Estrelas da Globo homenageiam brasileiros que mudam realidades

Fagundes e Gianecchini se emocionam com cases em especial do Caldeirão do Huck que vai ao ar no sábado

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Rio de Janeiro

“O Brasil tem uma das cinco maiores populações carcerárias do mundo e tem muito o que aprender com você.” Assim Antonio Fagundes recebeu Valdeci Ferreira no palco do Caldeirão do Huck, para homenagear o homem franzino e determinado à frente da Federação Brasileira de Apoio aos Condenados (FBAC), que administra quase 50 prisões sem guardas e armas no país.

O ator citou Millôr Fernandes que dizia, em tom de ironia, que “o Brasil tem uma história de enorme passado pela frente”. “E essa piada horrível só não é verdade por causa de pessoas como você, Valdeci”, completou Fagundes, sobre o trabalho das Apacs (Associação de Proteção e Assistência aos Condenados), com índices de reincidência de 15% contra 85% no sistema prisional comum.

Estão abertas as inscrições no Prêmio Empreendedor Social 2019; participe

Vencedor do Prêmio Empreendededor Social 2017, Ferreira é um dos cinco brasileiros convidados a estrelar a terceira edição do Especial Inspiração, que vai ao ar no sábado (20), no Caldeirão do Huck na Rede Globo.

“Em geral, é o público que aplaude o elenco da Globo. Neste dia, invertemos isso e colocamos os artistas para aplaudir pessoas que estejam impactando suas comunidades”, explica Luciano Huck.

O apresentador convidou 21 curadores para indicar os casos inspiradores. Estrelas como Ana Maria Braga, Reynaldo Gianecchini e Fernanda Torres viraram coadjuvantes das histórias de transformação e engajamento social dos cinco homenageados desta edição, filtrados entre 85 casos.

O programa especial foi gravado na quinta-feira (11), no Projac, no Rio de Janeiro. A fábrica de sonhos da emissora se rendeu à realidade de projetos como o capitaneado pela educadora Margarida Minervina, homenageada por Fernanda Torres.

“Fiquei muito impressionada com a sua história. Você saiu do Piauí, chegou à capital do Brasil e forma não só alunos, mas também futuros professores, em um mundo onde o real progresso vem através da educação”, afirmou a atriz, ao apresentar o trabalho da Associação Despertar Sabedoria, na comunidade Sol Nascente, na cidade-satélite de Ceilândia (DF).

Fundada há 18 anos, a ONG atua no contraturno para levar reforço escolar e formação a crianças antes condenadas ao fracasso escolar.

“Desde 2014 vencemos a repetência e não tivemos mais nenhum estudante reprovado”, relata a educadora. Filha de agricultores analfabetos, ela construiu o projeto social a partir da dificuldades escolares do filho mais velho. “Muitas crianças passam pelo que ele passou e não têm apoio.”

Ver a sua trajetória contada na TV aberta, em um horário nobre da programação, ao lado de outros empreendedores sociais foi mais do que emocionante. “É saber que não estou só nesta luta. Foi importante ver a batalha e os resultados alcançados pelos outros homenageados. Recarreguei minhas energias e voltei pronta para continuar o meu trabalho.”

SEM FRONTEIRAS

Injeção de ânimo e de visibilidade também para Wagner Moura, fundador da Fraternidade sem Fronteiras, organização humanitária com sede em Campo Grande, que atua em Roraima, na Paraíba e na África, em países como Moçambique, Senegal, Madagascar, Malawi.

Desde 2009, 15 mil pessoas foram acolhidas pelos centros mantidos pela organização, em um sistema de apadrinhamento de R$ 50 por mês, suficientes para manter uma criança.

Dinheiro empregado na alimentação, cuidados com a higiene, atividades pedagógicas, culturais e formação profissionalizante.

“Todo mundo pode fazer um pouco. Às vezes, o necessário é apenas um sorriso, um olhar para o outro. Estamos aqui para aprender a amar e só vamos conseguir transformar o mundo agindo com o coração, dando o primeiro passo”, disse Reynaldo Gianecchini.

O ator testemunhou in loco o trabalho de Moura em Moçambique e foi convidado por Huck para traduzir a experiência no palco do Caldeirão.

Em abril de 2017, Gianecchini visitou o país africano que neste momento passa por uma nova tragédia humanitária após a passagem do ciclone Idai.

A viagem foi registrada em posts emocionados no Instagram. “Primeiro dia dessa oportunidade linda que a Fraternidade sem Fronteiras me proporcionou de poder me doar um pouco mais e receber tanto”, escreveu o ator para ilustrar imagens em que aparece cercado de crianças, distribuindo comida , furando poços artesianos e vendo aulas debaixo de árvores em aldeias moçambicanas.

Huck também se surpreendeu com o impacto da Fraternidade sem Fronteiras na África e no socorro a refugiados venezuelanos em Roraima, na fronteira do Brasil e Venezuela . “Ele achou que fosse a organização de algum bilionário americano e descobriu que era liderado por um brasileiro e quis me conhecer”, relata Moura.

A organização humanitária made in Brazil vive da solidariedade dos brasileiros em um modelo baseado em apadrinhamento. “Nunca tinha me imaginado no palco do Caldeirão, ao lado do Luciano que é também um empreendedor social e cumpre na tevê a missão de construir uma mentalidade mais fraterna no país”, emocionou-se Moura.

Foram homenageados ainda no Inspiração 2019 Rita Teixeira, do Movimento de Mulheres do Nordeste Paraense, e Sebastião Alves, do Serta (Serviço de Tecnologia Alternativa), com sede em Ibimirim (PE).

Ana Maria Braga deu as boas-vindas à Rita, que atua em 13 municípios do Pará. Ao promover capacitação para 60 grupos que fazem diversas atividades econômicas, a ONG aposta na autonomia financeira no combate à violência contra as mulheres.

O apresentador André Trigueiro foi convidado para celebrar o impacto da atuação de Alves, professor em um curso técnico de agroecologia, que cria e adapta tecnologias para o semiárido nordestino, de forma que o sertanejo não saia de lá.

CRIAÇÃO COLETIVA

Para Huck, o processo de criação coletiva do Especial Inspiração, com a participação de toda a equipe do Caldeirão, curadores e apoio da área de responsabilidade social da Globo, é um caminho para usar a força da TV aberta na geração de impacto.

“Plantamos uma semente que não fica restrita a um programa e colhemos frutos durante todo o ano”, afirmou o apresentador, em um bate-papo com os curadores.

“Foi uma grata surpresa estar em um programa da TV aberta, de grande repercussão e audiência, para mostrar um trabalho voltado para aqueles que feriram a sociedade. Nossa causa não tem o mesmo apelo que a de outros projetos que atuam com crianças, ecologia ou doentes”, comparou Valdeci Ferreira.

Para Huck, “a questão do presídios no Brasil é um nó”. O apresentador prometeu a Valdeci visitar uma das unidades prisionais, onde os detentos têm as chaves da cadeia.

Cenário desafiador onde brotam histórias de um Brasil esquecido, capazes de emocionar um público que vai encontrar bem mais que entretenimento ao sintonizar o Caldeirão do Huck nas tardes de sábado.

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