejo de revolução do status quo, de uma paixão.

Pare por um momento e reflita sobre os seus atos de coragem na sua trajetória pessoal. Segundo a antroposofia, apenas quando somos capazes de tais atos nos é permitido uma conexão profunda com o divino (seja o que for o divino para você). Quando eu ouvi isso fiquei profundamente tocada.

Acho que é porque a coragem é atravessar uma porta do medo, é o corredor escuro quando éramos crianças, é o pulo no mar gelado, é aquele último suspiro antes de subir no palco, é a experiência de que somos os criadores da nossa própria vida, e aí está a nossa divindade.

Mas se coragem é tão importante e tão profunda, pois é uma conexão com o divino, um agir com coração, e tão fundamental para inovação, por que fala-se tão pouco nisso como uma competência? É porque falar de coragem é também falar de medo, e não queremos falar de emoções ou de vulnerabilidades. E, na minha opinião, nada é mais superficial do que tratar de inovação sem tratar dessas inteligências emocionais, comportamentos humanos e modelos mentais. 

"Se você temer o fracasso, também não permitirá que sua intuição ou sentimentos reais lhe guiem e lhe carreguem seguramente através da corrente da vida. Em vez disso, você impedirá, esmagará e bloqueará artificialmente seus sentimentos naturais", disse Pathwork em sua palestra Autoconfiança: Sua Verdadeira Origem e o que a Proíbe.

Assim como toda dualidade, a coragem e o medo andam lado a lado, e quando a gente os integra mais na nossa vida, quem sabe a gente avança para ser bem mais criador, criativo, protagonista, dono da nossa história para valer.

Mas o que tem a ver integrar coragem e medo? É que o medo existe e quem sabe sempre vai existir dentro de nós. Pessoas corajosas que são verdadeiros empreendedores têm medo também em algum aspecto, mas o medo não paralisa e não é maior do que o desejo de provocar mudanças, não é maior do que a paixão por revolucionar algo. Algumas frases famosas explicam bem isso como "está com medo? vai com medo mesmo!" ou "coragem não é ausência de medo mas a capacidade de enfrentá-lo".

Porque a grande verdade é que para termos mais coragem precisamos ter uma nova postura em relação a fracassos e medos. E no final de tudo, nós mesmos com nossos grandes medos somos nossas maiores barreiras para inovação.

Com objetivo de oferecer um ambiente real de inovação estamos há poucos dias do Festival Social Good Brasil, dias 31 de agosto e 1 de setembro, para mil pessoas presenciais em Florianópolis, capital da inovação, e muito mais ao vivo pela internet.

Carol Andrade

Mestre em gestão de Tecnologia e inovação pela University of Sussex (Inglaterra) e especialista em empreendedorismo pela FGV EAESP/Babson College (Estados Unidos), é cofundadora e diretora-executiva do Social Good Brasil

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