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Crescem doações de máscara com a obrigatoriedade do uso

Empresas e ONGs se unem para promover doações e vendas solidárias

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São Paulo

Com a obrigatoriedade do uso de máscaras nos transportes públicos do estado de São Paulo e em vários outros estados, surgem novas iniciativas de doação e comercialização solidária do item de proteção individual.

O BTG Pactual e a Alupar doaram R$ 2 milhões para a distribuição gratuita de máscaras de pano nas estações da CPTM, em apoio ao projeto da Secretaria de Transporte do Estado de São Paulo.

Para beneficiar o maior número de pessoas com a ação e fomentar o emprego, grande parte das máscaras foram compradas de pequenos produtores, como cooperativas de costureiras de comunidades, ONGs especializadas e peças feitas em presídios.

"Seguimos colaborando com diversas ações voltadas à saúde e à sociedade. Aumentamos o número de hospitais apoiados de seis para 16, e o número de projetos sociais de 20 para 30. Com isso, já conseguimos ajudar mais de 430 mil pessoas", conta Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual, que doou R$ 50 milhões para minimizar os impactos da Covid-19.

Já a Panasonic fará a distribuição de máscaras em TNT duplo, conforme orientação do Ministério da Saúde, no Hipermercado Extra Jaguaré, no Butantã, em São Paulo. Cerca de 10 mil unidades serão entregues a quem passar pelo local, aos sábados e domingos, durante o mês de maio.

"Desde o início da pandemia, nos unimos para pensar o que poderíamos fazer e como poderíamos ajudar. Chegamos à conclusão de que temos meios para cumprir nosso papel social, buscando proteger não somente nossos colaboradores e suas famílias, como também os profissionais de saúde que estão na linha de frente ", diz Sergei Epof, diretor executivo da Panasonic do Brasil.

Entre as iniciativas da companhia japonesa estão doação de pilhas para uso em aparelhos médicos durante os próximos três meses para o Hospital de Campanha do Pacaembu, administrados pelo Hospital Israelita Albert Einstein, e para 12 unidades do Sancta Maggiore - Prevent Senior.

A Panasonic também forneceu uma tonelada de polipropileno (PP) para a fabricação de máscaras face shield, para ajudar no combate à pandemia.

A doação foi feita em parceria com a ABINFER (Associação Brasileira da Indústria de Ferramenta) e a distribuição das máscaras foi feita sob a responsabilidade da Defesa Civil de cada estado, a partir de triagem de hospitais de acordo com necessidades locais.

O fato de a pandemia inserir as máscaras faciais de proteção no cenário das ruas e estabelecimentos comerciais do país é uma oportunidade para costureiras e artesãs, que sofrem o impacto econômico da crise.

Para suprir uma necessidade e apoiar as artesãs, a Rede Asta – negócio social que há 15 anos atua no nicho do feito à mão e transforma artesãs em empreendedoras pelo país – lançou uma plataforma de compra e venda.

É um localizador que permite encontrar costureiras que produzem as máscaras de tecidos em 170 cidades brasileiras. Ao todo, são 800 costureiras e artesãs cadastradas, com maior concentração na região sudeste do país. Basta acessar o link https://www.redeasta.com.br/localizador-mascara.

“Nossa rede sempre apoiou as mulheres artesãs na geração de renda. São muitas vezes a única pessoa da família a ter uma renda. Por isso, estão sofrendo o impacto direto com a pandemia muitas passando necessidades”, diz Alice Freitas, cofundora da Rede Asta, integrante da Rede Folha de Empreendedores Sociais.

A plataforma está aberta para beneficiar 10 milhões de artesãs brasileiras, segundo a Asta. “Reunimos nesta ferramenta uma parcela delas, mas outras ainda podem entrar”, explica Alice.

Segundo ela, o perfil da artesã que compõe a rede é de mulheres entre 40 a 60 anos, das classes C e D, 80% são a única fonte de renda da família. Cada uma produz em torno de 60 máscaras por dia, de tecido e estampas variadas.

“É importante destacar que a plataforma não é e-commerce, mas uma geolocalização, pela qual as pessoas e as empresas podem encontrar as costureiras mais próximas e fazer a encomenda diretamente a elas”, diz Alice.

Para o consultor do Sebrae no Paraná, Tiago Correia da Cunha, a obrigatoriedade do uso de máscaras abriu novas oportunidades para empresas de confecção. “Elas se tornaram não apenas um item de segurança, mas também de moda, com estampas e tecidos diferentes”, explica.

Segundo o consultor, diante da crise, os empreendedores demonstraram capacidade de reinvenção e inovação nos processos. Ele cita o caso da artesã Jociane Boratto Monteiro, de Ponta Grossa (PR), que começou a produzir as máscaras em fevereiro, estimulada por uma cliente que atua na área da saúde.

Ela viu as vendas de seus produtos como porta fraldas, chinelos, panos de prato, entre outros, despencarem e passou a produzir as máscaras utilizando tecidos do estoque. Buscou modelos na internet e divulgou as máscaras nas redes sociais.

“Recebi um grande número de pedidos e nas redes sociais tive mais de 13 mil visualizações. Até o momento, já foram quase 800 máscaras comercializadas, com pedidos até de outros estados. Outras quatro costureiras me ajudam para dar conta da demanda”, relata a artesã.

Profissionais de outras áreas e sem experiência na produção de confecções também tornaram a produção de máscaras um negócio do momento.

Em Pato Branco, as vizinhas Bárbara Gaio, cerimonialista, e Elisa Ortigara, diarista, começaram a produzir em uma máquina de costura antiga máscaras para consumo próprio.

As amigas já venderam mais de 500 máscaras com duas ou três camadas e até mesmo personalizadas, com rendas ou cristais. Com o lucro obtido, elas puderam adquirir uma máquina de costura nova e passaram a produzir outros modelos, como patchwork e para bebês.

A responsabilidade social também está presente no novo negócio. Elas já doaram máscaras para um albergue e preparam um lote para um asilo de idosos.

A ONG Orientavida, localizada em Potim (SP), na região do Vale do Paraíba, está direcionando todo o seu trabalho na confecção de máscaras de proteção reutilizáveis contra o novo coronavírus, ajudando a gerar renda para a população da região.

Isso porque a maior parte das famílias de lá vive de atividades informais ligadas ao turismo religioso da cidade de Aparecida —com o fechamento temporário do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, essas famílias sofrem com a falta de trabalho.

A ONG recruta mulheres da região e as ensina sobre técnicas de moldes, costura e higienização. Mais de cem mulheres já foram capacitadas e o objetivo é treinar 200 até o fim de maio. Do início do projeto até agora, foram produzidas mais de 20 mil máscaras. A estimativa é que a venda de 800 peças gere renda para uma família por um mês.

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