A inovação social requer visionários em todos os setores, diz Hilde Schwab

Presidente da Fundação Schwab anuncia 3 categorias para mundo corporativo, academia e setor público

Eliane Trindade Patricia Pamplona
São Paulo

Ao completar 20 anos, a Fundação Schwab, que realiza o Prêmio Empreendedor Social ao redor do mundo, reforça a importância do ecossistema ao lançar três novas categorias no concurso, que reconhece empreendedores sociais em mais de 60 países (leia quadro ao lado). Em entrevista exclusiva à Folha, Hilde Schwab fala sobre o ecossistema no Brasil.

Hilde Schwab, presidente e cofundadora da Fundação Schwab para o Empreendedorismo Social, entidade co-irmã do Fórum Econômico Mundial
Hilde Schwab, presidente e cofundadora da Fundação Schwab para o Empreendedorismo Social, entidade co-irmã do Fórum Econômico Mundial - Adriano Vizoni/Folhapress

 

Quais são os principais marcos da Fundação Schwab nesses 20 anos? Começamos com menos de 30 dos principais empreendedores sociais já consolidados quando o conceito ainda era incipiente. Durante duas décadas construímos a maior comunidade de empreendedores sociais: mais de 350 fundadores e diretores-executivos de organizações que contribuem para a missão do Fórum Econômico Mundial de melhorar o estado do mundo.

Qual o papel do Fórum Econômico Mundial nesse processo? É preciso legitimidade e visibilidade internacionais. Empreendedores sociais da nossa rede regularmente participam do Fórum Econômico Mundial, em Davos, ao lado de líderes de Estado e importantes lideranças. Isso gera atenção da mídia e leva a novos financiadores, investidores ou parceiros governamentais. Também construímos uma comunidade. Eles celebram realizações, aprendem com sucessos e reveses e ajudam uns aos outros.

Como o empreendedorismo social ganhou espaço e relevância dentro do Fórum Econômico Mundial? Quando inauguramos a comunidade de Empreendedores Sociais no Fórum Econômico Mundial em 1998, o conceito e até mesmo o termo era novo, não tão bem compreendido. Ao longo dos anos, a comunidade cresceu em tamanho e relevância, com soluções inovadoras para alguns dos problemas mais prementes do mundo. Hoje, empreendedores sociais se envolvem em pé de igualdade com empresas e governos mais importantes do mundo para escalar ou replicar seus modelos ao redor do mundo.

Qual o sentido de lançar categorias na premiação? Reconhecer o fato que a inovação social requer líderes visionários em todos os setores. Há um interesse crescente de governos, negócios e universidades em desenvolver e fomentar suas abordagens em inovação social junto com empreendedores sociais. As novas categorias do prêmio irão permitir à Fundação Schwab engajar diretamente líderes de um ecossistema mais amplo e adotar colaborações mais profundas e de impacto.

Quais as contribuições dos brasileiros para a comunidade global da Schwab? Eles atacam alguns dos problemas mais urgentes do país, incluindo reabilitação de condenados, modernização do sistema educacional por meio do ensino digital e proteção da Amazônia. Carlos Pereira, da Livox, fornece tecnologia para que pessoas com deficiências possam se comunicar e aprender. Ele encontrou outros três empreendedores no Fórum Econômico Mundial e formaram parceria para levar o modelo para a Europa.

Como avalia o crescimento do ecossistema do empreendedorismo social no Brasil? Admiro os brasileiros que trabalham para fazer a mudança social acontecer em um contexto difícil. Vemos o ecossistema crescer, além de termos empresas, investidores, governos e organizações de mídia influentes olhando para modelos de sucesso.

O mundo se tornou um lugar melhor desde que o empreendedorismo social se tornou um movimento global? Sim! Empreendedores sociais são meus exemplos. Trabalham em contexto desafiador e até adverso. Persistem, mesmo diante de retrocessos e frustrações. E coletivamente têm transformado a vida de centenas de milhões de pessoas no mundo, fornecendo educação, oportunidade, meios de subsistência e dignidade. É uma das grandes alegrias de minha vida amplificar o trabalho desta comunidade global.


Fundação Schwab cria categorias em concurso global

Realizadora do Prêmio Empreendedor Social no mundo e parceira da Folha no Brasil, entidade amplia reconhecimento e representatividade de sua rede internacional

Intraempreendedor Social Corporativo

Identifica líderes de empresas que trabalham para desenvolver novos produtos, iniciativas, serviços ou modelos de negócios que visem desafios socioambientais e beneficiem populações de baixa renda, ao mesmo tempo que gerem retorno financeiro ou benefícios para as corporações

Intraempreendedor Social Setor Público

Reconhecimento de inovadores sociais como legisladores, responsáveis por políticas públicas, líderes de entidades governamentais ou mistas e de organizações internacionais que utilizam o poder empreendedorismo social para criar bem público com ferramentas e políticas adequadas

'Thought Leader' da Inovação Social

Premiação destinada a especialistas reconhecidos e respeitados, como acadêmicos, autores, desenvolvedores de ecossistemas e fornecedores de serviços técnicos, que contribuem para o conhecimento e a prática globais de empreendedorismo e inovação social

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