A primeira edição do Festival ODS chega a São Paulo nesta quarta-feira (13), transformando a Biblioteca Mário de Andrade, das 8h30 às 18h, na nova sede temporária dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Interessados em participar das atividades podem se inscrever gratuitamente até 12h desta terça-feira (12).
A realização é da Agenda Pública, organização especialista em aprimoramento de serviços públicos, e da Estratégia ODS, coalizão que reúne organizações da sociedade civil, do setor privado, governos locais e academia para ampliar e qualificar o debate sobre as 17 metas da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).
Com cofinanciamento da União Europeia, o Festival ODS é gratuito e contará com um dia inteiro de programação, composta por debates, talk shows, oficinas práticas e vivências.
A ideia das oficinas, que têm vagas limitadas, é fazer com que os participantes possam compreender o que soluções que estão funcionando com êxito têm em comum e como podemos aprender com elas.
Os temas norteadores são habitação, crescimento econômico inclusivo e territorialização dos ODS nos municípios, ou seja, a adaptação dessa agenda de forma prática.
Já os debates vão abordar soluções de problemas complexos a partir de casos reais de cidadãos, com foco em urbanismo e bem-estar nas cidades, redução de desigualdades socioterritoriais, saneamento básico e tendências tecnológicas que serão capazes de impulsionar, nos próximos dez anos, o caminho rumo às metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
inovações locais
A Penha é um dos distritos mais tradicionais da cidade de São Paulo. Quem anda por suas ruas observa templos de diferentes religiões e uma arquitetura que preserva construções do século 19. Ao mesmo tempo, andar por suas ruas é um enorme desafio, devido ao fluxo intenso de carros e itens urbanos de segurança que deixam a desejar.
A rua Doutor Campos Moura, próxima à estação Artur Alvim do metrô, se tornou um contraste positivo nesse cenário da zona leste. O local recebeu em agosto uma intervenção da Iniciativa Bloomberg para Segurança Global no Trânsito.
O resultado até o momento foi uma queda de 42% no número de pessoas caminhando fora das áreas de segurança e 67% de aprovação dos moradores em relação às modificações, como nove novas faixas de pedestres e uma praça pública remodelada com cores e plantas, agora usada quase dez vezes mais pela população para lazer.
Batizada de Projeto Conviver Penha, que a princípio duraria dois meses e a subprefeitura tornou permanente, a iniciativa será um dos cases apresentados no primeiro Festival ODS.
"Será uma experiência de solução de problemas que vão muito além dos temas ambientais, que é o que parte das pessoas associa quando falamos em desenvolvimento sustentável. Estamos falando de emprego, segurança pública, transformação da economia, da qualidade de vida das pessoas e dos serviços públicos", diz o cientista político Sergio Andrade, diretor da Agenda Pública e membro da Rede Folha de Empreendedores Socioambientais.
Para ele, é fundamental destacar soluções que têm surgido para resolver problemas complexos por meio da coprodução de soluções entre público, privado e cidadãos.
"Não se trata de uma abordagem ingênua que recomenda que todos trabalhem juntos, mas da construção de modelos de governança e de organização de trabalho, para conquistarmos um maior bem-estar, mesmo em tempos de crise. Os ODS trazem ferramentas que possibilitam otimizar recursos, construir visão comum, construir confiança e trabalhar com evidências internacionais para solucionar dilemas públicos."
Construção coletiva
O foco da Iniciativa Bloomberg são projetos de transformação de ruas para redistribuir o espaço viário, tornando-o mais seguro para todos os usuários, em especial pedestres, ciclistas, passageiros do transporte coletivo e motociclistas. Antes de colocar em prática a estratégia urbana, os moradores são ouvidos, ajudando a mapear os principais problemas da região e participando ativamente das mudanças.
Piracicaba, cidade do interior paulista, será outro case do Festival ODS. O município foi classificado pelo terceiro ano consecutivo como melhor saneamento básico do Brasil, de acordo com o ranking ABES da Universalização do Saneamento de 2019.
"É fruto de duas décadas de trabalho, de investimento e muita articulação entre Prefeitura, Câmara Municipal e entidades da sociedade civil que compreenderam e apoiaram as parcerias com empresas privadas para que, ao longo do tempo, Piracicaba se tornasse sustentável", diz o prefeito Barjas Negri (PSDB).
Segundo o Instituto Trata Brasil, 35 milhões de brasileiros não contam com água encanada em suas casas e 100 milhões não possuem coleta e tratamento de esgoto.
"Temos 58 estações elevatórias de esgoto, 25 estações de tratamento de esgoto, um centro de reciclagem de matérias e uma usina de tratamento de resíduos e aterro de resíduos moderno e adequado ambientalmente", destaca o prefeito. Entre os benefícios que o saneamento básico traz estão redução de doenças, valorização imobiliária e geração de emprego.
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