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Valdir Cimino

O papel do contador de histórias: acolhimento durante a quarentena

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Valdir Cimino

Fundador e conselheiro administrativo da associação Viva e Deixe Viver e professor de Comunicação e Audiovisual da Faap. Integra a Rede Folha de Empreendedores Socioambientais.

O coronavírus chegou para mudar a rota do planeta. O comportamento do ser humano teve que se adaptar à tecnologia da noite para o dia. Dessa forma, estamos, sim, na era da responsabilidade pessoal para a produção de humanização via telinhas e telonas.

Nós, da Associação Viva e Deixe Viver (Viva), exercitamos desde 2016 a humanização da tecnologia por meio do ensino continuado a distância para nossos colaboradores, afiliados e mais de 1.200 contadores de histórias voluntários, que atuam em 86 hospitais do país.

No entanto, também foi necessário nos adaptarmos a essa nova realidade. Como medida de prevenção e em nome da santa ciência, nossas atividades presenciais foram suspensas.

Para continuarmos com o nosso propósito, tivemos que nos reinventar e buscar estratégias para estar próximos de nossa rede. Ela impacta, anualmente, mais de 220 mil cidadãos, sendo 62 mil crianças de até 6 anos. Esse público inclui voluntários, parceiros, funcionários, crianças, adolescentes, pais e mães, hospitais e escolas.

Por conta disso, ampliamos nossas atividades no ambiente digital que, neste período de quarentena, chamamos de tempo do conhecimento. Agora, os canais de comunicação da Viva –site, Instagram, Facebook e YouTube— contam com dicas de especialistas sobre prevenção ao Covid-19, informações oficiais do Ministério da Saúde, da Organização Mundial da Saúde e de comissões de infectologia dos hospitais parceiros, com o objetivo de informar a população por meio de dados concretos de fontes confiáveis.

Também estamos engajados com o objetivo de possibilitar a presença da contação de histórias no ambiente familiar, garantindo aprendizagem, afeto e diversão para todos.

Para isso, as “Domingueiras de Histórias” que aconteciam no Parque Trianon, na região da avenida Paulista, em São Paulo, agora são online. Com isso, um incrível efeito imediato desse movimento se deu na comunicação da nossa rede de voluntários. Antes da Covid-19, eles exerciam esse papel em suas respectivas praças, cada um no seu quadrado. Hoje, esse conjunto se reconhece como “nós”. Temos a força da interdependência para que continuemos a defender nossa causa: uma sociedade construída com base em relações humanizadas.

Temos que ser empáticos, humanos e admitir que, nesse momento, todos os recursos podem e devem ser usados. A contação de histórias socializa e desempenha papel essencial no sentido de mostrar a importância de saber partilhar, cooperar com o outro, comunicar-se e relacionar-se em diferentes situações, desenvolvendo o respeito a si mesmo e ao próximo.

Também criamos o Viva Personas, um projeto especial com o apoio de artistas e personalidades de diversas áreas, que se juntaram a nós para levar conforto e carinho às crianças e adolescentes hospitalizados, além de sensibilizar suas famílias, contadores de histórias, classe médica e a sociedade de maneira geral.

As histórias podem ser acompanhadas por meio do nosso portal Bisbilhoteca Viva, que, desde 2017, oferece diversos conteúdos culturais, em formato virtual, gerados a partir de materiais da Associação como livros digitais, músicas, vídeos de histórias e jogos interativos.

Além disso, estamos participando efetivamente de ações que contribuem para o bem-estar de filhos de médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, técnicos e demais profissionais de saúde, que atuam na linha de frente do combate ao coronavírus, levando a contação de histórias, de forma online, para as crianças que estão apartadas da companhia de seus pais.

Vale ressaltar também que a Viva Eduque, espaço criado pela entidade para a difusão cultural, educacional e gestão do bem-estar para a sociedade, conta atualmente com extensa programação online de eventos, workshops e cursos com sistema de ensino a distância.

Com essas atividades, continuamos nossa missão de contribuir para um mundo mais humano, colaborativo e cuidadoso, sempre com imaginação e criatividade para aproveitar as ferramentas que temos no momento, fazendo o melhor a partir disso.

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