Empreendedor social brasileiro integra rede internacional que completa 20 anos

Método de humanização de presídios está entre as 11 iniciativas reconhecidas pela Fundação Schwab em 2018

Patricia Pamplona
São Paulo

O brasileiro Valdeci Ferreira, 56, que venceu o Prêmio Empreendedor Social em 2017, é um dos 12 Empreendedores Sociais do Ano eleitos pela Fundação Schwab. O anúncio foi feito durante a cerimônia de 20 anos da organização, ligada ao Fórum Econômico Mundial, em Nova York, nesta segunda-feira (24).

O mineiro difundiu a metodologia Apac (Associação de Proteção e Assistência ao Condenado) de presídios humanizados. Com 48 unidades espalhadas pelo país e 3.500 recuperandos –como são chamados os presos–, o trabalho já foi exportado para 19 países.

 

Ao seu lado neste ano estão empreendedores sociais de Quênia, África do Sul, Estados Unidos e Turquia entre outros, que atuam em diferentes problemáticas como refugiados, assessoria jurídica, educação e acesso à tecnologia em áreas rurais (veja mais abaixo).

Os vencedores do Prêmio Empreendedor Social no Brasil, realizado em parceria pela Folha e a Schwab desde 2005, passam a integrar a rede internacional de mais de 300 empreendedores sociais, representantes de mais de 60 países. 

"Nos últimos 14 anos, a Folha faz parte desta história, como parceira que seleciona os brasileiros que farão parte da rede internacional que promove o empreendedorismo social em todo o mundo", afirma Maria Cristina Frias, diretora de Redação do jornal. 

Desde o início da parceria, a Folha indicou 15 líderes de ONGs e negócios sociais que se somaram aos outros três brasileiros que já faziam parte da Rede Schwab.

LIÇÕES

Em comemoração às duas décadas da Fundação Schwab, a presidente e cofundadora da organização, Hilde Schwab, destacou três importantes lições sobre o trabalho de reconhecer empreendedores sociais. Veja abaixo:

1) Eles precisam de legitimidade e visibilidade internacional

Apesar de todo o barulho que ronda agora o setor, a maioria dos empreendedores sociais trabalham em relativa obscuridade. Em um cenário de mídia sobrecarregado, é difícil quebrar as barreiras e ter suas mensagens ouvidas. Perfilar empreendedores sociais nas sessões plenárias do Fórum Econômico Mundial com a presença de chefes de Estado e outros líderes importantes é o tipo de visibilidade que gera atenção da mídia e frequentemente leva a novos financiadores, investidores ou parcerias governamentais.

2) Apesar de um crescente setor, eles continuam cercados por conceitos errados que não contribuem

Empreendedores sociais combinam missão, dedicação e compaixão para servir pessoas de baixa renda ou marginalizadas com princípios do mundo dos negócios e as melhores técnicas do setor privado. Mas isso não significa que eles são heróis ou mártires nem que dirigem um negócio altamente rentável ou "fazem dinheiro em cima dos pobres". Esse tipo de pensamento ultrapassado e ideológico deve ser exilado nos livros de história enquanto procuramos soluções colaborativas e escaláveis para resolver os problemas socioambientais mais complexos de nossa era.

3) Eles precisam de uma comunidade de pares

Os empreendedores sociais da Fundação Schwab adoram participar do evento em Davos, que os dá acesso a líderes de grandes empresas e políticos. Mas o que eles realmente valorizam é a oportunidade de dedicar mais tempo com seus colegas empreendedores sociais, que integram uma comunidade unida. Eles celebram suas realizações, aprendem com seus sucessos e reveses e ajudam uns aos outros a se recuperarem fracassos devastadores. Em nossa comunidade, eles se sentem ouvidos, vistos e compreendidos –porque, claro, ninguém entende melhor seus altos e baixos tão bem quando um outro empreendedor social.

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.