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José Dias

Solidariedade: o caminho para a sustentabilidade de causas sociais

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Você já parou para pensar o quanto você pode ser importante para a solução de problemas sociais? Pare, pense e faça a sua parte. Escolha uma causa social e faça sua doação. Você verá que a partir dela, muitas pessoas terão seus sonhos realizados, muitos obstáculos poderão ser vencidos, muitas vidas poderão ser transformadas

Eu atuo em uma organização social no interior da Paraíba, no município de Teixeira, denominada Centro de Educação Popular e Formação Social.

Organização essa com mais de 30 anos de atuação no âmbito da captação e manejo de água de chuva para o consumo humano e para a produção de alimentos saudáveis e outras temáticas ligadas ao meio ambiente e biodiversidade.

Ao longo desses mais de 30 anos pude perceber o quanto é forte a solidariedade entre as pessoas, principalmente entre os mais simples, nos momentos mais difíceis.

Essa evidência aliada a conhecimentos que tenho adquirido em cursos que venho participando sobre captação de recursos, consultoria etc., ministrados pelo consultor Marcelo Estraviz, tem me evidenciado que a sustentabilidade das organizações da sociedade civil está na própria sociedade civil. 

Somos mais de 200 milhões de brasileiros com a chance de abraçar uma causa social e, assim, possibilitar que muitos dos problemas existentes, abordados pelas organizações da sociedade civil possam ser resolvidos, possam ter possibilidades de construir caminhos para a superação.

Um exemplo que posso dar é a campanha "Abrace o Semiárido", desenvolvida pelo CEPFS em 2018 para  possibilitar a construção de cisternas para captação de água de chuva para o consumo humano, com foco em famílias carentes.

O processo de mobilização desenvolvido localmente possibilitou que o município de Teixeira, com pouco mais de 15 mil habitantes, ficasse atrás —do ponto de vista de número de doadores— apenas de grandes centros urbanos, como São Paulo, Nova York, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

É, sem dúvida, uma demonstração clara de que quando as pessoas abraçam uma causa, por meio da solidariedade, muitas barreiras poderão ser superadas, muitas mudanças na qualidade de vida das pessoas podem acontecer.

Partindo dessa compreensão, precisamos sensibilizar, cada vez mais, brasileiros e brasileiras a despertar para esse grande potencial que é a doação de pessoas físicas com foco na promoção do desenvolvimento de iniciativas sociais.

No Brasil e no Nordeste, em particular, muitas coisas já mudaram para melhor, mas, ainda há muito a fazer, de modo a possibilitar vida digna, cidadania, educação, saúde, etc.

O uso eficiente dos recursos públicos é sem dúvidas um caminho, mas não se pode desprezar que há, também, o importante caminho que é a cooperação a partir de doações de pessoas físicas.

Essa segunda possibilidade pode inclusive garantir maiores condições às organizações para efetivamente atender as reais necessidades do público, já que não se trata de um recurso engessado, carimbado.

Com ele será possível atender o real sonho de uma família de ter uma cisterna, por exemplo, mas também pode ser o sonho de fazer uma reforma em sua casa, de colocar seu filho em uma escola ou creche, de se capacitar para o empreendedorismo, de resolver a maior de suas necessidades. Com o recurso público, isso não é possível, visto que necessariamente tem que ser destinado, apenas, a demandas previamente definidas.

Evidentemente, para garantir que a solidariedade entre as pessoas seja ampliada e se torne cada vez mais um caminho de sustentabilidade para as organizações da sociedade civil, é fundamental e indispensável que haja transparência no processo de gestão, com efetiva participação do público a que se destinam os recursos e a divulgação dos efeitos obtidos a partir das iniciativas desenvolvidas.

Doar é preciso, pense nisso!  

José Dias

Formado em ciências econômicas, é coordenador e captador de recursos do Centro de Educação Popular e Formação Social (Cepfs). É empreendedor social da Ashoka e da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais.

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