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Daniel Izzo e Arthur Esteves

Teoria da Evolução: negócios e investimentos devem se adaptar para sobreviver

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A cada mês que se passa, aprendemos um pouco mais sobre esta crise. Estamos vivendo um processo de adaptação que deverá definir muito da forma como viveremos e dos valores que carregaremos como humanidade no futuro.

Até o final de fevereiro, nos organizávamos de tal maneira que, pode-se dizer, se afastava do conceito de vida. Herdeiros de uma visão antropocêntrica e mimados pela ascensão individual, estruturamos e abusamos de uma economia voltada para a satisfação imediata dos nossos desejos, confundindo riqueza material com prosperidade.

A partir dos meses de março e abril, observamos algumas reações quase instintivas a este novo cenário: fomos testemunhas de muitas pessoas se mobilizando para colaborar em função de um propósito comum ao invés de competirem entre si, mas também vimos outras pessoas acentuarem ainda mais seu individualismo, como mecanismo de defesa para se salvarem.

A soberba do indivíduo se colocou em xeque diante de uma ameaça à nossa sobrevivência e, com isso, duas atitudes começam a emergir: a humildade de dar um passo para trás e adotar uma visão biocêntrica, reconhecendo que o conceito de vida é compartilhado e vai além da nossa própria, ou a reação individualista que agarra com unhas e dentes a mesma visão que nos trouxe até aqui.

Quando falamos de investimentos, essa visão exclusivamente materialista, que não se preocupa com a nossa sobrevivência no longo prazo, fez com que grande parte do capital fosse alocado em produtos financeiros e projetos que não são essenciais para apoiar a condição humana.

São alocações que veem tudo o que não é financeiro como uma “externalidade”, colocando sociedade e planeta em risco. A grande questão é que, a partir da crise, esses investimentos também estão sofrendo para entregarem os retornos financeiros prometidos.

A verdade é que a crise tornou mais evidente que o olhar que prioriza o indivíduo sobre o coletivo é o mesmo olhar que prioriza o retorno sobre o impacto gerado, quando, na verdade, priorizar um sobre o outro é tentar trazer uma resposta concreta para um paradoxo de quem vem antes, o ovo ou a galinha.

O humano e a natureza, o indivíduo e o coletivo, e o retorno e o impacto coexistem tanto no curto quanto no longo prazo, é impossível fazer uma dissociação entre esses pares. Hoje, já estamos observando evidências do sucesso dessa visão mais sistêmica, que não exclui nenhum dos dois lados da equação.

Fundos que visam impacto social e ambiental junto ao retorno financeiro estão demonstrando maior resiliência e, em alguns casos, apresentando resultados financeiros mais robustos que fundos tradicionais. Isto não é por acaso, isto é sinal de uma evolução da sociedade ao enxergar o conceito de vida sob um novo paradigma.

A partir deste novo olhar, o “valor” também recebe um novo significado. É indiscutível que negócios precisam crescer e dar retorno, e isso já sabemos fazer muito bem. O que ainda precisamos aprender é como usar as mesmas ferramentas para gerar valor real para a sociedade.

Setores da economia que entregam serviços básicos e fundamentais para a população em geral, como saúde, educação, serviços financeiros, entre outros, são exemplos de setores que podem crescer muito em impacto e em relevância para a melhoria da nossa qualidade de vida, quando essa visão mais ampla é aplicada. Entendemos que, hoje e no futuro, trabalhar por maior impacto positivo é trabalhar por maior retorno, pois aumentamos nossa relevância para a sociedade.

Então, o desafio que se impõe é gerar impacto sem deixar de lado o retorno. Aqui na Vox Capital, estamos avançando e desenvolvendo novas ferramentas, como o Impactômetro, para mapear esse novo território de maneira transparente e colaborativa.

Precisamos fazer com que a dor e o luto que estamos passando com a crise sirvam para nos mover para um futuro melhor, mais colaborativo e com menos “externalidades” indesejadas. Acreditamos que o momento está trazendo a necessidade de uma nova forma de fazer negócios e investimentos. E, como aprendemos com a Teoria da Evolução: quem não se adaptar não sobreviverá.

Daniel Izzo

CEO da Vox Capital, gestora pioneira de investimentos que oferece soluções financeiras competitivas que valorizam a experiência humana e o planeta.

Arthur Esteves

Gestor de ativos intangíveis na Vox Capital.

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